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Emma abriu os olhos lentamente antes de piscar várias vezes. Encontrou o par de olhos castanhos lhe encarando com preocupação e só então se lembrou do que havia acontecido. Se levantou às pressas, percebendo que estava no quarto de Jenna, ou no delas, como Jenna costumava chamar.

— Hey… não se levante assim, você pode se sentir tonta. — Jenna disse com doçura na voz. Deu sorte de todas as grandes festas ocorrerem no salão principal de sua casa, porque assim pôde levar Emma rapidamente para o andar de cima e acomodá-la rapidamente.

— Vou te fazer uma pergunta e quero que me responda com toda a sinceridade. — Emma falou notoriamente alterada.

— Pois bem. Faça. — Jenna disse, curiosa.

— Você ajudou minha mãe a armar contra Georgie e eu? — Jenna arqueou uma sobrancelha em total confusão.

— Como?

— Não se faça de sonsa! — Emma gritou caminhando em voltas pelo quarto. Jenna a alcançou e segurou seu braço delicadamente.

— Não estou realmente entendendo. — Falou e sentiu Emma puxar bruscamente seu braço do toque de suas mãos.

— Então deixa eu perguntar melhor. Há quanto tempo vem me querendo? Há quanto tempo tem vontade de me beijar? — Jenna corou. Não queria falar a verdade, seria embaraçoso, mas jamais mentiria para Emma.

— Hm, desde… a-alguns meses antes de nos casar. — Confessou cabisbaixa.

— E achou que eu não descobriria seu jogo sujo com minha mãe para fazer eu me casar com você? — Perguntou aos gritos. Jenna não estava conseguindo entender o que sua esposa estava tentando dizer.

— Emy… — Jenna foi calada pela mão de Emma acertando em cheio seu rosto. Levou a mão ao rosto mais por surpresa do que por dor, apesar de Emma ter um tapa realmente ardido.

— Nunca mais me chame assim! — Impôs. — Eu tenho tremendo nojo de você. Não pense que seu dinheiro possa ter comprado meus sentimentos, porque não, Jenna, não comprou.

— Você ao menos pode me explicar o que…

— Basta! — Emma gritou. — Para de se fingir de vítima aqui, meu Deus. — Pediu. Seu peito inflava e desinflava rapidamente. — Como fui idiota a tal ponto? Claro que acreditei que foi uma coincidência você aparecer limpando as minhas lágrimas assim que minha mãe me contou a pior das mentiras e no dia seguinte apareceu em casa pedindo a minha mão. — Disse em ironia.

— Emma, já chega! — Jenna falou um pouco mais alto. — Eu não sei de que merda você está falando, mas eu não tentei te comprar jamais. — Falou irritada. — E tem mais, você me pediu para casar com você, não o contrário.

— Porque minha mãe conhece o quão idiota posso ser. — Contestou. — Sou patética. — Disse chorando.

— Não, você não é. — Jenna a corrigiu, mas Emma a olhou feio novamente.

— Pare de agir como esposa perfeita porque seu joguinho já foi descoberto. Essa boa pose de ser perfeita, de me fazer sentir segura e até mesmo atraída por você acabou. Eu não ficaria com você nem por todo o dinheiro do mundo. — Cuspiu as palavras. — Só porque você é lésbica acha que todo mundo têm o mesmo tipo de atração que você? Acha que só porque é rica todas as garotas da cidade vão te desejar, mas adivinha só? Eu tenho repulsa, asco por você. Fui clara? Agora com licença. — Jenna até tentaria ir atrás dela, mas não podia negar que suas palavras a feriram de um jeito profundo. Não havia feito nada para merecer tamanho distrato, mas no fundo só ouviu da boca de Emma o que sempre soube: Ninguém jamais, em sã consciência, ficaria com ela por sentir algo. E rendida a esse pensamento foi para o banheiro tomar um banho e talvez, no secreto daquelas paredes, chorar.

— Onde está a mamãe? — Emma gritou ao chegar em frente à casa onde Jenna lhes havia deixado. Havia pedido para um dos guardas lhe levar ali devido ao horário noturno.

— Olá, filha! — Seu pai disse sorrindo, mas perdeu o ânimo ao ver que sua filha chorava e parecia irritada. — Está lá dentro. — Disse a localização da mulher.

— Você não tem nada a ver com isso, não é? — Perguntou para seu pai, quem entortou a sobrancelha em confusão.

— Com isso o quê?

— Por Deus, o que são esses gritos? — Cristina saiu da casa, confusa pela gritaria.

— Como pôde, mãe? — Perguntou ainda chorando. — Eu estava apaixonada por ele. — Confessou em um sussurro.

— Querida, por Deus, do que está falando? — Fingiu confusão.

— Pode tirar sua máscara. Encontrei a Madeleine ou seria… Lindsay? — Os olhos de Cristina se arregalaram e a mulher percebeu que não teria outra escolha senão dizer a verdade.

— Oh por Deus. Eram apaixonados, mas viveriam aonde? Em um chiqueiro qualquer? — Perguntou com desdém. — Como sustentariam meus netos? Com restos de ração e com leite de vaca? Você deveria me agradecer. Eu te fiz um favor. — Completou cruzando seus braços abaixo do peito.

— O que está acontecendo aqui? — Carlos perguntou completamente alheio aos acontecimentos.

— Além do mais vocês nem o amava. Amor e paixão são duas coisas bem diferentes. — Resolveu ignorar a pergunta do marido apenas para dar a cartada final. — E mais, desconfio até dessa paixão. Você só estava encantada por ele. — Carlos olhou confuso para ambas.

— Sua querida esposa se uniu com Jenna para bolarem um plano ridículo. — Cristina franziu o cenho ao ouvir o nome de Jenna, mas não entendeu.

Emma decidiu contar tudo para seu pai e o homem viu a cena com horror nos olhos. Como Cristina chegara tão longe? Decidiu partir da casa naquela mesma noite, voltando para sua casa no vilarejo. Cristina teve que o seguir, completamente contrariada e Carlos deixou claro que a partir de agora as decisões tomadas seriam todas única e exclusivamente dele.

No caminho de volta para casa Emma estava magoada, triste. Como, em milhões de anos, imaginaria que sua mãe e sua esposa pudessem se unir para lhe atingir de tal forma?

Estava arrasada, tinha certeza que nada mais sentia por Georgie, sabia admitir que com o passar dos dias lembrava dele cada vez menos, mas vacilou ao sentir a enxurrada de informações caindo em seu colo. Porém, uma coisa era incontestável: Ao chegar em casa acabaria com aquele casamento de uma vez por todas.

Over The Rainbow • JemmaOnde histórias criam vida. Descubra agora