Ao Amanhecer

14 - Negações

– O Bills está muito estranho ultimamente... – Comentou Whis enquanto olhava para a tela do celular.

– Hum... – Ela resmungou. Não estava de muito bom humor naquele dia. – Estranho como?

– Ah, ele não está normal, está dormindo mais do que de costume e quando está acordado, está irritado, nervoso, não dá nem pra chegar perto dele.

Chichi permaneceu em silêncio por um momento e fez o pagamento do livro que acabara de comprar, recebeu o seu produto e se despediu da atendente. Então perguntou:

– Ele está comendo?

– Sim, ele está comendo normalmente, come ração seca e úmida. Também está usando a caixinha de areia normalmente... Não tem nenhuma outra coisa que possa indicar qualquer tipo de sintoma de estar doente, pelo menos não por enquanto. Mas acho que vou levá-lo no veterinário mesmo assim...

– Entendi. Será que ele não está estressado de ficar o dia todo sozinho? – Sugeriu Chichi. – Afinal, você sai para trabalhar de manhã e só volta à noite. Ele deve se sentir sozinho, entediado. Eu já te falei pra arrumar uma companhia para ele. Um outro gatinho pra ele não ficar tão sozinho vai fazer bem.

Whis sentiu o tom meio azedo da amiga com aquele lembrete e revirou os olhos. Sabia o quanto ela podia ser complicada quando estava de com a pá virada.

– É, pode ser... – Ponderou o louro ao pensar no seu bichano mau humorado. – Vou ver se encontro um outro gatinho neste fim de semana.

– Se precisar de ajuda, me avise. – Chichi respondeu conforme caminhava no sentido da saída da livraria.

Naquele momento, no entanto, ela captou o olhar de duas mulheres mais velhas que fizeram uma cara de nojo e uma delas até fez um comentário muito rude com relação ao rapaz louro platinado.

Se Chichi já estava com um fiapo de paciência, aquilo, para ela, fora a gota. Ela bateu o pé no chão e colocou uma das mãos na cintura ao perguntar rudemente:

– O que foi que você falou?

A mulher de cabelos vermelhos e corte chanel a encarou assustada, mas não respondeu nada. Whis que havia escutado também o comentário, apenas a observou de cima a baixo com os braços cruzados enquanto arqueava as sobrancelhas perfeitamente delineadas percebendo o quão cafona eram aquelas sujeitas.

– Repete! Repete que eu quero ouvir você falar isso de novo na minha cara! – Chichi desafiou conforme seu olhar as encarava de forma incisiva.

– Eu adoraria ouvir também o que essas duas... senhoras – Whis disse com uma expressão esnobe enquanto gesticulava – falaram sobre a minha pessoa!

A mulher engoliu em seco e a outra, que também tinha os cabelos ruivos, mas longos e ondulados, apenas sorriu amarelo e respondeu:

– Acho que vocês escutaram errado, a gente estava conversando entre nós, coisas nossas!

– Não escutamos nada errado não, minha senhora, eu ouvi muito bem o que essa daí falou sobre o meu amigo aqui!

– Eu acho que você está enganada... – Dito isso a mulher pegou no braço da maior e saiu andando para os fundos da livraria enquanto Chichi permanecia fuzilando-as com o olhar e só não partiu para cima delas, pois Whis a segurou pelo ombro.

– Amiga... Deixa para lá! O castigo delas é aquele sapato fora de estação que estão usando combinando com aquele blazer prateado horroroso. Quem que usa uma coisa daquela em plena luz do dia? Cruzes!

– Não dá para deixar para lá, não. Que gente sem educação! Merece levar um soco no meio do nariz! – Ela respondeu com raiva.

– É, é, eu concordo, mas-- hei, aquele não é o Goku? – Whis perguntou apontando para o moreno alto e de cabelos rebeldes que acabara de entrar na livraria acompanhado de um outro moreno alto e de cabelo preto preso em um rabo de cavalo.