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— Vista algo atraente, querida. Jenna volta hoje, de acordo com Isabela, e não quero que ela desista do casamento. — Emma sorriu internamente pensando na hipótese, mas logo lembrou que se não casasse com Jenna seria com outra pessoa.

Dois dias haviam se passado desde que Jenna partira e Emma nunca se viu tão feliz depois que soube que seu ex-namorado a enganava. Não que ela tivesse repulsa ou algo assim por Jenna, ela apenas não conseguia encarar o fato de que se casariam. Teria passado dias conversando com a moça do rio, mas não suportava dez minutos ao lado de sua noiva. Eram a mesma pessoa, mas na primeira delas não havia o peso de um casamento.

— Você sabe que após o casamento terão que se mudar, não é? — Emma perguntou. — Só está aqui para confirmar de que Jenna não fará nada comigo antes do casamento, mas pelas tradições vocês não deveriam morar conosco. — Cristina a olhou séria.

— A casa é enorme… mas eu sei. Vou pedir à Jenna para comprar uma casa aqui pela cidade para mim.

— Jenna não é seu banco. — Emma alegou irritada.

— Que bom que pensa assim, pelo menos sorrirá quando te parabenizarem pelo casamento, assim mostra não ser por interesse.

— Por que fazem isso? Só nos povoados as moças têm idade para casar. Aqui a maioria é livre para decidir com quem e quando se casar.

— Estamos fazendo isso pelo seu bem, filha.

— Meu bem? Eu só aceitei essa droga de casamento porque poderia ser algum tarado, grosso, bruto e nojento. Se você não me ameaçasse eu não teria aceitado me casar com Jenna. Eu não a amo!

— Ela te proporcionará uma vida de rainha. Depois que essa sua fase de sonhadora apaixonada acabar e você amadurecer você me agradecerá pelo que estou fazendo. — Emma bufou.

— Onde está papai? — Decidiu mudar de assunto para não se irritar mais.

— Com o antigo administrador.

— Jerry?

— Sim. Eles parecem ter assuntos intermináveis. — A mulher disse rindo satisfeita.

— Emma? — A voz de Isabela preencheu o grande salão.

— Eu vou passear no jardim para que fiquem à vontade. Com licença. — Cristina disse antes de se retirar.

— Rosália fez uns biscoitos deliciosos e roubei alguns para nós. — Ela disse revelando a caixinha de biscoitos em suas mãos. A risadinha de Emma foi adorável.

— Você é maluca. Senta aqui, quero provar. — Falou animada.

Nesses dois dias de ausência de Jenna, Isa e Emma ficaram bem próximas, pois passavam o dia conversando e rindo de coisas aleatórias. Emma se sentia bem à vontade com a baixinha e sentia que podia confiar nela.

— Hey, não coma tudo. Trouxe para nós duas. — Isa reclamou, vendo Emma devorar os biscoitos.

— Desculpe. — Disse com a boca cheia, usando sua mão direita tampar a boca. Terminou de comer e continuou. — Eu sou viciada por qualquer coisa doce.

— Jenna também. Se matarão para ver quem fica com os doces então. — Disse e Emma parou de sorrir na hora. O simples escutar do nome de sua noiva a trazia a sua realidade. — Não deveria ficar tão chateada por se casar com ela. Ela é maravilhosa e te tratará como uma rainha.

— Já me disseram isso, mas… — Suspirou. — Eu não a amo.

— Emma… — Ally foi interrompida pelo barulho de algo se quebrando. — Acho que Jenna chegou.

— Como sabe?

— Tem coisas sendo quebradas dentro da biblioteca. Só pode ser ela.

— Por que ela quebraria coisas lá dentro?

— Quer ir descobrir? — Emma gostaria de dizer que não, que não queria correr o risco, mas sua curiosidade falou mais alto. Se levantou e acenou para Isa, para então seguir para a biblioteca. Isabela já havia lhe apresentado toda a casa, então não teria problemas em achar nada por ali.

— Jenna? — Chamou sutilmente após deixar três batidas na porta. — Posso entrar?

— Não acho… que seja uma boa ideia, Emma. — Pelo tom de voz, Emma percebeu que Jenna chorava e, sem entender bem o que lhe deu, abriu a porta mesmo assim.

Se deparou com vasos quebrados e livros jogados para todos os lados, mas o que lhe chamou a atenção foi a morena debruçada sobre sua mesa, apoiada em seus punhos. Jenna ergueu a cabeça ao ouvir a porta sendo fechada e se deparou com Emma. A menor percebeu os olhos inchados, as bochechas avermelhadas e lágrimas na face de Jenna.

— O que houve? — Perguntou se aproximando.

— Algo no trabalho. Desculpe, não deveria me ver assim. — Disse enxugando suas próprias lágrimas.
— Como está? Já se acostumou com a casa? — Forçou um sorriso.

— Sim, mas não vim para falarmos de mim. O que houve com você? Por que chorava? — Perguntou, agora já de frente para sua noiva.

— Foi pela pequena batalha que tivemos. — Confessou.

— Perderam?

— Não a batalha. — Emma franziu o cenho.

— Como assim?

— Dois de meus homens morreram. Eles eram… eram boas pessoas. — Disse em um fio de voz. — Eles não deveriam… Foi tudo minha… a culpa foi… — Soluços começaram a escapar de Jenna, inevitavelmente. — Eu não pude fazer nada para ajudá-los, Emma. Absolutamente nada. — Emma sentiu seu coração se apertar ao ver a fragilidade da garota em relação a isso.

— Hey… — Tomou hesitante as mãos de Jenna. — A culpa não foi sua. Você não pode levar todos os seus homens nas costas. Eles sabiam o que poderia acontecer quando se alistaram.

— Mas eles m-morreram para salvar a minha vida. — Jenna disse aos prantos. Emma não resistiu e puxou Jenna para seu colo, começando um carinho leve em seus cabelos, no intuito de acalmá-la.

— Eles estavam cientes disso e se o fizeram era porque acreditavam em você como líder. — Jenna levantou seu olhar para Emma, quem nesse momento só queria que Jenna parasse de chorar.

— V-você acha? — Emma deu um leve sorriso e assentiu.

— Claro que sim. — E depois disso nada mais disseram. Ficaram na mesma posição por alguns minutos, Emma acariciando os cabelos de Jenna enquanto a morena se permitia chorar no colo de sua noiva.

— Jenna? — algumas batidas na porta foram ouvidas e um baixo "pode entrar" de Jenna permitiu a entrada de Sofia. — Desculpe interromper. Só vim perguntar se quer que eu vá anunciar à família deles sobre… Você sabe. — Sofia odiava isso tudo. Sabia que Jenna ficava arrasada sempre que algum deles morria. Jenna sempre negava e sempre dizia que ela mesma iria anunciar à família. Se sentia na obrigação de fazer isso.

— Não. — Jenna negou, levemente mais calma. — Eu mesma vou. É o mínimo que posso… — Sua garganta se fechou e mais lágrimas desceram de seus olhos.

— Você não vai à lugar nenhum. — Emma, em um golpe de coragem, disse de pronto. — Pode ir avisá-los, Sofia. Digo, se não for incomodo.

— De maneira alguma. — Sofia respondeu.

— Mas eu…

— Mas nada. Você está exausta, tanto fisicamente quanto emocionalmente. — Emma falou. — Então você vai deitar no meu colo e eu vou continuar fazendo carinho em você até que se acalme. Depois você vai subir e tomar um banho para ir comer algo e depois descansar. — Emma não sabia de onde tinha vindo isso, só sentiu necessidade de proteger Jenna.

— Tudo bem. — Jenna disse deitando sua cabeça no colo da mais nova novamente. Sofia sorriu com a cena. Essa garota definitivamente faria bem à Jenna e ver isso confortou seu coração.

— Ok. Com licença. — Sofia disse, deixando ambas à sós novamente. Emma continuou sua carícia e minutos depois escutou o leve ressonar da morena, percebendo que ela tinha caído no sono finalmente.

Over The Rainbow • JemmaOnde histórias criam vida. Descubra agora