4. Leitura e releitura

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Pov Sarah

Eu sabia que ela ia entender tudo, mas ainda estou impressionada com tudo o que aconteceu.

Eu saí de casa as pressas, não só queria falar o mais rápido possível com Juliette como também notei que havia perdido a noção do tempo e já era bem tarde.

Se bem conheço Juliette depois desses quase dois anos juntas, é que ela ama comida. Então, se vai contar uma notícia ruim: Comida. Se quer deixar o ambiente mais confortável: Comida. Discussão: Comida. Quer que ela te deixe entrar: Comida.

Claro que já tiverem momentos que eu poderia levar o restaurante todo, mas ela me deixaria na portaria do prédio, como foi quando eu tive uma bela de uma crise de ciúmes e acabamos discutindo no meio de uma festa, no meio de várias pessoas e várias câmeras. Ela ficou arretada, claro, por causa do show que eu dei no meio de todo mundo. Na hora eu até me vi com a razão, mas depois que fui analizar tudo consegui entender o porquê da raiva. Foi ridículo o que eu fiz.

Mas agora eu sabia que a situação podia ser um pouco amenizada com uma belo jantar, mesmo achando que ela não estava com raiva. Eu sei que isso não faz muito sentido, pra' que agradar uma pessoa que não tá' com raiva? Simples, porque eu tenho medo dela ficar com raiva.

Passei num restaurante japonês antes de ir para o prédio dela, acabei demorando um pouco e fiquei torcendo pra' ela ainda estar acordada quando eu chegasse. Juliette tinha o costume de dormir cedo, já que tinha que estar de manhã no escritório e não gostava de se atrasar.

O senhor que ficava na portaria já me conhecia e minha entrada era liberada, claro, então deixei o carro no estacionamento do prédio e subi para a portaria, queria falar com ele e pedir um favor.

O seu Sergio não é muito atento a tecnologia, nem a fofoca, então não saberia de nada que estava acontecendo e ia me ajudar sem fazer muita pergunta.

— Boa noite, seu Sergio.

— Boa noite, dona Sarah. A dona Ju tá lá em cima, pode subir. — me olhou com uma cara meio estranha.

— Na verdade, eu queria pedir um favor pro senhor. — ele ficou em silêncio e esperou que eu continuasse — Pode ligar pra Ju e dizer que um entregador veio deixar isso? Eu tô com medo dela tá com raiva de mim. — sorri sem graça.

Ele riu também e não fez pergunta alguma, apenas pegou o telefone e ligou para ela, quando eu vi que ela estava meio receosa com a comida eu mandei uma mensagem e aproveitei para perguntar se podia ir até lá. Como ela não parecia irritada, não me preocupei em subir, mas estava nervosa pois teria que contar de um jeito ou de outro.

Ela pareceu bem surpresa quando me viu, mas não me cumprimentou como sempre, apenas soltou uma piada, isso mostrava que ela não estava com raiva, mas que havia sim algo de errado, já que eu fiquei sem meu beijo de boas vindas.

— Você viu, não foi? — ela tinha visto, com certeza.

— Vi. — tá' vendo? Me fudi.

Apesar do meu desespero consegui explicar tudo e ela entendeu... Ela simplesmente entendeu que era só um contrato, disse que nada ia acontecer com a gente, ia ficar tudo bem... Eu sempre me pergunto o que Juliete fuma pra' ser tão calma.

— Vem pra cá, eu quero ler esse negócio. — depois de eu ter explicado tudo ela pegou a comida que estava no balcão e colocou na mesinha de centro na sala e se jogou no sofá, eu peguei duas cervejas na geladeira e o contrato e sentei ao lado dela — Se a gente achar uma brecha a gente pode resolver isso de uma forma mais simples. Como tu deixasse Maurício como teu representante e disse que a assinatura dele valia pela sua, pra quebrar isso aqui só pagando a multa ou processando geral.

Contrato de paciência - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora