— Você não deveria ter acordado as patroas, homem teimoso. — Rosália disse negando com a cabeça.
— Ele fez certo em nos avisar. Se o doutor dissesse que você precisava ir ao hospital eu precisaria mandar alguém preparar a carroceria para levá-la. — Jenna disse. Emma apenas assentiu, estava abraçando sua esposa por trás, com a cabeça apoiada em seu ombro.
— Mandei levar seu sangue para análise e, por se tratar de alguém daqui da casa principal, em algumas horas já saberemos o que houve, mas aparentemente foi algum estresse que sofreu. Dores no peito não são um bom sinal. — O doutor Harding disse.
— Eu estou bem. — Rosália disse. — Me levantei apenas para tomar um copo de água e me senti mal, mas foi algo passageiro.
— Se você não tivesse caído na frente de meu quarto eu não teria ouvido. — Jerry disse, acariciando o braço da mulher.
— Enquanto isso precisa de repouso. São algumas horas só até termos o resultado, mas mesmo assim. É sempre bom prevenir.
— Ótimo. Então já podem voltar a dormir. Eu ficarei bem. — Rosália disse, mas ninguém se moveu. — Ouviram o homem. Preciso descansar. — Falou firme, elevando a voz e todos riram, assentindo.
— Não pretendo sair daqui. — Jenna disse se desvencilhando de Emma, se aproximou e segurando a mão da mulher. Rosália lhe olhou com ternura.
— Oh, minha menina. — Disse enquanto uma de suas mãos seguravam o rosto de Jenna. — Sempre tão preocupada. — Sorriu. — Mas eu ficarei bem, foi só um susto, não se preocupe. No momento eu só preciso que me faça um favor.
— Qualquer um.
— Volte para seu quarto, para o aconchego de sua esposa. Pela manhã nos vemos. — Jenna a olhou e entortou a boca, fazendo Rosália rir alto. — Não seja desobediente.
— Tudo bem. — Se rendeu. — Volto logo pela manhã ou assim que o doutor tiver os resultados. — Jenna disse dando um beijo na testa de Rosália. — Se cuida. — Acariciou a mão da mulher uma última vez.
O doutor saiu, junto com os outros empregados.
— Boa noite, meninas! — Rosália disse e Jenna segurou os dedos de sua esposa.
— Vai na frente, quero trocar uma palavrinha com Rosália antes. Já te alcanço. — Emma disse e Jenna assentiu, se inclinando e fazendo Emma segurar seu rosto enquanto suas bocas se encontravam em um terno encostar de lábios.
— Boa noite, Rosália. — Jenna disse, saindo do quarto logo em seguida. Emma caminhou até a beira da cama da mulher, que sorria.
— Você é mais esperta do que pensei, criança. — Ela disse e Emma sorriu compreensiva. — Como descobriu?
— Bem, primeiro desconfiei porque sempre que Jenna menciona a mãe dela você fica pálida. Segundo porque você a olha de uma forma única. Terceiro porque comecei a reparar bem e os olhos são os mesmos, alguns traços também, não precisa ser muito gênio para descobrir depois de se estar desconfiada e, bem, por último… você esqueceu de fechar a caixa de lembranças dela, que está em cima de sua cômoda. — Disse apontando para a cômoda marrom escura do lugar. Rosália arregalou os olhos e Emma logo segurou sua mão. — Ela não reparou, não se preocupe.
— Sou uma covarde. — A mulher disse segurando as lágrimas.
— Por que nunca a contou? Por que diz se chamar Rosália quando na verdade se chama Nicole?
— O pai dela aceitou me deixar perto de Jenna depois de tanto que insisti, mas somente sob essas condições.
— Mas depois que ele se foi…
— Oh, querida, Rosália é a empregada favorita de Jenna. Ela me adora, me mima, me obedece e me respeita; me valoriza e cuida de mim, me permite cuidar dela também. — Disse sorrindo orgulhosa. — Nicole é só… — Suspirou. — Só uma prostituta, que escondeu a verdade da filha a vida inteira. Ela me odiaria! Então para que dizer a verdade e só trazer dor e destruição?
— Ela merece saber. — Emma disse, apesar de entender o ponto de vista da mulher mais velha. — Jenna não te julgaria pelo seu passado.
— Não quer mentir para ela, hm? — Nicole disse sorrindo e Emma assentiu timidamente.
— Ela e eu estamos nos dando bem e eu não queria construir nada em cima de mentiras. — Confessou cabisbaixa.
— Você aprendeu a amá-la, estou errada? — Emma corou e mordeu seu lábio inferior.
— Não sei se é amor. — Nicole deixou uma risada gostosa escapar de seus lábios.
— Diga-me, criança… Como se sente quando está com ela? — Os olhos de Emma brilharam ao lembrar-se de Jenna.
— Plena. — Emma respondeu com um sorriso brincando em seus lábios. — E ao mesmo tempo perdida. É como se com ela eu me achasse e me perdesse ao mesmo tempo. — Constatou. — Quando ela vai trabalhar me sinto… vazia, mas quando ela volta não me contenho de tanta alegria. — Disse mordendo seu lábio inferior. — Também tenho sentimentos ruins, como quando ela está perto de Gwen. Tenho vontade de esganá-la por ser tão sonsa e não saber dizer não àquela garota. — Falou trincando o maxilar e Nicole riu, sabendo que se tratava de ciúmes.
— Voc…
— Ela tem aqueles olhos, que me olham com tanto afeto que tenho vontade de mergulhar neles e nunca mais sair daquelas águas. — Nicole sorriu ao ouvir o comentário da nora. — Mas não é só a beleza que me prende, sabe? Algo na paciência e doçura dela me cativa. Jenna é doce, delicada, paciente e benevolente. — Disse com sinceridade. — É madura, responsável, gentil, honesta… Não consigo reunir todas as qualidades, mas sei que tem muito mais.
— E ainda diz que não é amor…
— Acho que é cedo demais para dizer que é amor, mas com certeza estou apaixonada por ela. — Emma confessou. — Perdidamente apaixonada e só agora posso ver isso. Precisei quase perdê-la para perceber isso.
— Por que quase a perdeu? — Nicole perguntou curiosa.
— Digamos que desconfiei de algo estúpido.
— Bem, não volte a cometer o mesmo erro. jenna é uma espécie rara de ser humano bondoso. Não se acha muitos dela por aí. — Nicole disse, segurando a mão de Emma com uma mão e dando leves batidinhas com a outra. — Me responda algo, criança… Se Jenna te dissesse que é infeliz ao seu lado, que deseja a separação por estar apaixonada por outra pessoa, você deixaria ela livre? — Emma sentiu seu peito contrair ao imaginar a cena.
— Eu… insistiria, lutaria por ela. Não posso deixá-la ir tão fácil assim. — Falou. — Mas se nada do que eu fizesse adiantasse… — Entortou a boca e suspirou. — Bem, eu quero muito que Jenna seja feliz, Nicole. Ela merece. — Sussurrou.
— Então se divorciaria?
— Sim. — Confessou em tom baixo. — Ela merece a felicidade mais do que qualquer pessoa no mundo e eu não tenho o direito de prendê-la; de privá-la de ser feliz.
— Então escute o que vou lhe dizer, querida. — Nicole disse, encarando-a nos olhos. — A paixão é intensa, ardente, algo incrível, mas também é egoísta. — Falou. — Você até pode estar apaixonada por Jenna também, mas seu amor por ela está presente. Você está disposta a abrir mão dela para deixá-la ser feliz com outra pessoa, mesmo a querendo. — Apontou os fatos. — Só o amor é generoso assim; só o amor é capaz de dar essa liberdade, apesar da dor. — Emma lhe fitou compenetrada. — O amor não é questão de tempo; não é sobre ser cedo demais ou não; é sobre sentir, se dar; é sobre o respeito mútuo e o desejo de sempre querer bem o outro; é sobre não ser egoísta. Você está sim apaixonada por ela. Essas coisas de frio na barriga, ansiedade, saudade, desespero, desejo intenso e ciúmes infundado é coisa da paixão. O amor é mais maduro, mas apesar de ter todos os sintomas da paixão, você a ama. — Falou convicta. — E, querida, amar alguém e estar apaixonada por essa mesma pessoa ao mesmo tempo é algo incrível. Nada mais bonito do que a mistura dos dois.
— Uau. — Emma disse analisando cada palavra palavra dita por Nicole.
— Vocês merecem ser felizes juntas já que partilham do mesmo sentimento. — Disse sorrindo, com lágrimas nos olhos. — Jenna nunca foi tão feliz como tem sido ultimamente e eu não vou me permitir acabar com o casamento de vocês. — Ela disse. — Jamais me perdoaria… Então vou contar a verdade a ela, só me dê um tempo.
— Está ótimo para mim. — Emma disse sorrindo. — E, Nicole… Ela não te odiaria jamais. Jenna é a pessoa mais preciosa que conheço na vida. Ela pode até ficar com raiva por um tempo, mas vai te entender.
— Assim espero, querida. — Disse em um tom fraterno. — Agora volte para suas atividades sexuais. — Emma arregalou os olhos e olhou para a mulher, que gargalhou.
— Nós não… — Sua voz era puro embaraço.
— Oh, por favor… Ambas chegaram aqui com os robes totalmente tortos no corpo, com os cabelos desgrenhados e com os seios avisando que, se não estavam com frio… — Deu um olhar sugestivo sem dizer mais nada e Emma enrubesceu ainda mais.
— Não acho que esse seja um assunto apropriado a se discutir com a minha sogra. — Emma disse timidamente e os olhos de Nicole brilharam ao ouvir ser chamada de sogra.
— Certo. Boa noite, querida. — Emma abriu o maior dos sorrisos.
— Boa noite, Nicole.— O que queria com ela?
— Segredo. — Emma disse ao fechar a porta. Retirou seu robe, que havia posto por cima da camisola curta, e se aninhou entre os braços de Jenna assim que subiu na cama.
— Vai me esconder as coisas então? — Jenna disse em um falso tom de surpresa.
— Nunca! Quando ela decidir te contar você saberá, tudo bem? — Falou, dando um beijo no rosto de Jenna.
— E por que você já não conta?
— Porque esse é um assunto que não me diz respeito. Agora vamos dormir porque já, já o médico volta e estou com sono. — Jenna assentiu, deixando um beijo na testa de sua esposa antes de apagar a luz do abajur e se aconchegar mais com Emma em seus braços.//
Nossa sogrinha tá bem!
O conselho que a Rosália deu para Emma, eu quero que o peguem pra vocês também, saibam diferenciar seu sentimentos
Boa noite e até algum dia.
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Over The Rainbow • Jemma
Romance[CONCLUÍDA] [EM REVISÃO] Over the Rainbow é uma história romântica que se passa no século XX. A protagonista Emma, contrariando as regras da aristocracia a que pertence, se apaixona por Georgie Farmer, um camponês da classe baixa, mas sua mãe, Crist...