21. I ATENÇÃO I A Quase Última Vez

327 33 101
                                    

ATENÇÃO

O capítulo a seguir apresenta cenas gráficas, menção a tentativa de suicídio e a tentativa de suicídio. Ler com cuidado.


Δ

Acordo em um susto, olhando ao meu redor extremamente atordoado, apertando a pistola em minha mão, aguardando por algum perigo iminente. Quando a confusão passou, eu pude recobrar as informações.

Depois daquela conversa com Hawks, ele foi embora e eu voltei a minha vigília. Porém, em algum momento que não sei qual, eu acabei adormecendo devido ao meu cansaço mental. Digo, não é como se nesses últimos anos eu não tivesse andado cansado nesse sentido, mas parece que agora... as coisas parecem... mais pesadas.

Procuro por meu celular, e vejo que já era quase meio-dia. Ótimo, daqui a pouco a Eri sai da escola. Então eu poderei saber se ela está bem.

Passo a mão pelo meu rosto, reflexivo e exausto. O problemão "acabou de começar" e eu já estou ruim. Pelo amor de Deus, hein.

Vou direto ao meu closet, onde tiro minhas roupas e já vou direto embaixo do chuveiro. Um banho de água fria vai ser bom agora. Não me importo em molhar meu cabelo, até mesmo aproveitando para lavá-lo. Ele cresceu mais, isso é perceptível, porque antes ele só era até um pouco abaixo dos meus ombros, mas agora parece que evoluiu para sei lá, uns quatro dedos abaixo dos meus ombros? Meu cabelo sempre foi de crescer bastante, e bom... um visual com cabelão talvez não seja tão ruim.

Não me demoro demais no banho, e quando termino, aproveito para escovar meus dentes e aparar meu projeto de barba. Quando me olho no espelho, vejo uma versão quase miserável minha refletida. A magreza, o cabelo molhado, as olheiras, o olhar... ainda me pergunto o que viram em mim. Passo a mão pelas mechas, secando-as de qualquer jeito na toalha, tentando deixá-las em uma posição menos estranha enquanto úmidas. Saio do banheiro e procuro por um conjunto de moletom simples, e quando o encontro, o visto rapidamente e só depois percebo que a parte de cima era roxa. Imediatamente pensei em tirar, mas senti tanta preguiça que não fiz isso. Só coloquei um par de meias curtas pretas e fui direto para a cozinha com meu celular.

Ao chegar na cozinha, eu não senti vontade alguma de comer. O que era um problema, porque eu não me alimento direito há uns dias. Não sei nem como estou de pé. Então eu decido só ligar minha cafeteira e viver do café. E enquanto o café fazia, sinto meu celular vibrar com mensagens.

Mina Ashido

Salut l'amour de ma vie!

Estarei voltando entre hoje e amanhã para minhas férias!

O Hanta disse que ia me deixar dormir na casa dele, então... é isso!

Mais ne t'inquiète pas ma chérie, eu te visitarei com certeza! Marcar aquele encontrão com os garotos e minha garotinha Eri.

Bisous mon amour!

Não fiquei exatamente feliz lendo aquelas mensagens. Digo, é a Mina, e em situações "normais" eu até que gostaria de vê-la neste momento, mas agora... agora eu não me sinto mentalmente capaz de entrar em um looping de mentiras onde eu sorrio e falo que está tudo bem, enquanto a minha mão coça para pegar um cigarro ou uma garrafa de bebida. Isso é deprimente.

Não me preocupo em respondê-la, então só deixo meu celular na bancada e volto a esperar o café ficar pronto. Quando finalmente acaba, eu pego uma caneca e a encho até o talo, soprando bem pouco e bebendo grandes goles, que eu sentia descer e queimar minha garganta, mas isso pareceu indolor para mim. O fato de ele estar queimando-me por dentro me soa até mesmo como algo atrativo; é como se estivesse preenchendo o vazio e me abraçando por poucos segundos. É reconfortante em certos momentos, quando você está sozinho e perdido. Eu me sinto assim na maioria das vezes. É bom sentir essa sensação.

Purplish Vampire IIOnde histórias criam vida. Descubra agora