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Pov Wednesday

Em uma aposta certeira, eu diria que poderia matar facilmente a próxima pessoa que ultrapassasse aquela porta, carregando flores ou balões.

Meu ambiente seguro havia se transformado em um armazém, com todas as cores do mundo. Resultado do consolo pelo bem-estar de Sinclair.

- Wed! Eu quero sua atenção! Estou cansada, entediada, e esses band-aids são deprimentes! -o resmungo manhoso de Enid se fez presente, mas a ignorei, continuando a rever o depoimento de Yoko, buscando incansavelmente uma direção que me levasse ao lobo.

Minha atitude não agradou a maior que, como uma criança obstinada, tentou se levantar.

- Não ouse Sinclair! -lhe dei uma bronca, recebendo o total apoio de Thing, que gentilmente fez com que a loira voltasse a se deitar.

- Eu quero somente passar um tempo com você -a continuidade da sua insatisfação me causou incômodo.

- Enid, não nota que coisas importantes estão me ocupando? -questionei em um tom rude, arrependendo-me ao perceber a nota de tristeza que abateu sua face.

A mais alta desviou o olhar, se calou diante de mim, e se escondeu entre sua manta, me socando o estômago.

Inspirei fundo e abandonei a minha mesa de trabalho, recebendo um olhar crítico de Thing, mesmo que ele sequer possuísse olhos. A cama afundou,de maneira quase imperceptível, quando eu sentei ao lado do corpo encolhido.

As pontas frias de meus dedos tocaram o cobertor rosa, o retirando, para encontrar uma Enid acanhada.

- O que posso fazer por você Sinclair? -perguntei, tentando me manter paciente com a mais nova.

- Quero que toque seu cello para mim, gostaria de cupcakes, e de receber seu carinho! -ela respondeu instantaneamente, com um sorriso largo.

- Sabe que não irei atender seu último pedido, certo? -ironizei ouvindo sua risada travessa.

- Não custa tentar -deu de ombros, pulando em meu abraço, esperando receber meu costumeiro bico insatisfeito, o qual atendeu suas expectativas.

- Thing, seu dever é buscar cupcakes, não falhe -ordenei a mão que, mesmo contrária, me obedeceu, afinal, era para a loira. Ela havia se tornado sua cúmplice.

Organizei um pequeno espaço no quarto e iniciei um concerto privado de cello, exclusivamente para a garota dos olhos azuis, que naquele momento pesavam. Em alguns minutos, por decorrência do estado ainda debilitado, ela pegou no sono.

A música cessou. Eu lhe arrumei de modo mais confortável em sua cama e me afastei com custo, repousando meu olhar sobre o curativo bege em seu nariz.

Aproximadamente meia hora depois, uma caixa rosa apareceu em meu alojamento, tendo Thing em baixo.

A mão deixou os doces sob a mesa de cabeceira de Enid, conferiu a garota, e gesticulou divertido. Os band-aids, que a maior afirmava serem deprimentes, foram substituídos, agora eram rosas e possuíam animais.

- Se houver perguntas, você foi o autor da ideia e execução -sentenciei ganhando sua confirmação, dando-me por satisfeita quando Thing veio se aconchegar em meu ombro.

Minha SinclairOnde histórias criam vida. Descubra agora