ℭ𝐄𝐋𝐄𝐒𝐓𝐈𝐀𝐋 ⋆ 𝖾𝗋𝖾𝗇 𝗒𝖾𝖺𝗀𝖾𝗋

31

Sozinha, você estava em pé no topo de uma colina, assistindo a lua na noite tranquila que se formava. As nuvens estavam espalhadas pelo céu, que ainda tinha vislumbres resquícios do pôr do sol. O ar estava frio, te fazendo tremer ligeiramente, mas você mal percebeu isso, já que suas lágrimas começavam a escorrer por suas bochechas silenciosamente. Observou as cabanas que haviam ali no pé do morro, que são dos refugiados da guerra, e viu o mesmo menino de mais cedo ali, com um homem bem mais velho que ele.

Na verdade, você não tinha que estar ali agora, a reunião na casa dos Azumabito ainda acontecia e sua participação era essencial, mas você simplesmente não aguentava mais escutar a mesma coisa. Escutou todos esses últimos meses de treinamento o quão sangue frio teria que ser dali em diante, escutou como deveria matar pessoas, ou torturá-las em certas situações.

Claro, você é um soldado, é óbvio que isso iria acontecer alguma hora. Mas como tudo desandou tão rápido? Como Marley descobriu que você era portadora dos dois titãs que eles mais queriam?

Bom, claro, eles tinham o Zeke.

Há dois anos atrás, o Bestial apareceu em Paradis novamente. Mas não foi para causar nenhuma destruição, por incrível que pareça, ele queria um acordo. Sua vida em troca da liberdade de Eldia. Sem pensar você aceitou, mas o reconhecimento negou totalmente a ideia.

Afinal, quem você achava que era?

Eles queriam sim a liberdade, mas em troca de uma vida importante? Não podiam confiar em Zeke, afinal, que confiança ele passava depois de tudo que fez? Nenhuma, é claro. Desde então nunca mais ouviram falar dele novamente.

O primeiro a perceber sua ausência na sala da reunião foi o Eren, que saiu da mansão sutilmente. Ele demorou para achar você, só te encontrou quando viu a sua silhueta de braços cruzados no alto de uma colina, de costas para ele. Parecia estar observando o céu estrelado.

— [Nome]! Todo mundo tá procurando por você! - Ele correu na sua direção, e assim que ele parou do seu lado você foi rápida em limpar os olhos. Mas ele nem percebeu seu choro, pois desviou o olhar para as cabanas ali. — É o garoto do mercado, aconteceu alguma coisa com ele?

— Ainda não aconteceu nada.

— O que quer dizer com-

— Eren... Por que você se preocupa tanto comigo? - você ignorou a pergunta que ele iria fazer, inclinando um pouco a cabeça para olhá-lo. — Foi porque eu salvei você naquele dia da titã fêmea? Você acha que somos apenas amigos? - se virou completamente, aproximando um pouco mais seus corpos. — O que eu sou pra você?

A sua última frase ecoou na cabeça do moreno de forma repetitiva, era fato que ambos sentiam algo um pelo outro, mas sentiam o que? Vocês não faziam nem questão de demonstrar alguma coisa, no fundo já sabiam que alguma coisa acontecia dentro dos seus corações, mas também precisavam de uma confirmação. Não queriam ficar nisso para sempre.

— Tudo que eu preciso. - o Eren demorou alguns segundos mas respondeu sério, até de mais. Depois que ele assimilou o que disse, e ainda de brinde não teve nenhuma reação da sua parte, a mente dele começou a entrar em pânico. — Ahn... Mas eu entendo se-

Você puxou o rosto dele pra perto sem muita delicadeza, conseguindo sentir suas respirações se fundindo, ambos se sentindo em êxtase. E então você juntou seus lábios nos dele sem muita enrolação, deslizando as mãos até a nuca dele. Este que rodou os braços na sua cintura um pouco desajeitado.

Por mais que essa seja a primeira vez que vocês tenham um contato íntimo, parecia que já tinham feito isso centenas de vezes. O nervosismo que os dois sentiam já não existia mais, suas bocas funcionavam tão bem juntas, o toque de vocês era tão ameno que não parecia ser suficiente. Toda a ansiedade se transformou em conforto, deixando o beijo lento e suave.

Se separaram com os lábios avermelhados, processando o que tinham acabado de fazer. Quando você deixou um sorriso tímido escapar, o Eren pode sentir todo o estômago dele gelar, você realmente estava mais bonita do que o normal.

— Ei! Que droga você pensa que tava fazendo, [Nome]!? - vocês se assustaram com a voz repentina do Connie, logo atrás estava Jean, Sasha, Mikasa e Armin. — Você é burra!?

— Bem na hora. - você o ignorou, dando as costas e saindo dali. — O avô daquele garoto veio me agradecer por aquelas moedas que o menino pegou, e acabou cedendo a casa dele para passarmos a noite. - os outros seguiam atrás de você para a direção das cabanas. — E eu aceitei.

— Você tem que parar de aceitar tudo que for proposto pra você, [Nome]. - Armin disse preocupado.

— Não tenho não.

— É, ela não tem não - Sasha defendeu. — Quem sabe a comida desse povo daqui é gostosa...

— Caipira gulosa! - o Springer vociferou atrás de vocês, puxando o cabelo da Braus. — Uma hora dessas a gente vai acabar morto por causa da [Nome] e essa aceitação de propostas.

— Disse o que aceitou dormir sem roupa no terraço do prédio do reconhecimento só pra não lavar a louça do café no outro dia.

— Casos a parte, garota, casos a parte.

As implicâncias só pararam quando chegaram na tenda do homem que os convidou, e foram muito bem recebidos lá. Ele os colocou para dentro, levando-os até o centro da casa, onde o chão estava forrado e havia vários pratos de comida e garrafas de cerveja organizados.

O grisalho serviu a cerveja em latinhas e copos de barro, incentivando vocês a beber. Você foi a primeira a experimentar, o que levou os outros a tomarem também. Em pouquíssimo tempo, todos ali já estavam alterados, com a voz alta e as bochechas coradas. O trio Sasha, Jean e Connie cantavam alegremente alguma música indecifrável, Armin havia sumido junto com o Eren e a Mikasa estava encostada nas suas costas, quase dormindo.

Em algum momento toda a comida ali havia acabado, e a bebida também, o Arlert apareceu cambaleando na sua frente, que não estava conseguindo pensar em nada no momento. O loiro foi caindo aos poucos, deitando entre você e a Mikasa, essa foi a última coisa que você viu antes de desmaiar de sono.

Quando Hange, Levi e o Onyankopon acharam vocês esparramados um em cima do outro ali, ficaram assustados com o estado de vocês. Jean estava esticado no chão, entre as pernas dele estava Connie - que estava abraçando uma garrafa de cerveja -, e por cima da barriga do acinzentado, a Sasha estava deitada. Do outro lado, o Armin estava amassado entre a Mikasa e você, e no seu colo, o Eren, que só apareceu depois que todo mundo já estava dormindo.

— Quem deu permissão pra esses pirralhos beberem? - o Levi resmungou, cobrindo vocês com um pano. — Não quero saber de bebida de novo, quatro-olhos.

— Mas eu não fiz nada! - Hange tentou se defender mas foi totalmente em vão, já que sua fala foi ignorada.

Essa noite ficaria marcada (se conseguirem se lembrar de alguma coisa no dia seguinte) na memória de vocês, não se divertiam juntos assim desde a noite anterior da missão da muralha Maria. Era esses pequenos momentos que dava motivação para vocês continuarem juntos, a euforia era o que dava combustível para superar seus obstáculos, e acabar com qualquer ameaça aos súditos de Ymir.