Capítulo 3

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No caminho de volta ao internato a conversa que tive com a vovó não saiu da minha cabeça.

— O menino é um doido, ficou todo nervosinho por ter derrubado ele e não ter pedido desculpas. Ainda me deu um susto no meio da aula por estar bravo por eu não ter dado desculpas nem no dia seguinte. — Contei como se fosse um absurdo.

— Então peça desculpas a ele. — Falou simples. A olhei. — Seus pais te educaram bem, você não é sem educação. — Ela me olhou sorrindo. — Doidinha, mas não sem educação.

Aquilo repetia em minha mente, "Então peça desculpas a ele.", simples.

Adentrei meu quarto com a mochila nas costas, estava vazio e isso me deu um alívio enorme. Deixei a mochila cair no pé da cama e fui até o banheiro, estava apertada desde que desci do carro.

Lavei as mãos, vi meu reflexo no espelho, estava calma, tranquila e sem olheiras. Antes de cair na cama peguei meu caderno de desenho na mochila, olhando em volta escolhi três itens/objetos aleatórias e juntá-los, desenhei em miniatura um rascunho dos objetos: um porta retrato retangular, um livro que estava em cima da cômoda do outro lado do quarto e a almofada que estava no banco da janela.

Fiz o primeiro rascunho, um livro com a capa mostrando uma janela como a do quarto com uma mulher lendo e uma xícara na mão. Analisei, estava bom... mas do jeito que eu queria. Comecei o segundo, uma almofada em cima da cama com um livro aberto e um porta retrato com um casal na foto do lado, voltei a analisar e não gostei. Só no quarto rascunho que eu gostei, era uma moldura com o tema de livro e sono, livros espalhados em volta da moldura com algumas luas nos travesseiros com "Zzz" em cima de suas "cabeças". Estava analisando se realmente ia continuar ou refazer quando a porta se abriu, olhei na direção, era um dos gêmeos, pela forma que me olhou sabia que era o que não gosta de mim.

— Pensei que Luke estava aqui. — Falou me olhando, neguei com a cabeça. Ficamos nos encarando por segundos até que ele se mexeu pra ir embora, antes que ele se virasse completamente minha boca se abriu e antes que eu controlasse falei:

— Espera. — Pedi, ele parou e me olhou.

Agora fala ou fala. Pensei.

— Me desculpe, por ter te derrubado aquele dia, e por não ter me desculpado quando devia. — Seu rosto se suavizou instantaneamente e vi um quase sorriso de lado.

— Muito obrigado. — Agradeceu e foi embora. Pisque assimilando a forma que ele ficou após ter falado "Me desculpe".

Voltei aos meus rascunhos. 

Estava de madrugada quando escutei um estrondo no quarto ao lado

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Estava de madrugada quando escutei um estrondo no quarto ao lado. Levantei assustada, meu coração batia rápido e minha respiração começou a falhar. A dor de cabeça era insignificante ao medo que eu sentia naquele momento, meu corpo esquentou e comecei a suar, meus pulmões pareciam lutar para puxar ar e aquilo estava quase me matando, o medo quase me consumindo. Levantei devagar e fui até o banheiro, minhas mãos tremendo e o som de vidros quebrando e a explosão queimava na minha cabeça, liguei o chuveiro e entrei dentro da água quente fazia meu corpo relaxar. Sentei no chão gelado e me encolhi deixando que a água caísse e levasse aquele sentimento, mas não levou.

Uma Garota ProblemáticaOnde histórias criam vida. Descubra agora