O café ao lado do parque estava especialmente movimentado quando Anderson, Adan, e eu chegamos. As pessoas ocupavam as mesas ao ar livre, rindo e conversando sob grandes guarda-sóis. Um aroma delicioso de café fresco e tortas assadas pairava no ar. Sentamos em uma mesa de madeira sombreada por uma árvore, que oferecia uma vista agradável do parque florido.
— Esse lugar é ótimo — comentei, deslizando os olhos pelo menu. — Adoro a torta de maçã daqui.
— Concordo. E o café é excelente — disse Anderson, olhando para Adan. — O que vai pedir?
— Acho que vou de quiche e café gelado — respondeu Adan, sorrindo levemente. — Preciso de algo leve.
Pedimos nossos pratos, e a garçonete anotou tudo rapidamente antes de se afastar, deixando-nos a sós. Houve um breve silêncio, mas, desta vez, não foi desconfortável.
— Lembra da última vez que estivemos aqui? — Adan quebrou o silêncio, olhando para mim. — Foi antes daquela prova difícil de química. Você estava tão nervosa que quase derrubou seu café.
Ri, lembrando da cena.
— Ah, sim! Eu estava tão estressada que nem consegui dormir na noite anterior. Você teve que me acalmar, me convencendo de que passaríamos de qualquer jeito.
— E passamos — ele respondeu com um sorriso. — Mal, mas passamos.
— Foi um milagre, na verdade — disse Anderson, entrando na conversa. — Eu lembro de você comemorando com uma dança ridícula no corredor.
A conversa fluiu naturalmente a partir daí. Falamos sobre a escola, professores que tinham pegado no nosso pé, e até sobre os jogos de futebol que Adan e Anderson costumavam disputar no campo da escola.
— Você ainda joga, Adan? — perguntei, curiosa.
— De vez em quando — respondeu ele, tomando um gole de seu café gelado. — Nada sério. Apenas para descontrair. E você? Ainda arrisca umas pinturas?
Assenti, sentindo uma leve pontada de nostalgia.
— Sim, mas com menos frequência agora. A escola tem me deixado sem tempo.
— Você sempre foi talentosa — disse ele, com um olhar genuíno. — Deveria voltar a pintar mais.
A garçonete voltou com nossos pedidos, colocando uma generosa fatia de torta de maçã à minha frente, uma quiche para Adan e uma caneca fumegante de cappuccino para Anderson. O aroma era inebriante, e logo começamos a saborear nossos pratos.
— E como está o projeto de inglês? — Adan perguntou, olhando para mim entre uma mordida e outra.
— Melhor agora que tenho a ajuda do Anderson — respondi, sorrindo para Anderson. — Ele é um ótimo tutor.
Anderson sorriu, dando de ombros.
— Não é nada demais. Apenas gosto de ajudar. E a Sophi está se esforçando muito.
— Aposto que sim — Adan disse, com um brilho nos olhos. — Você sempre foi determinada.
— Não tanto quanto você, que sabe inglês tão bem e ainda ajuda todos ao redor — brinquei.
— A professora estava impressionada com a sua última redação, Sophi — Anderson acrescentou. — Ela disse que você está fazendo progresso.
— Isso é ótimo de ouvir — disse Adan, genuinamente contente. — Sabia que você conseguiria.
Depois de um tempo, terminamos nossos pratos e pedimos mais café. A conversa continuou leve e descontraída, passando por tópicos como filmes recentes, livros que havíamos lido e planos para o fim de semana. As risadas foram muitas, e parecia que o tempo tinha parado por um momento, nos deixando esquecer qualquer tensão que houvesse entre nós.
Adan olhou para mim, os olhos cheios de uma suavidade que eu não via há muito tempo.
— Fico feliz que possamos estar aqui juntos, como nos velhos tempos.
Eu sorri, sentindo uma onda de calor no peito.
— Eu também, Adan. Sinto que, finalmente, estamos voltando ao que éramos antes.
Anderson olhou de um para o outro, sorrindo satisfeito.
— Amigos de verdade sempre encontram o caminho de volta. Acho que vocês dois provaram isso hoje.
— Concordo — disse Adan, levantando sua xícara. — Um brinde à amizade renovada.
Levantamos nossas xícaras, brindando àquele momento de reconciliação. Foi um gesto simples, mas cheio de significado. Eu sabia que, embora os problemas do passado não pudessem ser apagados, estávamos todos prontos para seguir em frente e reconstruir nossa amizade.
Quando finalmente nos levantamos para ir embora, o sol começava a se pôr, lançando sombras longas pelo parque. Caminhamos juntos, conversando sobre as aulas da semana seguinte e sobre como planejávamos aproveitar o fim de semana.
— Sophi, me avisa se precisar de mais ajuda com o inglês — disse Anderson, enquanto caminhávamos em direção ao ponto de ônibus. — Podemos estudar mais na biblioteca.
— Com certeza — respondi. — Obrigada por toda a ajuda, Anderson. E obrigado, Adan, por me lembrar de como os velhos tempos eram bons.
Adan sorriu, colocando as mãos nos bolsos. — Estamos todos juntos nisso. E quem sabe, talvez possamos fazer disso uma tradição.
Nos despedimos no ponto de ônibus, cada um seguindo seu caminho, mas com uma sensação de renovação e esperança para o futuro. O dia, que começara com dúvidas e tensões, terminara em um tom de amizade e confiança renovada, e eu sabia que, a partir daquele momento, tudo ficaria um pouco mais leve.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Você Nunca Se Foi
Roman pour AdolescentsApós a trágica perda de seus pais em um acidente de carro, Sophi vê sua vida virar de cabeça para baixo. Ela retorna à casa de sua avó, um refúgio familiar em meio ao caos. A dor da perda é intensa, mas a acolhedora presença da avó lhe oferece um co...