1. | Novo Jovem Amante

997 86 718
                                    

Arco I: Recomeço

Me chamo Kaminari Denki, tenho trinta e um anos e sou viciado em mitologias e crenças. Sim, sim, daqueles que amanhecem somente por isso, respira por isso e vive por isso. Mas agora, de uma forma diferente.

Quer saber? Foda-se! Tentei fazer algo parecido com o que fiz no primeiro livro, mas não me lembro do que eu disse! Afinal, já se passaram dez fodidos anos.

De qualquer forma, para não ser tão mal educado: Sejam todos bem-vindos ao glow down de Kaminari Denki, após dez anos de puro tiro, porrada, bomba, dedo no cu e gritaria — na verdade, tira esse dedo ai.

— Então... — estreito meus olhos, prendendo meu cabelo que se encontra um pouco abaixo de meus ombros desajeitadamente com um elástico preto, cruzando meus braços analisando o quadro na minha frente. — se eu te disser que odiei, como reagiria?

Eu apareceria na porta da sua casa, arrombaria ela e depois quebraria tua cara na porrada. — escuto Sero pelo viva-voz do meu celular.

— Tá lindo, amei demais, nossa, uma das minhas melhores criações ever forever. — Ergo ambas as minhas mãos, me aproximando do celular que estava na minha mesa repleta de materiais.

Denki, para de palhaçada. Está trabalhando nos quadros desta exposição faz meses, e todos eles estão incríveis. — Ouço-o suspirar, e eu me sento em minha cadeira, botando meus pés em cima da mesa e esmagando meus materiais, pegando algumas anotações soltas sobre um dos meus quadros que eu igualmente odiei e pretendo tentar arrumar ou refazer. — Já fez isso várias outras vezes, e em todas elas ficou se cobrando igual um lunático.

— Cobranças lunáticas foi o que me trouxe onde estou hoje em dia, não é? — Jogo os papéis para o alto, alcançando meu celular. — Ser um dos melhores pintores independentes do mundo dá trabalho, sabe? Perfeccionismo é a chave para a perfeição. — Dou risada ao notar o que eu disse.

Agradeço por eu não ter me tornado você. — Faço um biquinho. Diferente de mim, Sero tornou-se um grafiteiro importante no país. Fez diversas artes como a pintura do enorme prédio da nossa cidade, onde desenhou, de uma forma bem alucinógena, uma visão sua sobre as formas de como o "prazer" poderia ser interpretado. — Enfim, tenho mais o que fazer. Tchau.

E desligou. Sim, esse vagabundo teve a pachorra de desligar na minha cara! Ridículo.

Levanto-me da mesa com meu celular em mãos, caminhando para a porta e saindo do meu escritório, ateliê, tanto faz. Vou andando pelo curto corredor de paredes de um amarelo quase beirando branco, até chegar na minha enorme sala. Ter me tornado um grande artista me rendeu um dinheiro que eu jamais imaginei ver em minhas belas mãos — mesmo que eu não viva apenas do dinheiro das exposições, mas vocês já chegam lá —, o que me deu uma condição ótima para comprar um puta apartamento em um dos melhores condomínios da cidade. Então, teoricamente eu sou rico. Mas só teoricamente.

Pego na mesinha de vidro no centro da sala um maço de cigarros junto do meu isqueiro lindamente amarelo e com um raiozinho preto e me dirijo para a varanda, que é dividida por uma enorme porta de vidro, no qual arrasto sem nenhuma dificuldade, vislumbrando facilmente a vista desta cidade de merda. Me sento perto do corrimão branco, passando as pernas pelos vãos e ficando com elas penduradas para fora. Olho para baixo. Morar no décimo nono andar não é muito assustador assim.

Purplish Vampire IIOnde histórias criam vida. Descubra agora