8

4.4K 598 32
                                    

Pov Wednesday

- As pessoas observam meus olhos e encontram demônios, mas Enid encontra ternura, encontra algo que nem mesmo eu consigo ver -expliquei fitando o nada, sentada ao lado de Bianca e Yoko.

- E isso lhe assusta? -a sereia perguntou, sem soar travesso como costume, deixando a vampira repousar em seu ombro.

- Antes, eu poderia dizer que, nada no mundo me provoca medo, agora, tudo o que envolve Sinclair causa-me uma sensação amarga de receio -admiti, exibindo uma vulnerabilidade, que jamais pensei compartilhar com Tanaka e Barclay.

- É normal sentir-se assim, você se apaixonou e tem tentado entender isto -Yoko cantarolou divertida e eu senti como se estivesse sob um feitiço, não entendendo mais quem eu era.

- Não sei o que devo fazer -admiti, pela primeira vez, em toda minha fatídica vida, estando perdida.

- Enid parece corresponder seu sentimento, então, você iria começar bem se a tratasse com carinho -Bianca aconselhou e sua afirmação sobre minha paixão ser mútua, estourou em meu peito. Sensação nova, a qual eu ainda estava tentando me acostumar.

- E se não der certo? -perguntei, quase gaguejando, mas me forçando a suprir minha dúvida.

- Então, aumente o carinho! -a de pressas sentenciou, encerrando o fim de nossa conversa.

Quando eu regressei ao meu quarto, Enid dormia, escondida em seus cobertores, e um envelope estava repousado sobre minha mesa de trabalho.

Apanhei-o, atiçando minha curiosidade. A página em minha mão possuía algumas informações sobre a profecia dos mil anos e uma coordenada, era uma isca.

Meu desejo pelas informações era óbvio. Desejava saber tudo sobre para ajudar a mais nova e ansiava estar frente a frente com seu assassino em potencial.

- Thing, cuide de Enid! -ordenei, recebendo seu afirmar incerto. Seus dedos agitados pediram para que eu ficasse, mas o ignorei, saindo furtivamente pela sacada.

Fugir de Nevermore não foi um problema, sua segurança era devastada, ao meu ver.

O escuro e desconhecido que aquela floresta abrigava, causava em meu estômago entusiasmo. Em seu centro, encontrei pegadas deficientes, em forma animal eram enormes, em forma humana, um tanto pequenas.

- Lupino -sussurrei para mim mesma, tocando a terra úmida em forma de pata.

O rosnar baixo e ameaçador denunciou a presença de meu inimigo, uma criatura boçal. Esquivei-me de seu ataque e empunhei um canivete, ferindo-lhe a perna.

Seu uivar alto atraiu minha atenção para seu porte. O lobo preto, portador de olhos sangue, possuía um colar de linha em seu pescoço, com uma chave pendurada.

Vingança se injetou em minhas veias e eu avancei sobre o mesmo, tomando a chave e comprimindo sua costela, entretanto, antes que o osso se tornasse fragmentado, recebi uma mordida em meu ombro.

Ignorei a ferida, me soltando de suas pressas, empurrando-o para longe. Nossos olhares se encontraram, ódio mútuo estava sendo trocado, como se nada mais importasse.

Meu autocontrole pareceu o suficiente para explodir com sua paciência, ver que ele não era o unico sob controle, o enlouquecia.

O animal principiou a correr em minha direção e eu mantive minha postura, pronta para mata-lo, todavia, meu corpo foi envolto por braços finos, que nos impulsionaram para fora da mira do lupino, fazendo-o chocar-se contra uma árvore.

- Sweetheart! -a voz de Sinclair soou quando trocamos olhares, ela parecia assustada, escondendo-se em meu abraço.

A movimentação ao redor, lembrou-me do perigo, então, ferindo meu orgulho, abandonei a luta, correndo com a mão entrelaçada a de Enid e sendo seguida por Thing.

Minha SinclairOnde histórias criam vida. Descubra agora