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Pov Wednesday

O riso doce, que costumava, me irritar, tornou-se suave e agradável em meus ouvidos. Todavia, naquele momento, a maneira como me distraia, irritava-me um pouco.

- Sinclair, eu estou tentando estudar -murmurei um tanto frustrada, atraindo sua atenção.

Eu analisava, em minha mesa de trabalho, atentamente o livro sobre a profecia dos mil anos, enquanto Enid estava sentada em meu colo, descansando a cabeça em meu ombro, respondendo algumas mensagens em seu aparelho telefônico.

- Desculpe Wed, não queria te atrapalhar, somente ficar perto de você -explicou se afastando minimamente para me fitar.

A maior estava vestida em um moletom que me pertencia, sendo o ser mais precioso aos meus olhos. Uma mistura de rosa com preto.

- Tudo bem, eu estava sem rumo de qualquer forma -suspirei, laçando com delicadeza sua cintura.

- Eu sou especial para você sweetheart? -a pergunta repentina de Enid deixou-me desconcertada. Desde que compartilhamos aquele momento na árvore, nossa relação havia se tornado mais intensa.

- Mais do que eu consiga admitir em alta voz -sussurrei, me forçando a acariciar seu rosto.

Um beijo foi desferido na palma de minha mão e então, seus azuis me observavam com tamanha afeição, que arrancou todo o ar de meus pulmões.

- Eu amo você Wednesday -seu sussurro foi quase choroso. Eu queria, ansiava, e trabalhava muito psicologicamente, todavia, minha natureza me impedia de dizer.

Sendo assim, aproximei-me e lhe dei um beijo longo, com meus lábios frios, em sua testa. Como um gatilho, minha visão tornou-se turva e eu perdi consciência do mundo material.

Uma projeção de um símbolo ascendeu em minha mente, em adição, pergaminhos diversos, palavras sendo repetidas em baixo tom, e uma sombra negra enorme, com sangue em si.

Estiquei a ponta do dedo tocando no líquido vermelho, o suficiente para escutar um gemido sofrido que doeu no fundo de minha alma. Era Enid.

- Wed? Wednesday! -o chamado da mais nova me trouxe de volta a realidade, com a respiração ofegante e confusa.

Meu corpo por completo tremeu em uma nova sensação. Pavor!

Abracei Enid Sinclair com blandícia, a agarrando de modo que parecia que minha vida dependia disto e, de fato, dependia. Eu era uma pessoa morta, Enid era a minha vida.

- Wed, você se sente bem? -perguntou preocupada, se afastando para me observar.

O olhar assustado de Enid me fez passar meus dedos por minhas bochechas, notando que lágrimas escorriam desesperadamente.

- Enid, não sou capaz de lhe explicar a calma que sinto quando estou ao seu lado, seu abraço suprime meus pensamentos mórbidos e seus olhos azuis controlam o meu caos -sussurrei, enquanto ela secava meu rosto com cuidado- você é a paz que meu coração não tem -conclui, seriamente, a encarando com profundidade.

Seu sorriso e rubor combinaram em perfeição, atingindo-me a alma.

Minha SinclairOnde histórias criam vida. Descubra agora