3. | O Homem Arroxeado

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É madrugada, e eu estou fazendo o que? Fumando um baseado deitado no meu quarto, sem sono.

Eri ficou dormindo até seus pais chegarem, e eu tive que correr pra tirar os vestígios e cheiros de cigarros que fumei antes que Katsuki chegasse com aquele nariz de aspirador. Mas não supera o meu, claro.

É normal eu ter insônia na maioria das noites, ainda mais quando eu estou encucado com alguma coisa. Eu estou pensando naquela merda de aviso do Tendou, sobre alguém voltar. Quem vai voltar? Por que ele fala que alguém vai voltar se não vai falar quem? Será que é algum fetiche?

Me sento devagar, me espreguiçando. Meu tronco levemente malhado e cheio de cicatrizes com histórias sombrias demais, me apoiando em meus joelhos. Tentei fumar isso pra ficar com sono, mas adiantou de porra nenhuma. Será que eu peguei alguma imunidade? A maconha só me serve pra me sentir leve e com fome. Fome pra caralho.

Me levantei e fui para a cozinha, determinado em pegar alguma coisa para eu comer. Achei um pacote de biscoitos amanteigados, e decidi que ia ser isso mesmo. Me joguei no sofá e liguei a TV, colocando em qualquer canal — mais especificamente, o que passava The Big Bang Theory — e fiquei assistindo enquanto comia e fumava ao mesmo tempo, porque isso foi caro e fui ensinado desde cedo a não desperdiçar. Estava tudo indo muito bem, muito legal, muito massa, até eu escutar batidas na janela da minha varanda. Olhei confuso. Assombração bate na janela, gente?

No caso a assombração era Tendou com aquele sorriso bizarro no rosto, parado igual uma vara-pau com as mãos nas costas. Cara, esse doido no escuro é assustador demais.

— Puta merda. — Resmunguei, largando o pacote e indo abrir a porta de vidro com o baseado em mãos. — Mas que caralhos você faz aqui?

— Boa madrugada para você também, Kaminari. — Credo, eu nem sabia que ele sabe meu nome! Ele olhou por cima de mim, avaliando minha sala. Nem é difícil olhar por cima de mim, na real, esse cara tem quase dois metros de altura! — Certamente, não se incomoda de eu entrar, né? — Cantarolou.

Ele olhou pra mim e semicerrou os olhos com aquele sorriso esquisito, como se me desafiasse a dizer que não o deixaria entrar. Esse cara parece mais aqueles monstros de armário que ficam te encarando de noite, de tão medonho. Ainda mais que ele é um metamorfo! Isso só piora tudo!

Eu é quem não vou ir contra ele, né.

— Entra logo. — Digo derrotado, e ele me contorna como se fosse uma cobra, andando rapidamente pela minha sala.

Ele ficou caminhando por ela rapidamente com as mãos nas costas, olhando tudo o que podia olhar. Só não foi para o resto da casa porque ele viu minha cara de cu ao observá-lo fazendo isso e riu baixinho, parando em frente ao corredor. Fechei a porta da varanda, mas não a tranquei. Eu estou sem minha arma por perto, então caso ele tente algo, não conseguirei responder. Ainda mais que ele está bem na frente do corredor que dá para meu quarto.

Eu só me lasco mesmo.

— Como anda a vida para você? — Perguntou, mas dava para perceber que ele estava com um total de zero interesse em saber da minha vida de verdade. Reviro os olhos, indo atrás do interruptor. Ficar no escuro com ele? Jamais! — Espero que não esteja indo acender a luz.

— Nunca. — Desviei rapidamente o caminho, indo até meu sofá e pegando os biscoitos. Filho da puta! — Nem pensei nisso.

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