16 - Escolhas

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Chichi esfregou os olhos que se abriram com a claridade que atravessava a cortina parcialmente fechada e resmungou, tentando situar onde estava, já que não era o seu quarto. Ela se mexeu parcialmente, sentindo um peso em seu abdômen, e foi quando ela se lembrou. Ela olhou para baixo e avistou um braço em cima dela, como se a estivesse segurando, abraçando-a.

A morena virou-se calmamente para o lado e viu uma cabeleira clara e encaracolada – embora os cachos estivessem tão bagunçados que nem podiam mais ser notados. Ela mordeu o lábio inferior o observando enquanto ele ainda dormia pacificamente e relembrando a noite que tivera. Não era na cama dele que ela tivera a intenção de acordar naquela manhã quando saíra de casa no dia anterior.

Mas ali estava ela.

E ao seu lado estava Granola.

Ela suspirou e passou a mão pelos cabelos escuros e embaraçados, se recordando de como fora parar ali. Após sair do bar, Chichi pegou o primeiro taxi que viu encostado na rua e deu o endereço da casa dela, no entanto ela teve uma outra ideia e acabou mudando o percurso da viagem. Ela estava um pouco bêbada, com tesão acumulado e muito, muito irritada, então fez a única coisa impensável que poderia ter feito e ligou para Granola, que estava na cidade. Ele a chamou para ir até o apartamento dele e ela foi. Sem pensar muito. Na verdade, sem pensar nada.

Ao chegar lá, Chichi não perdeu tempo, não era um pedido de ajuda, ela não ligou para ele porque queria conversar, desabafar ou coisa do tipo. Se não, teria ligado para Whis ou Chirai. Era uma chamada para trepar. Ela queria alguém para foder e foi até ele – que já estava afim mesmo. Não tinha nada a perder e nem ele.

No entanto, apesar de Granola tê-la recebido de última hora, sem questionar muito e sem nem saber o que estava acontecendo e ter feito um sexo incrível com ela, Chichi não podia deixar de se sentir um pouco mal com aquilo. Ela o tinha usado e não achava aquilo legal. Se fosse um combinado, se fosse uma transa aleatória com alguém que ela conhecera num bar ou numa festa, era uma coisa, procurar o outro como uma forma de compensação, era outra. Ela não tinha nada contra sexo casual – apesar de seus amigos dizerem que ela não tinha capacidade de fazer isso por sempre se apaixonar pelo cara depois – porém, naquele caso, ela o procurara e fizera sexo com ele por raiva. Raiva de ter pego Goku flertando com outra mulher enquanto ela o esperava para sair com ele do bar. Raiva porque ele a fizera de trouxa, porque se sentia humilhada, se sentia desprezada. Há dias Goku esquivava-se de transar com ela, mas parecia que com outras mulheres aquilo não acontecia. Raiva porque ele provavelmente estava aproveitando o bem e bom enquanto ela ficava que nem uma idiota a ver navios. Mas não naquela noite. Naquela noite ela não ficaria a ver navios. Ela transaria também, ela gozaria também e Goku que fosse à puta que o pariu.

Droga, ela merecia um pouco de prazer também! Por que só os homens podiam ter isso e mulheres não? Por que ela tinha que sentir como se tivesse feito algo errado quando ela não forçara ninguém a nada? Granola fora quem a convidara para ir ao apartamento dele, Granola não era nem um santo inocente também, já era claro seu interesse em levá-la para cama e ele só aproveitara a situação que lhe fora apresentada sem deixar que sua chance fosse jogada pela janela. Ela não deveria se sentir mal por isso, Granola certamente não se sentia.

Chichi murmurou ao esfregar as mãos no rosto, mas parou assim que sentiu o cheiro esquisito que estavam nelas, então se lembrou o que aquelas mãos fizeram e onde estiveram durante a noite. Ela balançou a cabeça e se levantou cuidadosamente para não acordar o homem ao seu lado e foi ao banheiro, mas não antes de pegar o celular e o levar junto.

O aparelho estava desligado desde que chegara no apartamento de Granola, então ainda tinha bastante bateria. Assim que ela ligou começaram a piscar as notificações perdidas, entre elas algumas chamadas e mensagens de texto de Goku. Ela esperava que ele fosse tentar falar com ela, por isso deixara o celular desligado, mas ao mesmo tempo, se perguntara se ele realmente faria isso. Uma parte dela queria que ele a procurasse, embora tivesse uma pontada de receio que isso não fosse acontecer, enquanto havia outra parte que não queria falar com ele. Era contraditório e confuso e ela ficava cada vez mais frustrada.

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