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— Por que não voltou ontem para a festa? Te
procurei por todos os lados e não te achei. — Sofia falou enquanto ajeitava as mangas de sua camisa.

— Eu te disse que estaria na ponte, às margens do
rio. — Jenna falou. Sofia levou uma mão ao meio de sua testa.

— Eu havia me esquecido. — Disse expirando o
ar de seus pulmões. — Enfim, preciso falar com você.

— Já está falando.

— Seja gentil.

— Me desculpe. — Uma risada rouca saiu por
entre seus lábios.

— Bem, ontem, depois que você foi tomar um ar,
encontrei Carlos. — Falou.

— Você não foi grossa com ele, não é? Todos
sabemos que ele está passando por um período
difícil.

— Bem…

— Sofia? — Jenna perguntou em forma de
alerta.

— Digamos que fui um pouco rude ao princípio,
mas me lembrei que o rancor era com a bruxa má.

— Como ele está? — Jenna perguntou. Ela
havia emprestado dinheiro aos Myers, uma enorme quantia, mas não havia sido o suficiente para que eles conseguissem pagar a hipoteca da casa onde viviam e o Estado queria tomar sua casa, lhe entregando un baixo valor por ela devido à dívida. Isso fez o senhor oferecer a casa para o Estado a troco de nada, em troca de mais alguns dias lá, tentando conseguir arrecadar o restante do dinheiro. Se conseguisse ele pagaria a hipoteca, se não conseguisse eles perderiam a casa.

Jenna já havia ido atrás do homem em troca de
oferecer-lhe mais ajuda, no caso, o restante do
dinheiro, porém o homem começou a fugir dela por provavelmente pensar que ela estava atrás dele pela dívida. Um dia qualquer ela chegou em frente à casa do homem com Sofia, em mais uma tentativa de ajudá-lo, até que chamou e ninguém atendeu. Quando estavam prestes a ir embora foi inevitável ouvir o que a mulher, a qual ela não conhecia a face,estava dizendo.

— Essa lésbica imunda não tem vergonha na
cara. Deveria perdoar a nossa dívida. Tivemos que
aturar ela por horas, vai que isso é contagioso.
Imagina se minha filha ficasse lésbica por beber no
mesmo copo que ela bebeu! Ela… — Sofia a puxou
para longe dali. Não queria que sua amiga ouvisse
tamanhas barbaridades.

— Já basta, Cristina! Chega com essas estupidezes!
— Foi a última coisa que conseguiu ouvir de
Carlos.

Jenna jamais voltou lá e por isso não conhecia o
rosto de Cristina, no entanto Sofia fez questão de
descobrir quem era a mulher e de, sempre que podia, apavorar a «bruxa má», como ela costumava chamar, ameaçando tomar-lhes a casa, ameaçando fazer os guardas invadirem o local e quebrarem tudo caso eles não agilizassem o pagamento da dívida.

Claro que ela não faria nada disso, primeiro porque precisava da autorização de Jenna, segundo porque simpatizava com Carlos e terceiro porque só dizia isso para assustar a velha grosseira. — mais um de seus apelidos para a mulher.

Sofia havia ficado mais do que surpresa ao ver a mulher querer dar a cabeça da filha em uma bandeja para Jenna, após alegar seu tamanho asco por lésbicas, mas não pôde fazer a mulher engolir as próprias palavras porque era uma proposta real para sua chefe, sua comandante. Foi obrigada a assumir o posto de um simples soldado que cumpria ordens nada mais.

— Bem, a esposa dele disse que tem um jeito de
pagar a dívida com você. — Disse cautelosamente.

— E como seria?

— Vou direto ao ponto.

— Por favor. — Jenna disse rindo.

— Ela quer que você perdoe a dívida em troca da
mão da filha dela. — Jenna arregalou os olhos em
tamanha surpresa. O silêncio se prolongou por
alguns segundos antes de Jenna se pronunciar.

— Isso é um absurdo. Essa mulher só pode estar
ficando louca! — Exclamou. — Eu não sou esse tipo
de pessoa que aceitaria uma droga de casamento
arranjado. Posso ficar sozinha para sempre, mas esse é um risco que irei correr. — Sofia soltou o ar que nem sabia que tinha prendido.

— Eu sabia que você faria a coisa certa. — Disse
com um enorme sorriso.

— Eu jamais condenaria alguém a viver ao meu
lado por uma merda de trato. Ninguém deve ser
forçado a isso.

— Você é a melhor, Jen. — Sofia disse. —
Precisamos ir à casa deles agora, avisar sobre sua
resposta.

— Agora?

— Sim, ontem lhes disse que hoje iríamos lá. —
Jenna apenas assentiu indo se arrumar para sair.

[...]

— Filha, aquela mulher disse que é louca por
você e que quer sua mão. Disse que está disposta a
fazer tudo para que você seja feliz. — Cristina disse segurando as mãos de sua filha. — O homem que você acreditava amar é um crápula e você sabe que casamentos são arranjados, então já que não irá se casar com ele não acha que deveria se casar com Jenna? — Estavam há horas nessa conversa já.

— Mamãe…

— Eu sei que não a ama, mas ninguém ama
quando se casa. Eu não amava seu pai, eu nem
sequer o conhecia. É assim a vida, são assim as
coisas. — Ela disse levando uma de suas mãos ao cabelo de sua filha, acariciando o local. — Pensa
que há males que vem para o bem. Essa moça é rica, se importa com você e quer algo concreto com você. Além do mais nos tiraria da ruína e de uma futura miséria. Você estaria ajudando seu pai de um jeito maravilhoso.

— Não quero me casar por dinheiro, além do
que, ela é uma mulher. Não que eu tenha algo
contra, só não gosto de mulheres e, bem, ainda
penso em Georgie. — Disse tristemente.

— Não estaria se casando por dinheiro, seria para
ser feliz. Exatamente por ser uma mulher você
deveria considerar essa proposta, antes que venha
um velho nojento pedir sua mão e seu pai não negue. Você já está na idade de se casar.

— Ela… parece ser gentil? — Emma perguntou
cabisbaixa. Cristina assentiu.

— E muito doce e por ser mulher você não
precisará sofrer tanto em sua primeira vez. Homens nobres não se importam se está a vontade ou não,
após o casamento eles querem apenas estourarem
seu lacre. — Emma ficou alguns segundos em
silêncio antes de voltar a falar.

— Acha que poderei ser feliz um dia? —
Perguntou segurando as lágrimas. — Oh meu Deus,
mamãe, eu não quero me casar.

— Eu não queria te dizer, filha, mas se não for
com ela seu pai já tem outra pessoa em mente. Ele
faz para seu bem, não quer que você fique mal
falada por estar solteira aos vinte e um anos. As
mulheres se casam aos dezesseis.

— Eu pensei que casaria com Georgie.

— Oh, criança, vocês namoraram somente três
meses. Eles só estava te usando e mentindo quanto à essas promessas. Ele só queria seu lacre. — Emma assentiu, lembrando de uma vez que Georgie realmente tentou tirar sua virgindade, mas foi impedido por Emma. Pelo menos ele não insistiu, pensou a garota.

— Então o que preciso fazer? — Perguntou
rendida a ideia.

— Apenas finja ter interesse. O resto deixa
comigo, minha bebê. — Emma assentiu e abraçou
sua mãe, finalmente se entregando ao choro
compulsivo que estava preso em sua garganta. —
Oh meu amor, não chore. Você será muito feliz e de quebra ainda viveremos bem em uma casa boa na
cidade. Apenas confie em sua mãe.


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Tive que repostar, espero que esteja normal pra vcs agora

Over The Rainbow • JemmaOnde histórias criam vida. Descubra agora