O fim de semana com Brenda e Tammy havia sido surpreendentemente agradável, cheio de risadas e novas memórias. Mas, como tudo que é bom, passou rápido demais, e aqui estou eu novamente, indo para mais uma semana de aula.
Naquela manhã, vovó estava ocupada na sua sala, mexendo em alguns papéis importantes. Nem me viu sair. A música alta nos meus fones ajudava a me manter longe dos pensamentos perturbadores que insistiam em voltar, principalmente quando se tratava de Adan. O beijo ainda me incomodava; não sabia se de maneira negativa ou positiva. Era um turbilhão de sentimentos e pensamentos confusos. Como se manter afastada de alguém que você ainda ama sem se sentir arrasada com sua presença?
O sinal abriu e atravessei a rua em direção ao grande portão do colégio Santos Anjos. Os alunos já migravam na mesma direção, enquanto alguns ainda estavam parados, jogando conversa fora. Ao longe, avistei Brenda e Tammy entrando, rindo e conversando. Do outro lado da rua, vi Adan com sua namorada. Ele estava em cima de sua moto, com o capacete no braço, enquanto ela falava algo de braços cruzados, claramente descontente. Seus olhos encontraram os meus, e sua expressão mudou, como se quisesse me dizer algo, mas ignorei e entrei no colégio, indo direto para minha sala.
Não queria me envolver na vida deles; seria como enfiar a mão em um formigueiro. Eu não queria saber de nada entre os dois, e muito menos ser o motivo de alguma briga.
Brenda acenou para que eu me sentasse mais perto dela e Tammy, mas apenas neguei com a cabeça, mostrando que não havia lugar vago, e me mantive no meu canto.
As aulas transcorreram normalmente. Tive que tirar os fones por pedido do professor e tentei prestar atenção nas matérias. Anderson apareceu na porta da sala assim que o sinal soou, e seguimos juntos para o refeitório.
— Foi bem a volta pra casa? — perguntou, pegando sua bandeja.
— Sim, obrigada.
Pegamos nossos almoços e seguimos até nossa mesa habitual.
— As meninas gostaram de você — comentou ele.
— Que meninas?
— Meus amigos. Disseram que você era tímida, mas bem divertida. — sorriu. — A Carol amou te conhecer.
— Gostei bastante deles também. Eles são bem divertidos. Mas, e aquele lance do bolo?
Ele riu e deu uma mordida na comida.
— Eu sempre faço bolo, pizza ou outros pratos quando recebo amigos em casa. O lance do bolo é verdade: toda vez que eu faço, dou a alguém para que corte o primeiro pedaço e ofereça a quem quiser. — sorriu divertido.
— Bem legal isso.
— Sim, a ideia surgiu de repente. Sempre tem aquele lance de dar o primeiro pedaço do bolo numa festa de aniversário. Então pensei: por que só fazer isso em aniversários? Então decidi fazer em casa. Deu super certo.
— Muito bacana essa ideia. Fazem isso na faculdade também?
— Não. Lá é bem descontraído, mas rígido também.
— Todos eles fazem faculdade com você?
— Não, só a Carol, que faz Medicina, e o Adan, que faz Direito.
Balancei a cabeça à menção daquele nome.
— Você tem algo com o Adan? Parecia que vocês já se conheciam — perguntou Anderson, descontraído, enquanto mordia sua maçã.
Certo, ele foi bem direto. Respirei fundo, evitando seu olhar, e voltei a comer. Anderson continuou a me observar, esperando uma resposta. Finalmente, respirei fundo e o encarei.
— Ele é meu ex-namorado.
A surpresa estampou seu rosto. Ele me olhou fixamente enquanto eu continuava a comer, como se aquilo não me afetasse, mas afetava.
— Me desculpa, eu não sabia. Se soubesse, não o teria convidado.
— Não tem problema — dei de ombros. — Não tinha como saber.
Ele me olhou de lado.
— Faz tempo?
— Três anos.
— Ah, pensei que fosse recente.
— Não. Terminamos antes de eu ir embora com meus pais. Na época, morávamos aqui, até meu pai ser promovido e termos que nos mudar.
— Mas vocês não quiseram manter o namoro à distância? — ele perguntou, curioso. Neguei com a cabeça.
— Não.
— Por quê?
— Longa história — suspirei.
— Ainda gosta dele?
Parei de comer e o encarei, piscando algumas vezes. A curiosidade dele estava indo longe demais, e eu não queria dar mais informações do que aquilo.
— Desculpa, não era minha intenção me intrometer — disse, voltando a se alimentar e deixando o assunto de lado.
Eu não lhe respondi, mas meu comportamento já entregava a resposta. Seguimos com assuntos aleatórios até o sinal anunciar a hora de voltar para a sala.
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Você Nunca Se Foi
Ficção AdolescenteApós a trágica perda de seus pais em um acidente de carro, Sophi vê sua vida virar de cabeça para baixo. Ela retorna à casa de sua avó, um refúgio familiar em meio ao caos. A dor da perda é intensa, mas a acolhedora presença da avó lhe oferece um co...