Ao deixar o colégio, avistei Adan do outro lado da rua, embaixo da árvore, conversando com sua namorada. Sua moto estava um pouco distante, na sombra, escondendo-se do sol.A conversa parecia séria, pois Denise o encarava com desaprovação enquanto ouvia atenta o que ele dizia.
Decidi não permanecer ali, poderia causar desconforto, principalmente a mim, caso algum deles me visse.
Segui até minha casa, atenta ao trânsito enquanto ouvia música. Vovó tomava seu café da tarde no jardim, à minha espera. Guardei meu celular e fui até ela.
— Como foi a aula? - quis saber.
— Foi bem diferente, mas legal.
— Que bom que gostou. - sorriu, servindo-me um pouco de chá.
— Vovó, quero pedir sua permissão para ir à casa de um amigo à noite.
— À noite? De quem?
— Do Anderson. Ele vai reunir alguns amigos para assar uma pizza. Não vai ser nada de mais. Não terá drogas nem bebidas.
— Nem sexo?
— Claro que não, vovó!
— Promete não fazer nada que possa se arrepender depois?
— Quando foi que te decepcionei? - a encarei com um leve sorriso.
— Nunca. - sorriu satisfeita.
— Então, pode confiar em mim.
Ela pegou minha mão sobre a mesa e sorriu.
— Está bem. Mas pede para esse Anderson vir te buscar, assim eu posso conhecê-lo e ver com meus próprios olhos se tem um bom caráter.
— Está bem. Obrigada.
Voltamos a beber o chá, e fui para o quarto procurar uma roupa. Só que, naquele instante, percebi que eu não tinha o número dele. Droga, como fui burra em não pedir seu número.
Meu celular apitou, anunciando uma mensagem. Apanhei-o vendo ser um número desconhecido.
"Rua 278 - Centro - Vila Operária. Te vejo à noite. Anderson."
Sorri por aquilo, ele não tinha se esquecido de mandar o endereço.
"Pode vir me buscar? Minha avó quer te conhecer."
Enviei a mensagem e esperei.
"Claro, me manda o endereço."
Pensei por alguns instantes, até que me lembrei do endereço da vovó e o enviei.
"Às 19:00 estou aí."
Bloqueei a tela após ler a mensagem e encarei o guarda-roupa. Eu não sabia que roupa vestir. Seria uma reunião casual. Então, separei um vestido preto que dava na metade da coxa, todo rendado. A gola em V era suave, dava volume, mas era comportado.
Tomei um banho quente e me vesti. O vestido delineava meu corpo, calcei um tamanco branco com salto suave. Mantive meu cabelo solto, fazendo alguns cachos nas pontas. Fiz uma leve maquiagem e ajeitei os óculos. O batom vermelho destacou minha beleza que frequentemente eu escondia atrás dos óculos.
Ficava imaginando que tipo de reunião ele fazia. Quando eu participava das noites das meninas com Elaine e o pessoal da escola, era para fofocar, comer, fazer planos e rir das besteiras que a outra fazia. Era coisa de adolescente, mas quando olhava para Anderson, não conseguia imaginá-lo em uma roda assim. Não sei se era pelo fato de ele ser mais velho e estar na faculdade, mas ele tinha um ar de maturidade, que as meninas não tinham quando se juntavam. E isso me deixou um pouco tensa. Fiquei imaginando se ficaria desconfortável lá ou não.
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Você Nunca Se Foi
Teen FictionApós a trágica perda de seus pais em um acidente de carro, Sophi vê sua vida virar de cabeça para baixo. Ela retorna à casa de sua avó, um refúgio familiar em meio ao caos. A dor da perda é intensa, mas a acolhedora presença da avó lhe oferece um co...