12 - Passeio Com As Amigas

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— Como você está, querida? — indagou a vovó assim que entrei na cozinha pela manhã.

Eu sentia minhas pálpebras pesadas e os olhos doloridos, implorando por mais descanso. Me sentei na cadeira e debrucei sobre a mesa.

— Como foi na casa do seu amigo ontem? — insistiu ela, colocando uma xícara de café na minha frente, o aroma quente invadindo minhas narinas. — Nem te vi chegar.

— Foi bem legal. O Adan estava lá.

— Como assim? — ela perguntou, surpresa.

Dei de ombros, tentando parecer indiferente.

— Ele estava lá. Simples assim, eles são amigos.

— E como foi a noite? Acredito que o clima não ficou cem por cento.

— Não mesmo. Mas, tirando isso, foi bem legal. Anderson fez pizza e um bolo delicioso.

— Isso é bom. E quem te trouxe embora? — ela me olhou desconfiada.

Levantei minha cabeça, encarando a xícara, e suspirei. A cena de Adan não saía da minha mente e me atormentou a noite toda. Aqueles lábios, malditos lábios sedutores...

— Esqueci que eu tenho trabalho pra fazer. Assim que eu terminar, volto pra fazermos alguma coisa, prometo — me levantei, oferecendo-lhe um sorriso fraco. Peguei a xícara e me retirei para o quarto. Naquele momento, a vovó já sabia a resposta.

No quarto, sentei na cama, tomando pequenos goles do café. Coloquei a xícara na penteadeira ao lado e encarei o computador, que permanecia desligado desde que me mudara.

Me sentei na cadeira giratória e reiniciei o aparelho. O computador parecia mais preguiçoso do que eu, demorando uma eternidade para revelar a tela inicial. E lá estava, uma foto minha com Adan, um eco de um tempo que parecia tão distante e, ao mesmo tempo, tão próximo. Por que, de todas as imagens, aquela era a que me saudava?

Meu celular apitou, tirando-me daquele mergulho no passado. Fiquei surpresa ao ver o nome de Brenda no final da mensagem.

**“Vamos dar uma volta? Estou com Tammy no parque. Esperamos por você, espero que não faça essa desfeita.”**

Respirei fundo, sentindo um alívio inesperado. Após uma noite perturbadora, um passeio no parque poderia ser exatamente o que eu precisava.

Desliguei o computador e fui até o guarda-roupa, optando por um vestido rosa que delineava perfeitamente meu corpo. Coloquei um colar com um pingente de coração que descia próximo aos meus seios, realçando minha figura. Deixei o cabelo solto e passei um perfume leve.

Após calçar uma sapatilha, desci as escadas. Vovó estava na varanda, concentrada em seu crochê, enquanto uma melodia suave tocava no seu gravador.

— Vovó, vou dar uma volta no parque com algumas amigas. Volto à tarde — aproximei-me para beijá-la na bochecha, recebendo um sorriso caloroso em troca.

Eu não estava exatamente animada, mas sabia que precisava me distrair.

Enquanto caminhava até o parque, a brisa suave e o ar fresco me envolveram, trazendo uma sensação de renovação que eu não experimentava há tempos. A beleza do lugar me fez recordar de meus pais, um pensamento que ameaçava minha tranquilidade. Mas não, eu não permitiria que a tristeza me tomasse novamente. Antes que pudesse afundar em memórias dolorosas, vi uma figura familiar acenando para mim entre as árvores. Brenda, em seu vestido azul, parecia resplandecente. Tammy, com seu short curto e blusa de alça azul, também irradiava alegria.

— Que bom que você veio — Brenda beijou minha bochecha com um calor inesperado, seguida por Tammy.

— Eu precisava tomar um ar — respondi, e começamos a caminhar pelo parque.

— Estávamos planejando uma festa do pijama — disse Tammy, descontraída.

— Vocês fazem isso? — perguntei, surpresa.

— Claro! É super divertido. E tem muita comida — Tammy sorriu, os olhos brilhando.

— Ora, Tammy! Você só pensa em comer! — brincou Brenda, apontando para uma sorveteria próxima. — Vamos tomar um sorvete.

Seguimos até a sorveteria, pegamos nossos sorvetes e nos acomodamos sob uma grande árvore no parque. O dia estava sendo agradavelmente inesperado, e as meninas se revelaram uma companhia divertida, muito diferente do que eu imaginava. Riam e compartilhavam histórias, cada uma provocando risadas espontâneas.

Eu realmente precisava disso. Pelo menos, por um breve momento, consegui esquecer a culpa de ainda gostar de Adan.

Você Nunca Se FoiOnde histórias criam vida. Descubra agora