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Desespero é a real palavra para o sentimento dos moradores de Stohess. Eren e Annie lutavam em meio ao caos dos moradores, uns morriam pisoteados pelos pés dos próprios familiares e outros esmagados pelos pés dos titãs, gritos e choro é a única coisa capaz de se escutar agora. Eu, Hange, Armin e Jean estamos seguindo Eren, na tentativa de tentar acompanhar a luta e ajudar o garoto.

— Parece que ele está conseguindo controlar os poderes de titã. — diz a comandante Hange.

— Sim. Mas o Eren sabe que ainda precisa ganhar da titã fêmea. — Jean fala encarando Hange. — Se ele se transformou, ele sabe que está pronto para o pior, ele não vai perder tão fácil!

— Somente força de vontade, não é o bastante nesse caso. E você sabe bem disso. — Armin afirma. — Vai precisar de mais do que isso para vencer.

Annie começou a correr para o nível térreo, ela sabe que não podemos usar o DMT no chão, então comandante Hange mandou nós nos dividirmos e darmos a volta. E assim fizemos, os dois titãs lutavam entre si de uma forma insegura, destruindo prédios e casas por onde passavam.

— Comandante, mesmo que a gente consiga pegar a titã fêmea, a cidade vai acabar em ruínas. — Diz Kiev.

— Isso não é problema nosso. É uma decisão do comandante Erwin, prepare as redes de captura.

A essa altura já havia fumaça, fogo e destruição por todos os lados. O titã de ataque ainda não conseguiu deitar a Leonhart, mas pelo menos ele ainda continua de pé. Eren acertou um chute no rosto de Annie a fazendo cambalear para trás, ao mesmo tempo, a titã cristalizou uma parte de sua perna, acertando Eren no rosto, o fazendo cair contra um prédio, em seguida socando inúmeras vezes com sua mão cristalizada na cabeça de Eren. O deixando inconsciente.

Annie correu para longe do corpo de Eren, o largando ali, e quer saber? Eu já estou cansada dela, estou cansada de ver ela destruir e matar pessoas inocentes. A habilidade de desistir da própria humanidade... A Annie tem essa habilidade, ela consegue fazer isso. Mas eu não, eu não quero ver a minha humanidade ser extinta por nós mesmos. E aqueles que não querem abrir mão de nada, não podem mudar nada. Então eu posso desobedecer uma única ordem ao menos uma vez na vida...

— [Nome] você está...! — Armin exclama. — SAÍAM DE PERTO!

Em volta do meu corpo havia raios de luz brilhando intensamente, aquela sensação de sentir seu corpo dormente me veio à tona novamente. Mas dessa vez eu estou preparada. Os treinamentos às escuras que tive com Hange vão valer a pena. Pode ter certeza!

Minha visão já não estava embaçada, olhei para os lados vendo os meus companheiros de olhos arregalados, senti minha raiva dominar assim que olhei Annie mais a frente. Corri em direção a titã o mais rápido que consegui, agarrando-a por trás e jogando nossos 'corpos' para frente, quebrando uma pequena ponte e algumas barracas militares à frente. Abri a boca mirando em sua nuca, mas Annie empurrou seu corpo para trás me tirando de cima dela. Agarrei o rosto dela com uma das mãos, ainda com as pernas amarradas em sua cintura, apertando até que sua face se deformasse.

A titã começou a gritar, enquanto eu ainda apertava seu rosto, mas Annie ainda protegia sua nuca com as mãos. Annie se virou e chutou meu corpo para longe, fazendo-me bater contra um prédio, me levanto vendo a loira endurecer as pontas dos dedos e tentar escalar a muralha. Corro e agarro suas pernas, usando meu peso para tentar puxá-la para baixo. Mordi sua perna com tudo que pude, Annie usou a outra perna para empurrar minha cabeça. Acabo arrancando a perna em que estava fincado meus dentes e caindo de costas, agora eu estava abaixo dela.

Antes de tentar fazer algo, Mikasa aparece cortando os dedos da titã, fazendo-a cair em cima de mim. Viro meu corpo trocando nossas posições, seguro seus dois braços puxando-os de uma só vez, miro em sua nuca, arrancando a pele existente ali. Logo vejo o corpo humano de Annie enterrado sob um monte de carnes, paraliso um pouco quando vejo a Leonhart, e então sinto que nossas carnes estavam começando a fundirem em uma só, Annie solta uma fumaça azul, virando um tipo de cristal.

Agora eu já não estou com calor como dentro do titã, senti minha pele sendo rasgada e um frio incontrolável aparecer, assim como a sensação da primeira vez que sai do titã. Ouço alguns gritos mas não consigo distinguir o que são, e o que falam. Em volta dos meus olhos está ardendo, minhas pernas fracas e meu abdômen um pouco dolorido. Mikasa me segurava ajoelhada no chão, ao lado de Armin e Eren, o meu braço não estava marcado com os vidros onde havia me machucado, e muito menos minha mão daquele prego estúpido. Mas a minha cabeça ainda doía, e muito.

— [Nome]...

— Mikasa, E a Annie...? — Murmurei, olhando para Jean, que batia em um tipo de cristal. Mas sem sucesso, ele acaba quebrando sua lâmina de combate.

— Droga! Mas que porra é essa!? Depois de tudo isso a gente recebeu um gelo!? Annie! Sai daí, e pague pelo o que você fez! Não seja covarde! Annie! — Jean berrava enquanto batia o cabo de aço sob o cristal, o capitão Levi colocou a mão sob o ombro do garoto, pedindo para que ele parasse.

— Façam uma rede de arame! Vamos levar isso aqui para o subterrâneo! — Hange ordena.

Se não conseguirmos tirar informações da Annie, isso tudo vai ter sido pra quê? Várias mortes, vidas arruinadas e perguntas sem respostas... Tudo pelo o quê?

[...]

— [Nome], você está bem? — Eren pergunta, sentado em um banquinho em frente a minha cama, Mikasa estava ao seu lado. Armin em pé um pouco mais atrás e Jean encostado na parede. — Por que você não nos contou que também era um titã?

— 'Tô bem sim, por mais estranho que pareça, eu estou bem sim... — Me levanto devagar, sentando na cama. — Eu recebi ordens, eu... Eu não podia contar. E nem desobedecer... Um soldado não deve se levar pelas emoções. — Dei uma breve pausa antes de continuar. — A Annie, ela ainda está presa lá?

— Sim. — Mikasa respondeu.

— Droga, toda essa operação e tantas vidas perdidas pra dar em nada. — Disse Jean, sendo seguido por Armin.

— Ela fez isso para proteger as informações. Com certeza.

— Eu sei disso, e ela conseguiu escapar...

— A [Nome] não queria deixar ela escapar, mas por que [Nome]? — Armin questionou. — Talvez se não fosse pelo capitão Levi...

— É que... Não é verdade Armin, eu deixei ela escapar! A culpa foi toda minha... — Minto ao me lembrar do acontecimento na floresta, e também, pelos olhos lacrimejantes que Annie esboçou quando arranquei sua pele de titã. — Quando eu vi a Annie lá, eu congelei, hum...

— Armin Arlert, [Nome] Lowell e Jean Kirsten...? — Um soldado da polícia militar perguntou, abrindo a porta do quarto. — Pro interrogatório.

— Certo! Então a gente se vê depois... — Digo a Mikasa e Eren, abotoando a minha camisa social e passando pelos dois, dando uma última olhada para o Yeager. Sendo seguida por Armin pelo corredor. — Vamos, Jean!

Andamos por um longo tempo pelos corredores daquele setor, ainda me lembro dos gritos e pedidos de socorro desesperados daqueles cidadãos, isso é tão lastimável.

— É coisa demais pra absorver. Então abandonar sua humanidade para triunfar contra os monstros, é o único jeito de vencer...? — Jean fala, encarando o chão, o mesmo me olha em seguida mas acabo desviando o olhar.

— É a esperança da humanidade para acabar com a guerra contra os titãs, eu tenho fé de que o Eren ou a [Nome] vão conseguir. — Armin diz, me deixando espantada, eu mal consegui vencer a Annie... Quem dirá outros titãs por aí, ou até mesmo, outros como 'nós'.

— Pois é, eu fico pensando, se acabar com os titãs virando esse tipo de monstro pode ser mesmo visto como uma vitória...

— Jean, isso está me magoando, você pode parar, por favor? — Solto um suspiro pesado e enfio as mãos nos bolsos da minha calça. O entardecer já se faz presente, trazendo aquele tom alaranjado com ele, um vento leve se passa, me fazendo olhar para onde toda aquela luz vinha. — Passar por tudo isso não vai ser nada fácil.

ℭ𝐄𝐋𝐄𝐒𝐓𝐈𝐀𝐋 ⋆ 𝖾𝗋𝖾𝗇 𝗒𝖾𝖺𝗀𝖾𝗋Onde histórias criam vida. Descubra agora