19 - Ao Amanhecer

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O conforto da sua cama nunca fora tão bom quanto naquela noite e Goku jamais imaginara que fosse dormir tão tranquilamente com uma mulher abraçada ao seu corpo. Logo ele, que gostava de espaço e detestava grude. Logo ele, que gostava de se esparramar completamente no colchão e não gostava de nada o agarrando ou o prendendo, pois, além de tudo, ele se mexia muito durante a noite.

Mas ele também nunca dormira tão serenamente quanto naquela noite. Nunca pensara que dormir abraçado com Chichi seria tão bom. Nunca imaginara que não fosse se incomodar com o corpo dela aquecendo o dele, ou com as mãos dela sobre o seu peito, ou com a cabeça dela sobre o seu braço, ou até mesmo os cabelos dela que se alastravam pelo travesseiro e o lençol com os fios que até faziam cocegas no seu nariz, nem mesmo se incomodara com o fato de dividir o seu travesseiro.

Tudo aquilo ao qual ele sempre tivera aversão, subitamente, era extremamente agradável ao lado dela.

Ou talvez não fosse tão subitamente assim, afinal, ele estava apaixonado.

Quando Goku movimentou os braços para firmar o aperto do corpo pequeno da mulher ao seu lado, um vazio o acometeu de repente e os braços atingiram nada mais do que o gelado do lençol sobre a cama. Ele tateou mais algumas vezes, para todas as direções da cama, mas quando sua mão não atingiu nada mais do que o tecido macio, ele abriu os olhos de uma vez e se inclinou, sentando-se sobre o colchão.

Já era de manhã e o quarto estava fracamente iluminado pela luz que entrava pelas frestas da cortina em sua janela. Ele olhou para os lados e tudo parecia igual ao momento em que haviam adormecido, com exceção de que ele estava sozinho. Chichi não estava no quarto.

Uma sensação estranha e desagradável tomou conta de Goku, mas antes que pudesse pensar demais sobre aquilo, ele mirou o relógio na parede que apontava pouco mais de nove horas da manhã e se levantou, vestindo sua camisa – a mesma que Chichi usara na noite anterior. – Ele caminhou para fora do quarto e não viu sinal dela no banheiro, tampouco na sala ou na cozinha e os pertences da morena também não estavam em lugar algum.

Goku sentiu a boca secar e o coração disparar.

Ela fora embora?

Ela fora embora mesmo?

Chichi saíra, sem nem mesmo se despedir?

Aquilo foi como um soco no estômago de Goku e ele não conseguia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo. Ele se negava a acreditar que aquilo estava acontecendo.

Por que ela iria embora? Depois da noite incrível que tiveram juntos. Por quê?

Não fazia sentido para ele. Não entrava em sua cabeça. Não havia motivos para Chichi ter ido embora, ainda mais sem se despedir dele. A única explicação que podia existir era a de que havia sonhado com aquilo tudo, mas o perfume de Chichi em sua camiseta era prova o suficiente de que ela estivera lá.

A não ser que...

Não!

Goku arregalou os olhos com a realização.

Não podia ser!

Ribrianne tinha lhe tirado a maldição. Ela tinha o livrado daquela tormenta. Não podia ser aquilo. Chichi não podia ter ido embora por simplesmente não ter mais interesse nele, como todas as outras mulheres com quem transara nos últimos meses após ter sido amaldiçoado. Não podia ser aquilo. Ele vira, tivera provas, as mulheres que supostamente deveriam desprezá-lo, agora o estavam procurando de novo, estavam indo atrás dele outra vez, estavam no pé dele de novo como ele sempre detestara.

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