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— Hey… Te achei. — Emma disse ainda arfando. Havia corrido muito, muito mesmo. Achou Jenna sentada no pé de sua cama, abaixada de um jeito que, se Emma não entrasse no quarto, não conseguiria ver Jenna. — Babycake… — Emma disse ao fechar a porta. As únicas luzes ali eram as vindas do abajur, já que as cortinas estavam fechadas. Se aproximou dela, se sentando cautelosamente ao seu lado no chão.

— Há quanto tempo? — Jenna perguntou com a voz neutra. Seus olhos estavam escondidos, pois sua cabeça estava encostada em seu braço, apoiado nos joelhos, de modo que Jenna olhava para seu próprio colo e ninguém conseguiria ver seu rosto.

— Desconfio há algum tempo, mas só ontem tive a certeza. — Confessou deixando um longo suspiro se esvair. Jenna levantou a cabeça rapidamente e lhe fitou.

— Jura? — Emma apenas fez um leve balançar de cabeça assentindo e Jenna se jogou em seus braços de supetão.

— Pensei que tivesse me enganado também. — Disse se entregando ao choro que estava preso em sua garganta. Emma sentiu o abraço forte demais, mas como não a machucava deixou Jenna assim mesmo. Sua mão direita foi aos cabelos de sua esposa, em uma carícia calma.

— Eu disse ontem a você que não me cabia te contar isso. — Falou calma. — Como está?

— Horrível. — Jenna disse chorando intensamente. Emma odiava ver Jenna chorar assim, mas sabia que seria bom extravasar.

— Eu sinto muito não…

— Você não tem culpa de nada, Emy. — Falou reprimindo alguns soluços. — Ela não podia ter feito isso comigo. Não podia ser minha mãe. — A frustração na voz de Jenna era notória. Emma apenas continuou sua carícia por vários minutos em silêncio, deixando Jenna chorar e desabafar. Não seria fácil para ninguém passar por semelhante situação. Depois de algum tempo Jenna foi se acalmando gradativamente.

— Bae… Eu não entendo algo… — Emma decidiu quebrar o silêncio. — Se você ama tanto Rosália, que agora sabemos que se chama Nicole, por que é tão ruim a ideia de ela ser sua mãe?

— Você não entende…? — Jenna disse se aninhando mais nos braços da mais nova. — Ela mentiu para mim a vida inteira. Ela sempre esteve aqui, mas me fez acreditar que não, que minha mãe não me amava o suficiente. — Falou com a voz embargada. — Ela me traiu, Emma. Me fez achar que eu não era digna do amor de uma mãe. Me fez pensar longas noites em qual seria meu defeito, no porquê de uma mãe abandonar uma filha tão pequena.

— Vem aqui. — Emma disse retirando os sapatos e se levantando, se deitando na cama. Jenna a seguiu e em segundos voltou a se aninhar em seu abraço como um filhote de gato. — Você deveria terminar de ouvir a história dela.

— Emma, você é a minha esposa. Deveria estar ao meu lado. — Jenna disse fazendo um bico. Ainda chorava, mas Emma soube que dessa vez era manha.

— Hey… — Emma disse segurando seu rosto com ambas as mãos, fazendo Jenna olhar em seus olhos. — Eu sempre estarei ao seu lado, certo? Só quero que clareie os pensamentos

— Jenna assentiu e lhe abraçou novamente. — Posso te pedir algo? — Jenna sussurrou.

— O que quiser.

— Me dá um beijo? — Falou ao erguer a cabeça, deixando seu rosto próximo ao de Emma.

— Não precisa me pedir algo assim. Meus beijos são todos seus. — Emma disse se inclinando e selando os lábios de Jenna. Só queria tirar toda a dor do coração de Jenna. Se pudesse pegar para ela a dor, pegaria, não suportava ver Jenna tão vulnerável.

— Seu beijo me acalma. — Jenna disse no intervalo de um selinho e outro.

— Bom saber disso. — Emma disse sorrindo fraco no fim do último selinho, mas sua respiração oscilou ao ver Jenna lhe olhar de uma forma intensa. Sentiu seu coração se acelerar e seu corpo esquentar. Não era certo pensar nisso agora. Não era. — Jen? — Chamou baixo quando Jenna se inclinou mais e deixou um beijo em seu pescoço.

— Hm? — Jenna disse subindo uma trilha de beijos até o lóbulo de sua orelha, onde mordeu delicadamente. Emma tremeu levemente e fechou os olhos desfrutando da sensação.

— Está me seduzindo? — Perguntou rindo. Jenna parou o que fazia e lhe fitou fixamente.

— Eu preciso? — Emma riu e lhe deu um tapa no braço de leve.

— Não quero… Você sabe… — Ela disse e Jenna assentiu, se inclinando devagar e tomando seus lábios em um beijo caloroso. Jamais se acostumaria com a sensação em seu estômago cada vez que sentia a língua de Jenna tocando a sua. Gemeu baixinho quando Jenna acariciou sua coxa, para logo apertar de uma forma estratégica. — Jen… — Tentou novamente entre o beijo, com a voz falhada.

— Desculpe. — Jenna disse aplicando força ao fechar os olhos. Respirou fundo e voltou a abrir os mesmos.

— Não tem que se desculpar, tonta. — Emma disse passando o dedo indicador sobre o nariz de Jenna.

— Claro que tenho. Você disse que não queria e eu…

— Não é que eu não queira. — Se retratou prontamente. — Porque se você pudesse sentir como fica a minha calcinha cada vez que me beija assim… — Falou vagarosamente, com a voz ligeiramente mais rouca, livre de vergonha, mordendo seu lábio inferior.

— Emma… — Jenna disse, apertando o maxilar para conter o desejo de gemer ao ouvir aquilo. — Dizer isso não ajuda. — Falou rindo, porém em seus olhos ainda era possível ver a chama do desejo.

— O fato é que… Bem, eu quero que nossa primeira vez seja incrível. — Confessou corando levemente. — E você está triste, com a mente cheia. Não quero ser seu escape. Não quero que façamos isso enquanto você pensa na sua mãe.

— Oh meu Deus. — Jenna disse horrorizada. — Ela não é… Eu não pensaria… — Diante do olhar severo de Emma apenas se deu por vencida, deixando seus ombros caírem. — Entendi seu ponto. Desculpe.

— Não se desculpe. — Falou segurando a mão de Jenna. — É que eu quero que seja especial. Eu nunca… tive relações com mais ninguém. — Disse abaixando o olhar para as mãos delas entrelaçadas sobre a cama. — Eu sei que pode parecer patético e que você já deve ter saído com várias, mas…

— Zero. — Emma franziu uma sobrancelha.

— O quê?

— Eu disse zero.

— Zero o quê? — Perguntou confusa.

— Esse é o número exato das várias mulheres com quem estive. — Emma lhe fitou surpresa.

— Mas então como você… Como sabe que…

— Diz uma coisa… — Jenna disse deslizando seu dedo indicador da mão livre pela coxa de Emma em uma carícia torturante, fazendo ele parar quase na virilha da garota. Emma quase gemeu diante do tesão que sentiu subitamente. — Se sente atraída por mim? — Emma assentiu com a respiração completamente desregulada. — E uma pessoa heterossexual sentiria isso? — Perguntou, brincando com seu dedo em uma zona perigosa. Emma apenas negou com a cabeça, quase sem ar.

— Eu não sei o que eu sou… Eu gostava de homens, tenho certeza, mas…

— O termo correto é bissexual. — Jenna disse se forçando a retirar a mão de onde estava. O corpo de Emma quase gritou de raiva diante da falta de calor, no entanto sua mente agradeceu.

— Como?

— Bissexual. Quem gosta tanto de pessoas do sexo masculino quanto do sexo feminino. Às vezes você pode gostar mais de homem ou mais de mulher, mas não deixa de ser sentir atraído por ambos os sexos.

— Oh. — Emma desconhecia o termo. Onde viviam o preconceito era imenso. Quem era, geralmente, escondia isso somente para si mesmo. Jenna tivera a coragem de revelar para todos, mas por ser a comandante ninguém lhe faltava com o respeito. Com o tempo os moradores dali passaram a entender que não era nada demais a orientação sexual das pessoas, mas ainda existia muitos com um terrível preconceito.

— E eu sou homossexual. Nunca tive relação sexual com ninguém, mas jamais me senti atraída por nenhum garoto. — Confessou. — Não preciso de sexo para saber do que gosto.

— Entendo bem. — Emma disse ainda se recuperando das provocações de sua esposa. — Então nunca ficou com ninguém, hm? — Emma perguntou sorrindo. Estava feliz de repente. Saber que Jenna não tinha estado com outra pessoa lhe fazia sorrir bobamente.

— Para sexo não. — Disse e Emma tentou se concentrar na parte boa, e não na parte onde seu cérebro lhe fazia imaginar Jenna beijando outra mulher. Não que imaginasse que Jenna nunca tivesse beijado ninguém, e, bem, ela também já havia beijado antes de Jenna, mas o formigamento de raiva que lhe surgia ao pensar em Jenna com outra pessoa era inevitável. — E eu também quero que seja especial.

— Certo. — Emma disse encostando sua testa na de Jenna. O olhar da mais velha de tristeza voltou a aparecer e Emma acariciou o seu rosto. — Vai ficar tudo bem. — Sussurrou.

— Será?

— Estou tão certa disso.

— E por quê? — Jenna perguntou sentindo a carícia de Emma.

— Porque me casei com uma mulher tão madura… — Falou baixinho. — Tão honrada, tão justa… E por isso sei que quando a sua raiva passar você fará a coisa certa.

— Mas…

— Sem "mas". Só deita aqui comigo e me abraça. — E no momento seguinte ambas estavam abraçadas sobre a cama de casal.

Over The Rainbow • JemmaOnde histórias criam vida. Descubra agora