𝐀𝐏𝐑𝐈𝐋 𝐆𝐈𝐑𝐋 - 𝖪𝗈𝗄𝗈𝗇𝗈𝗂 𝗁𝖺𝗃𝗂𝗆𝖾

𝐓𝐡𝐢𝐫𝐭𝐲

- O contato visual está ficando meio estranho agora - ele disse para amenizar a situação, e você riu.

- Sim... - Você se afastou do abraço dele e ele se encostou no capô com você, para sua surpresa, você pegou a mão dele e a segurou um pouco mais forte.

Ele ficou surpreso com sua ação repentina, especialmente porque vocês nunca deram as mãos antes. Mas não era desagradável, então ele deixava você brincar com ele, enquanto olhava para o céu e às vezes roubava a visão de você.

- Adorei mesmo - você voltou a falar, enquanto prestava mais atenção nos detalhes da moldura, ele revirou os olhos.

- Pare de me agradecer, drogada. Quer mesmo que eu diga isso? - Ele perguntou e você franziu a testa.

- Dizer o quê? - Ele suspirou ao ver como você parecia inocente.

- Que você merece uma, uma estrela. Porque você brilha tanto quanto uma

Ele disse, e seu estômago se encheu de frio na barriga, por mais comum que seja a frase.

- Estrelas não brilham, elas queimam - você disse em um tom mais baixo, uma espécie de melancolia correndo em suas veias agora.

Ele olhou para você, surpreso com sua mudança repentina de humor e estava prestes a perguntar sobre isso, mas você falou novamente.

- Não é estranho eu estar viva há quase vinte e quatro anos e ainda não saber o sentido de viver?

Ele olhou para você, novamente surpreso com sua mudança de assunto e começou a pensar em sua frase.

O propósito da vida? Isso sempre foi claro para ele. Nunca teve que pensar muito nisso, sabia desde muito jovem o que queria e tinha feito de tudo para o conseguir.

- Sabe, ganhar dinheiro, ganhar... Coisas assim.

- Você não entendeu o que eu quero dizer - você balançou a cabeça e se virou para encará-lo, um olhar mais sério em seu rosto agora.

Ele fez o mesmo, virou-se completamente para você enquanto estava sentado em cima do carro.

- Eles te jogam na vida, tipo, um monte de anos na mão e esperam que você saiba como ou o que fazer com nada além do seu instinto

Ele mordeu o lábio levemente, você sempre teve seu próprio jeito de ver tudo, e mesmo que ele não concordasse com você o tempo todo, você não lhe deu escolha a não ser ouvir sua opinião.

Ele apreciava essa forma de se impor como um ser humano completo e não apenas balançar a cabeça para tudo o que ele dizia.

Por mais clichê que pareça, as mulheres com quem ele costumava sair, estariam provavelmente pensando que, se ficando quietas e bonitas, ganhariam sua atenção.

- Não parece uma experiência psicológica bizarra ou algo assim? - Você perguntou a ele enquanto ele estava imerso em seus pensamentos.

Como ele odiava pensar em você mesmo quando você estava ao lado dele.