5 - Um Dia Comum

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Naquela manhã, acordei com uma disposição renovada. Tomei café com a vovó, e logo saí para o colégio com meus fones de ouvido, imersa em uma melodia tranquila que parecia amenizar minhas preocupações. A brisa fria jogava meu cabelo para trás, e eu ajeitei os óculos, abraçando o casaco contra o corpo enquanto seguia em frente, alisando minhas mechas distraidamente.

Ao chegar ao portão do colégio, Anderson me aguardava com um sorriso acolhedor. Sua presença era reconfortante, como um farol em meio ao caos que minha vida parecia ser recentemente.

— Bom dia, Sophi — saudou ele, sua voz carregando uma familiaridade que aquecia meu coração.

— Bom dia — respondi, esboçando um sorriso tímido. — O que faz aqui?

— Estou te esperando. Não se lembra que prometi te guiar até você decorar o caminho?

— Já decorei — menti, tentando soar convincente. Na verdade, ainda me perdia nos corredores labirínticos. Anderson percebeu minha hesitação e sorriu, apontando a direção correta.

— É por aqui — disse ele, guiando-me com a confiança de quem já conhecia todos os cantos daquele lugar.

A sala de aula parecia uma ilha de estabilidade em meio à tempestade. Agradeci a Anderson e entrei, tentando memorizar o número acima da porta. Precisava gravar aquele detalhe para evitar mais confusões.

A professora começou a aula, e mergulhei nos estudos, determinada a me concentrar. Com a formatura se aproximando, cada minuto contava. O intervalo chegou rápido, e Anderson, fiel à sua promessa, apareceu na porta.

— Vamos? — perguntou ele, seu tom fraternal me lembrando de como era ter um irmão mais velho.

— Vamos.

— Você está de mau humor esta manhã? — ele observou, enquanto caminhávamos pelo corredor movimentado.

— Desculpa, sou do tipo que não consegue estar de bom humor às seis da manhã. Minha cara não ajuda.

Ele riu, sua risada leve dissipando a tensão que eu nem sabia que estava carregando.

— Normal. Seu corpo ainda não se acostumou a levantar cedo.

— Isso é verdade.

No refeitório, pegamos nossas bandejas e nos sentamos na mesma mesa de sempre. Hoje, o menu era hambúrguer, maçã e suco. Anderson, num gesto quase automático, abriu meu suco e colocou o canudo no lugar. A simplicidade do ato me surpreendeu e encantou.

— Como está se sentindo hoje? — perguntou ele, enquanto mastigava sua maçã.

— Melhor do que ontem. E você?

— Também — respondeu ele, terminando sua fruta e me observando. — Não vai comer?

Percebi que estava o observando e comecei a comer, um pouco envergonhada.

— Vou fazer uma pequena reunião na minha casa na sexta-feira. Você está convidada — anunciou ele, casualmente.

— Reunião?

— Sim, reúno algumas pessoas para fazermos pizzas e sobremesas. Faço faculdade de gastronomia à noite e adoro cozinhar. Quero abrir um restaurante quando me formar. Se quiser, pode trabalhar comigo.

Pisquei, tentando processar a oferta generosa e inesperada.

— Vai ser bom experimentar um bolo seu — sorri, animada com a ideia.

— Não vai se arrepender. Me passe seu número, e eu envio o endereço por mensagem. Ou, se preferir, posso te buscar.

— Melhor anotar meu número.

Você Nunca Se FoiOnde histórias criam vida. Descubra agora