2 | Dopado do Presente | ATENÇÃO

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ATENÇÃO
Este capítulo apresenta uso de substâncias ilícitas, bebidas alcoólicas e alucinações. Ler com cuidado.

Chego em meu apartamento quase amanhecendo o dia, evitando bater a porta para que nenhum vizinho chato viesse me cobrar com multas e senso moral de como se morar em um prédio e essas coisas irritantes. Me preocupo apenas em ir direto para o meu quarto, onde começo a me despir lentamente, cansado demais para fazer minha mente pensar em alguma coisa além de um belo banho e um resto de madrugada insana.

Me preocupo em tirar apenas os baseados e um saquinho com um pózinho branco que eu duvido muito que vocês não saibam o que seja, deixando tudo em cima da minha cama para que eu pudesse usar depois. Pego meu roupão preto e uma toalha, entrando no meu closet e depois, no banheiro dele, não demorando mais segundo algum em me enfiar embaixo do chuveiro e abrir ele na água quente, quase escaldante. Preciso relaxar a tensão.

É estranho como os artistas adquirem vícios errados muito rápido. Seja drogas, bebidas ou qualquer outra merda assim. Também não me admira o quanto vivemos pouco; como atores, cantores, pintores e demais artistas assim vivem tão pouco por se perderem em doenças ou qualquer merda do tipo. E também me surpreende o quanto estou querendo filosofar uma hora dessas. Credo.

Eu costumo me reter apenas ao álcool e ao cigarro, mas não consigo me manter longe dessas merdas quando vou em alguma missão. Parece que o álcool, a nicotina e essas coisas não me são suficientes para tirar esse peso bizarro que fica em meus ombros toda vez que tenho que enfrentar esses caras. Parece ativar em mim lembranças e trejeitos que eu pensei terem ficado num passado de dez anos, mas que na verdade, só precisam de um estímulo para surgirem.

Eu preciso ficar doidão para esquecer que minha vida é extraordinariamente precária e limitada.

Tomo um banho levemente demorado, me secando e colocando meu roupão e saindo do closet, onde alcanço minhas pantufas amarelas. Pego as droguinhas que deixei em cima da cama e vou para sala, jogando tudo aquilo na mesinha de centro e me jogando no sofá a frente, encarando tudo aquilo. Ainda me pergunto como não morri de overdose.

Pego um baseado para começar, indo para meu quarto pegar meu isqueiro porque sou incompetente até mesmo de me manter com ele sempre, acendendo rapidamente e o jogando no bolso do meu roupão. Me coloco a caminhar até o meu ateliê, abrindo a porta lentamente e acendendo apenas aquelas luzinhas que ficam nas laterais do teto, brilhando em um amarelo e roxo hipnotizante. Isso me faz rir soprado, não achando realmente graça, enquanto me adentrava devagar pelo local.

Como não sou bobo nem nada, eu obviamente tenho um barzinho por aqui. Por isso não me faço de rogado ao servir um copo de vodka, erguendo a mão como se fosse brindar.

— Pelo sucesso da missão! — Falo animado, tomando tudo de uma vez.

Sinto aquele negócio descendo rápido, queimando toda a minha garganta em uma ardência que não me é desconhecida. Trago um pouco do baseado, soltando a fumaça à medida que ia servindo mais um copo, andando pelo ambiente.

Minhas obras se tornaram fodidamente famosas mundialmente, retratando mitologias de maneira tão excêntrica e diferenciada que surpreende até mesmo os críticos mais cuzões. Eu consigo não apenas transparecer sentimento, como o medo, a essência do ser e, principalmente, colocar tantos detalhes que parecia que eu já havia visto aquelas criaturas. Não que seja mentira.

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