Epílogo

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Pov Wednesday

Eu soltei um suspiro cansado, brincando com a prata em meu dedo anelar. Desviei o olhar para Enid, seu par era preto e o meu rosa, sendo a única coisa com cor que eu me permitia usar.

Eram as mesmas alianças, todavia, com um peso exuberantemente maior.

No meio naquela noite, dividiamos o mesmo teto, entretanto, estando há anos luz de distância. E eu me perguntava o motivo, pelo qual, ainda não havia desistido de tudo.

Era véspera de natal e principiamos a montagem da árvore, contudo, diferentemente dos anos anteriores, este estava quieto e pesava em meu coração.

Depois de dias discutindo, atingi meu estopim, pela primeira vez, em toda a minha vida, magoando a Sinclair. Em tal ponto de preferir a morte, do que fitar seus azuis sem brilho. 

Eu não me lembrava quando, mas permiti que Enid se afastasse de mim, fazendo-a se sentir sozinha e desamparada, de modo que eu ainda não sabia concertar. Não conseguia entender como permiti que aquilo acontecesse.

Meus resultados no trabalho eram de magnitude excepcional e eu rapidamente cresci dentro de uma renomada empresa, estando em um posto, bom o suficiente, para satisfazer todos os desejos da mais nova. As minhas intenções eram boas, eu queria dar a ela tudo o que merecia, todavia, não lhei dei o que, de fato, precisava.

O tempo exagerado e desnecessário que passei dentro de um escritório luxuoso e estúpido, causou desconfiança em nossa relação, deixando-a insegura. Aquela era pauta para nossos frequentes desentendimentos.

Eu escutei o soluço baixo e doloroso que soou pela grande sala, mesmo que tivesse sido contido, e suspirei amargamente.

- Uma vez, me perguntou se eu ainda te amava e eu afirmei -sussurrei, me aproximando de si, sem receber sua atenção- ainda assim, você me pediu para pensar se era genuíno ou força do hábito -lembrei, escutando suas palavras ecoarem pela minha mente mais uma vez.

Possuía ciência sobre o choro silencioso de Enid e me repreendia por isso. A verdade era que, eu me odiava por a fazer sofrer.

- Eu nunca deixei de te amar Sinclair! Nem por um mísero instante! E eu nunca disse por força do hábito! Eu te amo de uma maneira que faz todas as células do meu corpo doerem! -expliquei com a voz falha, transformando minha dor em lágrimas- eu me torturo por saber que te machuquei, mas, espero poder reparar estes danos -afirmei, sendo interrompida pelo toque de meu celular.

- Você vai mesmo atender? -ela questionou incrédula, enquanto eu pegava o aparelho.

As constantes ligações, solicitando minha presença, eram parte do motivo de magoa. Afinal, muitas vezes eu a deixava, para resolver quaisquer pendências.

Não respondi, somente aceitei a chamada, ouvindo a voz de meu superior, me pedindo para o cobrir na manhã de natal.

Fitei a loira a minha frente e permaneci em silêncio por alguns segundos, juntando coragem.

- Eu me demito! -sentenciei, desligando a ligação e, finalmente, recebendo a atenção da maior.

- Por que você fez isso? -perguntou em descrença, encarando o fundo dos meus castanhos.

- Porque minha esposa é a prioridade número um em minha vida! E eu preciso me lembrar disto! -expliquei simples, acariciando seu rosto com tamanha delicadeza, como se ela fosse quebrar.

- Você é uma idiota! -grunhiu, estapeando meus ombros e chorando compulsivamente, parecendo descontar suas frustrações.

- Eu sei, mas, ainda assim, sou a sua idiota Nid! E estou aqui agora! -conclui, recebendo seu corpo trêmulo em meus braços.

Enid desabou e eu idem, estávamos sentadas no chão, enquanto eu lhe apertava com ternura, para comprovar que estava ali.

- Eu te amo sweetheart! -sussurrou, enchendo meu peito de alegria. Aquele apelido que tanto odiei, nunca soou tão perfeito quanto naquele momento, dando-me a certeza que não havia perdido minha esposa.

Estragando nosso momento de reconciliação, o desajeitado golden pulou sobre nosso colo, lambendo com carinho minha face.

- Styles! Seu canino abusado! Sabe exatamente como chegar na hora errada! -resmunguei ranrinza, quando o mesmo afastou Enid de mim, deitando sob meu tronco e abanando aquele rabo feliz.

A magnifica risada de Sinclair livrou Styles de uma condenação de morte, era um pouco fraca por conta do choro, no entanto, ainda maravilhosa.

A loira recebeu King em seu colo, que, diferentemente de Styles, deitou com elegância, recebendo um carinho em sua barriga.

- Sinto que eles parecem tanto conosco Willa! -minha esposa comentou divertida, voltando a se aproximar, para deitar sua cabeça em meu ombro.

- Styles, definitivamente, se parece com você! -acusei, observando aquele traidor peludo deitado sob mim- eu culpo o nome! -resmunguei, recebendo seu sorriso.

Aquele sorriso, em adição os olhos azuis brilhantes, eram meu paraíso particular, mesmo que eu nunca admitisse em voz alta, apenas para ela.

Enid o escolheu como uma homenagem a seu cantor favorito, enquanto eu homenageei Stephen King, o gênio do terror.

- Olhe para cima Sinclair -pedi e ela obedeceu, rindo ao notar que eu segurava um visco sobre nossas cabeças.

- Quer um pretexto para me beijar, Addams? -questionou provocativa, passando seu nariz pelo meu.

- Você me ensinou esta tradição, arque com as consequências -sorri com humor, fitando-a com profundo carinho e admiração.

Minha esposa segurou meu rosto e chocou nossos lábios. Depois de tanto tempo, era quase como estar em êxtase, absolutamente tudo fervilhava. O miado desgostoso de King soou e ele deu alguns tapinhas, roubando a atenção de Enid para si.

- Felino, você é tão inconveniente quanto seu irmão! -resmunguei, revirando os olhos, voltando a sorrir quando a mais nova segurou minha nuca.

- Feliz natal, meu amor! -desejou e eu encarei de relance o relógio, o qual, marcava meia noite.

  - Feliz natal, mon cher! -retribui, recebendo um selinho longo, além de mordidas de Styles e manha de King, no entamto, a única coisa que importava, era minha Sinclair.

Minha SinclairOnde histórias criam vida. Descubra agora