Over The Rainbow • Jemma

36

— Senhora Myers Ortega? — O homem chamou quase rangendo os dentes ao se deparar com Emma sentada no colo de Jenna aos beijos com a mesma. A mão de Jenna estava alojada um pouco acima da bunda de Emma, enquanto os braços da mais nova estavam envoltos no pescoço de Jenna. Emma jamais era tão íntima com Georgie quando eles costumavam se beijar, pelo contrário, o beijo deles nunca durava muito porque ela sempre dizia que ele era ansioso demais.

— Hmm? — Ambas as mulheres murmuraram juntas, se virando para o rapaz. Jenna riu e negou com a cabeça, sem perceber Emma tensionar sob a visão do homem.

— Acho que precisará nos chamar pelo primeiro nome, Peter. Ambas somos as senhoras Myers Ortega. — Jenna disse rindo.

— Desculpe, Senhora Jenna. Apenas gostaria de saber onde fica a chave da biblioteca para começar meu trabalho. — Ele disse com as mãos para trás e de cabeça baixa.

— Vou buscar com Jerry, só um minuto. — Jenna disse dando dois tapinhas na coxa de Emma, fazendo a mesma se levantar.

— Eu vou com…

— Não, amor. Já volto. — Jenna disse dando-lhe um selinho rápido antes de sumir de vista.

Emma teria se derretido ao ser chamada de "amor" por Jenna caso Georgie não tivesse se aproximado visivelmente irritado.

— Precisamos conversar, Emma. — Ele disse segurando em seu braço.

— Me solta, Georgie. Não tenho nada para falar com você. — Ela sussurrou assustada.

— Tem sim. — Ele disse olhando para trás para checar se ninguém vinha. — Acho que mereço uma explicação, não acha?

— Georgie…

— Você simplesmente sumiu, Emma. Sem deixar nenhum recado, nenhum sinal… — Ele disse aflito. — E de repente se casa. Sabe como eu fiquei? — Emma suspirou e lhe encarou.

— Por favor, vamos deixar as coisas como estão. — Ela pediu checando ao redor novamente.

— Eu só preciso… Só quero conversar. — Ele disse. — Por favor, Ma. — Emma pensou um pouco. Sabia que ela deveria conversar com o rapaz, mas não queria problemas com Jenna. O olhar desesperado do homem fez Jenna suspirar. Lhe devia uma explicação e por isso, vagarosamente, assentiu.

— Amanhã a tarde, quando Jenna for trabalhar eu te procuro. — Falou baixo. — Mas agora me solte, por favor. Eu não quero problemas com ela. — O rapaz a soltou, lhe fitando confuso.

— Por quê? A desgraçada te bate?

— Aqui está. — Jenna entrou no ambiente sorridente, entregando a chave para o rapaz, fazendo Emma olhar atônita para ela.

— Obrigado, Senhora. Com licença.

— Hey, Peter. — Jenna chamou e o rapaz se virou. — Não precisa se matar de trabalhar, tudo bem? Se sentir fome ou algo assim fique a vontade para vir até a cozinha comer algo. — O rapaz assentiu e olhou para Emma.

— Obrigado. Farei isso, com licença.

— Simpático o rapaz, hm? — Jenna disse. — Um pouco quieto demais, mas gostei dele. — Jenna disse. Emma forçou um sorriso e assentiu abraçando fortemente sua esposa. — Hey, o que foi, Emy?

— Eu só… — Disse apertando forte os braços em volta de Jenna. O cheiro de sua esposa lhe acalmava de certa forma. — Só preciso que me abrace forte e me prometa que tudo vai ficar bem. — Mesmo sem entender Jenna abraçou Emma, tentando confortar sua esposa.

— Eu farei o possível para que tudo sempre esteja bem, hm?

— Promete?

— Prometo.

(...)

Jenna lia distraidamente um livro em sua cama, enquanto Emma estava deitada sobre seu peito, com os olhos concentrados no rosto de sua esposa.

— Não consigo me concentrar sabendo que você está me olhando. — Jenna disse rindo.

— E que tal se… — Emma disse pegando a fitinha vermelha do livro e o colocando na página para marcá-la, fechando o livro logo em seguida e o colocando sobre a mesa de cabeceira ao lado da cama. — Você não se concentrasse no livro por agora, hm? — Emma perguntou deixando um beijo no pescoço de Jenna, fazendo a mulher estremecer.

— Por mim tudo bem. — Jenna disse virando seu rosto para Emma e tentando beijá-la, mas Emma se afastou, fazendo Jenna franzir o cenho.

— Agora que tenho sua atenção podemos conversar sobre Nicole. — Jenna fechou a cara na mesma hora. — Amor… — Emma usou um tom arrastado e pidão. — Por favor, converse com ela. — Deixou um beijo no rosto de Jenna. — Escute o resto de sua história. — Com um beijo no canto dos lábios Jenna não soube se tremera por Emma lhe chamar de "amor", pelo tom arrastado e sensual em sua voz ou pelos quase beijos.

— Emma, ela mentiu para mim.

— Porque seu pai só deixaria ela ficar ao seu lado sob essas condições. — Emma revelou, ganhando ainda mais a atenção de Jenna.

— Ele morreu quando eu tinha vinte. Ela podia…

— Ponha-se no lugar dela. As coisas não são tão fáceis assim. — Jenna a olhou e mordeu o lábio inferior. — Converse com ela, por favor… — Emma disse colando suas bocas finalmente, deixando Jenna sem fôlego. — Por favor, Jen…

— Tudo bem. — Jenna disse. Não conseguia dizer não para Emma e no fundo realmente queria conversar com a mulher, sentia falta dela e queria entender melhor e conhecer a história completa. Sentia-se pronta para isso.

— Eba. — Emma disse sorrindo, enquanto se inclinava e apagava a luz do abajur. Jenna foi surpreendida pela boca cálida de Emma sobre a sua.

Levou a mão até a cintura da mais nova, a puxando mais para si.

Emma invadiu a boca de Jenna sem pedir permissão. Sabia que não precisava e por isso se atreveu a isso. Ela não se cansava de beijar Jenna, poderia passar dias a beijando sem reclamar. Os lábios eram macios e suculentos, fazendo Emma quase querer mordê-los fortemente.

Se inclinou um pouco mais e levou seu dedo indicador até o ombro de Jenna. A marca ainda estava lá, apesar de agora haver apenas uma casquinha sobre a ferida. Acariciou a lembrança daquela batalha e terminou selando os lábios de sua esposa.

— Odeio saber que você sai para essa guerra. Odeio a espera, odeio meu cérebro louco que cria milhões de teorias sobre o pior que poderia te acontecer. — Emma confessou em um sussurro. — Prefiro você aqui, abraçadinha comigo.

— Ah é? — Jenna perguntou sorrindo.

— Sim. — Emma disse deitando sua cabeça sobre o peito de Jenna. Amava escutar as batidas de seu coração.

— Se eu pudesse nunca mais sairia daqui, mas é meu trabalho.

— Que por sinal eu odeio. — Emma falou, sentindo suas pálpebras pesarem diante da carícia de Jenna em seu cabelo. Jenna apenas riu ao ouvir a voz sonolenta de Emma. Sabia que a mais nova sempre dormia com cafunés.

— Vê se sonha comigo, boo. — Emma não sabia se Jenna realmente tinha dito isso ou se havia sido em seu sonho, mas assentiu levemente antes de  cair em um sono profundo.