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Era tarde, sua nuca latejava como nunca, a escuridão quase tomava conta do seu pequeno quarto, sendo impedida pela luz da lua, enquanto a brisa gelada soprava contra seu rosto da janela aberta.

Sem sono era como você estava, as suas madrugadas no QG do reconhecimento são sempre assim. A solidão noturna e os sons dos galhos das árvores se debatendo e rangendo são sempre sua companhia.

Às vezes você só quer se deitar e esquecer que nasceu neste mundo endemoniado. Seus olhos pesam observando a vasta vista da paisagem dos campos límpidos e cheios de gramas esverdeadas, mas ainda assim a maldita enxaqueca ainda incomodava.

Se levantando da cama em um pulo, vestiu seu uniforme do esquadrão e escovou seus cabelos em um penteado bem preso.

Passando pelos corredores vazios daquele grande departamento, escancarando a porta de entrada, logo saindo por ela, você conseguiu ouvir os galhos assobiarem com a ventania.

Andando sem rumo pela pastagem a volta do enorme QG, você avista uma silhueta apoiada em uma árvore longe dali. Estava bem distante mesmo.

Apertando levemente os olhos, você a viu com um livro em mãos, fechado aparentemente, a cabeça tombada para o lado e cabelos dourados que agora brilhavam como puro ouro contra a luz noturna.

Sorrateiramente, você se aproximou e abaixou-se ao lado daquela pessoa, apoiando uma de suas mãos em seu ombro, acordando quem seja.

— Está tudo bem com você? Por que está aqui fora nesta friagem? — Questiona, vendo a pessoa despertar lentamente.

— Eu... Apenas queria esclarecer meus pensamentos mas acabei adormecendo, nada de mais, não se preocupe. — Você desceu o olhar para o símbolo das asas da liberdade pregado em sua camisa branca, não se lembrava de ter visto por aqui.

— Você faz parte do esquadrão de reconhecimento? — Você indagou apontando para o brasão da vestimenta do loiro.

— Hum? Ah, faço sim. — Ele ajeita o tal livro em seu colo e a encara — Eu nunca vi você por aqui antes... Entrou este mês? Fiquei sabendo que novos recrutas foram aceitos.

— Não...? Eu faço parte do esquadrão há três meses, pelo visto entrei apenas um mês antes que você. Acontece que eu só participo das aulas de luta corpo a corpo.

— Haha, essa é a única aula que eu não participo.

A conversa parece fluir normalmente com vocês, como se fossem amigos de anos. Mesmo que ele pareça ter uma personalidade introvertida.

— Armin Arlert. — O garoto - que agora estava de pé - estendeu a mão para você. E você assente, se segurando nele com as duas mãos.

— [Nome] Lowell. — Você sorri fechado — Acho melhor voltarmos... Se o Levi nos pegar aqui, não sei o que ele fará com nós dois.

Vocês começam a caminhada de volta para o QG, você achou tão engraçado como o Arlert conversa, sua voz, o jeito tímido, e como ele fala sobre seus amigos. Por um momento você se sentiu um pouco feliz desde que se mudou para o exterior.

— Bom, nós nos separamos aqui, foi bom conversar com você Armin. Você é muito simpático. — Você sorriu levemente para o loiro, mas dessa vez quem estendeu a mão foi você.

Assim que sua pele entrou em contato com a de Armin, um choque intenso percorreu por sua espinha, um clarão se fez presente e você se viu em um campo. Completamente deserto a sua frente.

Piscando algumas vezes confusa, você olhou para trás, se deparando com uma casa, uma casa simples. Uma mulher grávida estava sentada em uma cadeira de balanço feita de madeira.

Seu rosto parecia infeliz, sua feição de nojo se fazia presente enquanto acariciava a sua barriga saliente.

Um homem, de estatura mediana, atravessou a porta de entrada se sentando em frente à grávida, oferecendo uma dose de, aparentemente, chá.

A mulher entortou o nariz, e então você percebeu que estava dentro da varanda com o casal, "Como diabos parei aqui?" você pensou. Os dois pareciam não notar sua presença, além de que ambos não apresentavam ter face. E então um cheiro forte de sangue se fez presente, logo a mulher começou a encarar você de uma forma sinistra. Mesmo sem ter olhos.

O seu redor desapareceu, tudo virou uma completa escuridão, sua roupa agora estava ensopada de sangue, e você estava com seu DMT equipado, que também estava coberto de sangue.

Armin largou o livro em cima de uma estante do corredor, e começou a chacoalhar o seu corpo, para que você voltasse à realidade.

— [Nome], está tudo bem? Você ficou encarando o nada... — O loiro segurava seus ombros, franzindo a testa.

— Está! Está tudo bem, não se preocupe. Apenas me lembrei de algo importante para fazer. — Recuou meio sem graça, colocando um dos braços atrás do corpo.

— Foi bom conversar com você [Nome], espero que a gente consiga se ver de novo! Até mais.

Armin sorriu largo, acenando para ir embora, se virando e indo em direção a seu dormitório. Você ficou sem graça pelo elogio, mas voltando o olhar para o lado, viu o livro que o Armin carregava, pegando-o e levando consigo. Voltando ao seu quarto. Talvez devolveria pra ele outro dia, certamente.

Embora estivesse sem sono, a dor de cabeça havia passado, sentando no pé de sua cama, você tirou as botas de couro e as colocou em algum canto.

Segurando o livro do garoto, você folheava as páginas, parando em uma que chamou atenção, uma ilustração de um campo florido. Era lindo, essas flores têm o nome de Tulipa, e segundo a descrição delas, elas são de cores variadas.

O que mais te chamou a atenção foram as vermelhas, as únicas que eram coloridas na página, era um retrato tão bem feito. Você ficou um bom tempo admirando as flores, até seus olhos arderem em sono de repente, deixou o livro de lado e se deitou. Deixando o cansaço tomar conta de seu corpo.

ℭ𝐄𝐋𝐄𝐒𝐓𝐈𝐀𝐋, 𝗌𝗁𝗂𝗇𝗀𝖾𝗄𝗂 𝗇𝗈 𝗄𝗒𝗈𝗃𝗂𝗇Onde histórias criam vida. Descubra agora