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— Por que não me acordou? — Emma fechou os olhos assim que ouviu a voz de sua esposa tão rouca e baixa no pé de seu ouvido; seus braços enlaçando a silhueta da menor.

— Acordei muito cedo e vim comer algo antes de te acordar. — Disse com a voz falhada. Estava encostada na mesa decidindo se comeria uma banana ou duas.

— E o que quer comer? — Perguntou com a voz ainda arrastada igual da primeira vez, fazendo Emma se arrepiar inteira.

Jenna deixou alguns beijos no pescoço de Emma, fazendo a mesma se praguejar internamente por ver duplo sentido na frase dita por sua esposa. Não sabia o que estava acontecendo com seu corpo desde que experimentou a sensação de ter os lábios de Jenna colado nos seus. Deveria estar ficando louca, era a única explicação. Engoliu em seco e se virou para sua esposa.

— Ainda não decidi. — Falou, enlaçando seus braços ao redor do pescoço de Jenna.

— Eu te ajudo. — Jenna disse olhando para geladeira, mas Emma levou uma mão até seu rosto e a fez olhá-la novamente.

— Primeiro meu beijo de bom dia. — Disse e Jenna sorriu amplamente. Jamais se acostumaria com Emma pedindo beijos. Se inclinou e colou os lábios nos de sua esposa. Emma sentiu o ligeiro gosto de menta assim que suas línguas se encontraram, devido ao creme dental que Jenna e ela usavam.

— Pelo amor, na cozinha não! — Sofia disse adentrando o lugar, fazendo elas terminarem o beijo. — E você deveria estar pronta, Ortega.

— Hoje não vou trabalhar. Preciso acompanhar o estado de Rosália de perto.

— O que houve com ela?

— Passou mal a noite, já, já o médico passa aí e saberemos.

— Tudo sairá bem, não se preocupe. — Sofia disse e Jenna sorriu fraco, caminhando até a geladeira e retirando algumas coisas de lá. — Mas então… O casal finalmente se acertou, hm? — Perguntou sorrindo enquanto lavava uma maçã.

— Estamos… É… Nós… — Jenna começou sem jeito. Não sabia o que Emma pensava disso, portanto não sabia o que responder.

— Definitivamente sim. — Emma respondeu, fazendo Jenna sorrir bobamente.

— Mas e o chuchu? Já roçaram um no outro?

— Sofia! — Ambas gritaram juntas, fazendo Sofia parar no ar a maçã que levava até boca.

— O que, gente? — Perguntou finalmente mordendo sua maçã. — Pelas caras ainda não.

— É… Emy, será que eu poderia falar com você mais tarde? — Jenna perguntou baixo e sua esposa assentiu. — Perfeito.

Comeram em um silêncio calmo e quando estavam quase acabando Madison, Isa e Gwen chegaram.

— Eba, vou repetir a refeição com vocês para não ser mal educada. — Sofia disse sorrindo satisfeita.

— Vou ver se o médico chegou. — Jenna informou.

— Vou com você. — Emma avisou, se levantando logo em seguida.

— Por que médico? — Isa perguntou preocupada. — Você está bem?

— Estou. Rosália passou mal ontem à noite. Teve dores no peito e os exames ficaram de chegar pela manhã.

— Que horror. Tomara que ela fique bem. — Isa disse.

— É. — Gwen nada mais disse.

— Tenham um bom apetite. — E assim Jenna e Emma saíram pelos enormes corredores da casa.

— Jen…? — Emma chamou assim que descobriram que o médico ainda não tinha chegado. Estavam cruzando o jardim, indo para o quarto de Rosália. — Você disse que queria falar comigo.

— Oh, certo. — Ela disse parando e se virando para Emma. O sol fazia Emma ficar com os olhos ligeiramente franzidos e Jenna podia se ver no reflexo dos olhos da mais nova. — É sobre… sobre nós.

— O que tem? — Emma perguntou.

— Temos nos beijado e tudo mais… — Jenna começou. Estava um tanto sem graça de tocar no assunto, mas precisava saber.

— Sim. E daí? — Emma perguntou rindo.

— Você…hm, se sente à vontade com isso? Digo, eu sei que é estupidez perguntar, mas realmente preciso saber. — Disse fitando o chão. — Não estou forçando a barra? — Emma abriu o mais lindo dos sorrisos e Jenna voltou a falar. — Não é porque estou machucada que se sentiu culpada e está fazendo isso por favor, é? Digo, não creio que seja, mas eu realm…

Foi calada pelos lábios da mais nova, não um beijo de língua, um beijo casto, demorado, apenas para que Jenna parasse de falar.

— Não seja paranoica. — Emma disse rindo ao afastar os lábios dos de Jenna. — Eu que te beijo sempre e não, não estou fazendo isso por pena.

— Então você realmente gosta de me beijar? — Jenna perguntou. Em seus sonhos mais distantes Emma diria um sim.

— Deixa eu ver. — Emma disse sorrindo, enquanto levava sua mão à nuca de Jenna e colava suas bocas novamente. Jenna deveria ser cega se não notava o quanto Emma amava beijar ela. A língua de Emma invadiu a boca de Jenna, fazendo a maior suspirar e se entregar ao beijo. Emma deslizou vagarosamente sua mão livre até as costas de Jenna, adentrando a mesma por baixo da camisa da garota e sentindo a maciez de sua pele sob o toque de seus dedos. — Acho que ainda não decidi. — Emma sussurrou com a boca sobre a de Jenna ainda. — Preciso tentar de novo. — E voltou a beijar sua esposa. Jenna sorriu em meio ao beijo, enquanto puxava Emma mais para si.  Emma sugou o lábio inferior de Jenna e suspirou, aplicando um último selinho antes de fitá-lo nos olhos. — Será que isso responde a sua pergunta? — Perguntou sorrindo.

— Acho que não. — Jenna disse rindo, mas logo ficou séria, respirando fundo. — Eu não quero que faça nada que não queira. Não é porque nos casamos que precisa me beijar, tudo bem?

— Mas eu gosto de te beijar. — Emma finalmente falou, deitando sua cabeça sobre o peito de Jenna.

— Então tudo bem, mas se algum dia eu fizer algo que você não goste, por favor me diga. — Ela sentiu Emma suspirar e a abraçou.

— Você é perfeita demais para ser de verdade. — Disse sorrindo, levantando sua cabeça e depositando um suave beijo na clavícula de Jenna. — E pela primeira vez na vida sou obrigada a concordar com a minha mãe. — Jenna franziu o cenho e a olhou confusa. — Ela me fez um grande favor quando mentiu para mim.

Jenna fitou o chão quieta demais. Esse era um assunto que ela não deveria tocar, mas era inevitável. Imaginar Emma beijando a boca de outra pessoa causava uma dor insuportável.

— Emy...

— Não. Ela realmente me fez um favor. — Emma disse olhando fixamente para Jenna.

— Você… o ama?

— Não. Nunca amei. — Disse convicta. — Um dia pensei estar apaixonada por ele, mas minha mãe disse algo… — Pareceu lembrar das palavras da mãe. — E acho que ela tem razão. Acho que fiquei encantada, ele era gentil, mas se fosse algo mais forte não teria passado tão rápido, não acha?

— Certo. — Jenna disse. — Então posso duelar com ele caso ele venha tentar reconquistar o coração de minha bela senhora? — Perguntou falando igual seu pai. Emma riu e negou com a cabeça.

— Não é preciso duelo algum. Meu coração sabe muito bem com quem quer ficar. — Jenna sentiu seu estômago se revolver ao ouvir isso, mas teve medo de perguntar sobre sentimentos. Ainda era cedo.

— Certo. — Ela disse contendo a vontade insana de sorrir. — Vamos ver Rosália?

— Vamos. — E, enlaçando seus dedos nos de Jenna, caminharam para o quarto da mulher.

Over The Rainbow • JemmaOnde histórias criam vida. Descubra agora