5. | Conversa de Dez Anos

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O resto da noite foi conturbado. Hatsume ficou comigo até o amanhecer, onde me ajudou a me limpar e a ir até minha cama, me mantendo longe de tudo o que pudesse causar acidentes, já que eu enganei ela e tomei outro comprimido, que não agiu imediatamente e me fez ficar alucinando um pouco. Ela até disse que eu fiquei sonâmbulo e tentei dar uma facada nela… mas com uma colher de pau. 

Mas quando os primeiros raios solares surgiram e eu retomei meu juízo, a expulsei daqui. Não quero ficar perto de ninguém. 

Fui direto pro meu closet tomar um banho gelado para que eu pudesse despertar e recobrar meus sentidos, apesar de eu estar levemente tonto e com a cabeça doendo. Sempre que eu faço isso, costumo passar o dia seguinte todinho deitado e sem coragem de viver, mas hoje, apesar de eu querer fazer isso, eu não posso. 

Decido não falar para ninguém sobre a volta dele — referindo-se a Eri. Eu me lembro muito bem que ele disse voltar outro dia para tentar conversar comigo. Mas que piada! Eu poderia muito bem matar ele, porque ele obviamente não merece ter minha atenção. Digo, dez anos? Ele some por dez anos e volta querendo que eu o escute?

Merda, eu quero escutar ele. 

— Não! Para com isso! — Acabo gritando e dando um socão na parede, logo me arrependendo ao sentir uma dor do cacete na minha mão e pulso. Olho para ela e vejo estar vermelha pelo impacto, o que me faz bufar. Eu sou um idiota. 

Deixo ela um pouco embaixo da água fria e saio do banho, pegando em meu closet um blusão preto enorme repleto de manchas de tinta que eu fiz, uma bermuda velha da mesma cor e meias brancas. Assim eu consigo ficar confortável e apto a tentar relaxar. Pego meu celular e abro meu Spotify, colocando It's Gonna be Me pra tocar e ver se me dá uma animada. 

Coloco o celular no último volume e no meu bolso, indo direto para o meu banheiro novamente. Eu acabei molhando meu cabelo sem querer então decidi já lavar ele, agora me resta arrumar todo o resto. 

Paro de frente ao meu espelho e pego meu pente, secador e meu creme que a Mina me trouxe de Paris. Ah, eu não contei? A menina virou uma design super famosa, fazendo looks para desfiles reconhecidos internacionalmente, além de modelos únicos para famosos do mundo inteiro. Agora ela mora em Paris, onde trabalha, e vem aqui de vez em quando passar umas semanas e nos encher de presentes. Mina Ashido, né, amores.

Passo creme no meu cabelo em mechas e uso o pente para desembaraçar e essas coisas, e como ele não é muito grande e molhado parece que a vaca lambeu, não foi muito complicado. Depois eu uso o secador e minhas mãos para deixá-lo arrepiadinho, do jeito que gosto. Isso me faz lembrar do cabelo do Shinsou. Dez anos atrás ele já era grande e bem espalhafatoso, mas agora? Parece que ele cresceu mais e ficou ainda mais arrepiado!

Porra Denki, para de pensar nele! Você precisa relaxar. 

Desligo a música porque eu me cansei dela, guardando minhas coisas novamente e indo até meu quarto, onde acho meu cigarro e meu isqueiro. Merda, ele está acabando. Preciso comprar mais. 

Largo eles momentaneamente na minha cama e procuro alguma calça que posso colocar. Pego uma de moletom preta que se ajusta no começo do meu calcanhar, coloco meu all-star preto todo surrado e cato meus óculos escuros. Também pego minha carteira, chave do carro e de casa, meu celular, coloco alguns acessórios e finalmente, pego de volta meu cigarro e isqueiro. Me dirijo até a minha sala.

Purplish Vampire IIOnde histórias criam vida. Descubra agora