-Ela vai querer te matar por estar fazendo isso- Ouvi a voz tão conhecida de Thomas -Mas estamos fazendo o certo.
-Estou fazendo isso pelo meu irmão, não por você- Minha eu do passado disse e o moreno riu.
-Eu sei- Ele falou mas ainda assim fez carinho na minha bochecha -Cuidado lá dentro, e saiba que vou estar tentando te defender daqui. Eu te amo.
-Eu sei- A minha eu do passado disse analisando a feição de Thomas -Eu também te amo, mas ainda não te perdoei.
Thomas sorriu e tudo começou a sumir.
Acordei com dor de cabeça, mas senti que ela passou quando olhei para Minho que me abraçava como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo.
-Fedelho- Eu chamei mas ele nem abriu os olhos -Amor? Querido acorda, hoje a gente tem ronda.
-Alby cobre a gente- Ele falou e beijou meu ombro -Não quero fugir de verdugos hoje amor.
-Você já quis fazer isso?- Eu perguntei e ele riu no meu pescoço -Minho, acorda vai. To com fome.
Senti ele bufar e beijar meu pescoço uma última vez antes de me deixar levantar.
-A caixa sobe hoje- Minho disse e eu assenti -Faz onze meses desde que nos conhecemos.
Sorri boba com o comentário pegando minha roupa no baú e indo para o banheiro que Gally instalou no meu quarto.
-Hora de correr!- Alby gritou da minha porta -E Minho, você não pode dormir na mesma cabana que a Ella.
Saí do banheiro trocada ouvindo um assobio vindo de meu namorado.
-Bom dia chefinho, dormiu bem?- Eu perguntei para Alby que fingiu um sorriso -Já vou bater cartão, só estou esperando o Minho.
-Não gosto que ele durma aí- Alby disse de braços cruzados -Você ainda é muito inocente para dormir com namoradinho.
-Inocente como um anjo caído- Minho comentou beijando minha cabeça ao sair.
Alby refirou os olhos e eu ri.
O dia no labirinto não foi nada cheio, só os mesmos muros e nada de verdugos. Finalmente um dia calmo.
-O que será que tem no fundo do 7?- Eu perguntei para Minho que deu de ombros.
-Verdugos?- Ele perguntou enquanto corriamos de volta para a Clareira -Acha que é lá a saída?
-Tenho um pressentimento sobre o lugar- Eu disse e saímos antes das portas fecharem -Estamos demorando tempo demais lá dentro.
Minho somente ergueu uma sobrancelha na minha direção.
-Você se preocupa demais- O asiático disse me abraçando de lado e eu rodei o braço pela sua cintura.
-É por isso que você me ama- Eu disse e ele beijou minha cabeça -E você não se preocupa nunca.
-É por isso que você me ama- Ele me disse e eu sorri o abraçando mais forte.
Não importa o que aconteça, nem mesmo se Thomas aparecer aqui, eu vou sempre amar Minho. Eu o amo de todo o meu coração e não vão ser memórias que eu nem sei se são verdadeiras que irão me separar do meu único e verdadeiro amor.
-Ella!- Foi Zart quem exclamou para mim, parecendo feliz -Vem conhecer o fedelho novo!
-Mais um garoto?- Eu perguntei para o meu amigo bufando -Que saco!
-Literalmente- Meu namorado quem disse me fazendo rir.
-Idiota- Eu o xinguei caminhando de mãos dadas com Minho até a tenda dos garotos, aonde Alby conversava com um garoto loiro que estava de costas para nós.
Estava pronta para me apresentar, mas quando ele se virou senti minha pressão inteira cair. Milhões de lembranças invadiram meu sistema nervoso ao mesmo tempo e meu coração parecia que ia explodir.
"-Você nunca consegue me esconder nada Ella- Ele disse uma vez, batendo no meu nariz.
-Avise o Tommy que se ele não tomar cuidado eu vou acabar roubando você- Ele brincou em outra ocasião.
Eu lembro de vários momentos.
Eu lembro dele me consolando enquanto eu chorava, lembro dele me abraçando, lembro dele rindo das minhas piadas, lembro dele me pedindo para ter cuidado.
Eu me lembro até mesmo de seu nome.
-Newt- Deixo o nome escorregar dos meus lábios como em um sonho, e sinto uma descarga elétrica descendo por todo o meu corpo quando o loiro se aproxima um pouco mais.
-Ella- É ele quem diz, parecendo surpreso por se lembrar de algo, por se lembrar de mim.
Meus pulmões parecem queimar e meu coração não desacelerava por nada, eu não conseguia me mexer e sentia as lágrimas escorrendo pelo meu rosto enquanto Minho me abraçava e tentava garantir que ia ficar tudo bem.
Sendo que não vai, não vai ficar tudo bem. Não comigo.
Eles sabem que eu me lembro, eles sabem sobre mim e agora vão fazer de tudo para me impedir de contar o que eu sei.
-Ella, meu amor- É a última coisa que eu escuto antes de me lançar na escuridão.
É engraçado como as vezes não se lembrar, estar no escuro sobre a sua vida, parece melhor do que viver uma vida sabendo exatamente quem você é mas nunca se sentindo você mesmo.
Recorro a frase que pensei no meu primeiro dia no labirinto, que eu estava morta e aquilo tudo era só um devaneio. E descubro que as mesmas perguntas me assombram desde então.
E se no final for tudo isso o que eu sou? E se no final eu for só um peso morto que se descartado ajudará o grupo?
Muitas perguntas e nenhuma resposta.
-Pergunta errada, resposta errada- Lembro de alguém dizendo -Aprenda a fazer as perguntas certas e começará a ter as respostas que quer, minha pequena Angel.
Angel...Angela...me lembro do nome mas não sei o porquê.
É como se fosse outra vida, onde eu tinha outro nome e outra família, mas então a morte veio e tomou tudo com o seu véu violento.
É...talvez esses sejam mesmo só devaneios de uma menina morta, revisitando os momentos fáceis de sua vida e quando toda essa história acabar eu irei perceber que na verdade, eu sempre estive a beira da morte e nunca notei.
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She belong to the maze
FanfictionElla acordou no meio de um labirinto de metal, sem os a ajuda de ninguém, sem memória alguma, somente sabendo seu próprio nome. A garota não sabia oque fazer, mas sabia que precisava correr, correr pela sua própria vida, correr em direção aos muros...