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O cheiro das flores do campo, mesclado com aquelas ruas de terra e grama para todos os lados fizeram Gwen entortar o nariz. Como alguém conseguia viver em lugares tão singelos assim?
Tinha repulsa a esse tipo de gente que amava a natureza e blá, blá, blá. Para ela eram apenas um bando de caipiras ignorantes. Esse tipo de pessoa não devia se misturar com os nobres de forma alguma. A única pessoa dessa classe que sentira carinho era Rosália, mas apenas porque a mulher ajudou a lhe criar.

Respirou fundo irritada pelo ambiente, mas deu mais alguns passos e bateu na porta. Não demorou muito para ouvir a voz conhecida gritar um "já vai" e esperou impaciente.

— Sim? — A mulher perguntou, ajeitando a postura ao ver que se tratava de Gwen.

— Olá, senhora Myers! — Ela disse sorrindo falsamente.

— Eu sabia que Emma iria me complacer e se penalizar por ter nos feito sair de lá. — A mulher disse rindo vitoriosa. — Claro que não foi ela. A ingênua jamais expulsaria alguém, mas Carlos ficou uma fera. — Esclareceu, vendo Gwen lhe olhar confusa. — Enfim… Agora que sei que a casa ainda é minha irei me mudar hoje mesmo.

— Sinto dizer, mas não vim a mando de Jenna ou Emma. Tenho cara de empregada ou de pombo correio por acaso? — Gwen perguntou entediada.

— O que quer então? — Cristina disse colocando a expressão gélida em seu rosto novamente.

— Te fazer uma pergunta.

— E por que ainda não fez? Está achando que tenho todo o tempo do mundo? — Gwen riu e negou com a cabeça. A mulher havia passado uma semana na mesma casa que ela, mas jamais trocaram um diálogo. Cristina era mais parecida com ela do que poderia imaginar.

— É sobre o ex da Emma. Como ele era? Digo, fisicamente. — Gwen havia levantado suspeitas havia algum tempo. Não era tão ingênua como Jenna e não perderia a oportunidade de ir a fundo nisso.

— Para que quer saber?

— Digamos que… acho que ele está em casa, usando outro nome. — Falou. — A questão é: Preciso saber se é ele ou não.

— E o que eu ganho afundando o casamento da minha filha, sendo que eu que fiz aquilo acontecer? — Perguntou cruzando os braços e Gwen abriu seu maior sorriso.

— Não creio que esteja sendo beneficiada com o casamento de sua filha, certo? — Perguntou, vendo Cristina se mexer inquieta. — Preciso separar Jenna de Emma para que eu possa casar com a herdeira de tudo. — Cristina gargalhou alto ao ouvir aquilo.

— Não fale estupidezes, criança. Por que eu te entregaria meu pote de ouro?

— Porque seu pote se esvaziou, querida. — Foi atrevida em sua frase. — Mas eu costumo ser generosa com as pessoas. Eu poderia te comprar a melhor casa da cidade e te dar uma quantia razoável de dinheiro por mês. — Ofereceu. — Não quero Jenna só pelo dinheiro, então posso ser solidária com quem me ajudar. — Disse olhando em volta. — Vou me casar com ela com ou sem sua ajuda. A diferença é que se me ajudar você se beneficia e eu consigo meu propósito mais rápido. — A mais velha bufou ao ouvir aquilo.

— Cabelos castanhos claros, olhos castanhos, tamanho médio e pele parda. Mais escuro que Emma e mais claro que Jenna. — Gwen sorriu ao confirmar suas suspeitas.

— E ponto para nós, Myers. — Gwen disse sorrindo. — Agora só preciso desmascarar sua filha. Jenna costuma ser idiota com isso de confiança. Não é qualquer cena simples de beijo que a faria acreditar. Ela ficaria para ver a cena toda, a conheço. Mais estúpida impossível. — Concluiu revirando os olhos.

— Acho que posso te ajudar com isso. Digamos que… sou boa em persuadir as pessoas.

— Seu saldo está aumentando comigo. — Gwen disse sorrindo triunfante.

— Bem, infelizmente Georgie é outro tapado que leva a sério isso de integridade. Então não tente suborná-lo. — Explicou. — Terá que fazer o idiota cair na mentira também. — Falou pensativa.

— E Jenna precisa estar bêbada. Bêbada ela fica mais intensa e não pensa direito. — Gwen disse. — Acha que Emma está tendo um caso com ele?

— Não. Aquela besta se apaixonou de verdade pela esposa. A mãe de Belatriz me contou. — Disse negando com a cabeça. — Vai usar a festa de hoje?

— É a minha grande noite. — Gwen respondeu sorrindo.

— Então já tenho um plano inicial. O resto você desenvolve estando lá. A ingrata da minha filha não me convida mais para as festas. — Falou irritada.

— Sou toda ouvidos, senhora Myers.

Algumas horas depois.

Georgie se arrumava para a festa na mansão Ortega, nesse momento terminava de fazer o nó em sua gravata. Estava disposto a partir naquela mesma noite, apenas se desculparia com Emma pelas atrocidades que lhe falara. Seus olhos estavam focados em seu reflexo no espelho, contudo, o barulho de algo roçando o chão lhe prendera a atenção.

Caminhou até a porta e reparou o papel branco ali. Confuso, se abaixou e capturou o papel em suas mãos. Viu que era um bilhete e não aguentou a curiosidade, abrindo e começando a ler.

"Querido Georgie, eu sei que tenho sido uma idiota em ignorar meu coração, mas hoje caí na realidade. E essa realidade diz que sempre te amei, desde o dia onde seus olhos se encontraram com os meus quando você foi comprar frutas na barraca da minha mãe, se lembra?"

O homem sorriu, assentindo sozinho para o papel. Não conhecia a letra de Emma, mas julgara ser bastante delicada.

"Não posso pedir o divórcio, Jenna é uma boa mulher, mas fica agressiva quando as coisas não saem do seu jeito e justamente por isso sigo dizendo a ela que a amo, sendo que meu coração pertence só a você."

Te ofereço uma saída, poderíamos fugir juntos. Me encontre na biblioteca as vinte e três horas se ainda estiver disposto a ficar comigo.
Com amor, sua Emma.»

— Eu sabia que você não poderia ter me esquecido em tão pouco tempo, meu amor. — Ele disse beijando o papel. Sorria para os ventos e olhou em seu relógio. Marcava sete e trinta e dois da noite. Em menos de quatro horas sua vida voltaria ao normal. Emma e ele juntos.

//

Que patético, Gwen.
fazendo tudo por amor...

Over The Rainbow • JemmaOnde histórias criam vida. Descubra agora