16 - Recuperando O Mal Estar

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Após tomar outra medicação no hospital, minha temperatura começou a cair. Fiquei em observação durante um tempo que parecia uma eternidade. Tudo que eu queria era ir embora, deitar na minha cama e dormir até o outro dia.

Anderson estava ao meu lado, sentado em uma cadeira de descanso, insistindo que eu comesse algo.

— Por favor, você não comeu nada desde cedo. Já são quase duas da tarde — insistiu.

— Se eu comer, vou vomitar — murmurei, passando a mão na barriga. A pizza enorme que comi após o jantar estava claramente cobrando seu preço.

— Você devia comer menos pizza. Ouviu o que o médico disse, não? Correr depois de comer daquele jeito fez a comida embrulhar no seu estômago.

— Está bem — resmunguei.

— Você sabe que tenho carro. Por que não me ligou para te buscar?

— Nem pensei nisso. Só me preocupei em chegar no horário.

— Da próxima vez, me avise. Agora coma essa coxinha.

Peguei a coxinha no momento em que meu estômago roncou. Ele definitivamente sentia falta de alimento. Aceitei o suco de caixinha que ele abriu e tomei alguns goles.

— Satisfeito? — perguntei, vendo-o abrir um sorriso.

— Sim.

Nesse instante, minha avó entrou no quarto, claramente preocupada, e veio até mim.

— Por que não me avisou que estava aqui? Esperei você até agora em casa e fiquei preocupada quando não chegou — ela disse, com um tom de repreensão.

— Desculpe, pensei que o médico havia te ligado.

— A escola me avisou quando passei lá para te buscar — ela se virou para Anderson. — Obrigada por trazê-la.

— Imagina, estou aqui para ajudar — ele sorriu.

— Não sabe como fiquei preocupada, e Adan também.

— Adan? — inquiri, surpresa.

— Sim, ele estava comigo na escola. Ele veio também — ela olhou em volta, procurando por ele. — Não sei para onde foi.

— Sabe que não quero vê-lo, vovó. Por que o trouxe?

— Bom... Eu não achei que iria se incomodar tanto...

Ela pareceu chateada com o próprio deslize.

— Vou deixá-las conversarem. Volto depois — disse Anderson, educadamente, saindo do quarto.

— Vocês... — indicou ela, referindo-se a Anderson — estão namorando?

— Claro que não! Anderson é apenas um amigo.

— Sei... — ela se sentou na cadeira ao lado e suspirou. — O que o médico disse?

— Que a pizza de ontem me fez mal.

— Você comeu uma quantidade enorme depois do jantar — observou.

— É que estava deliciosa.

— Da próxima vez vou comprar uma menor.

Sorri.

— Ah — ela se levantou como se lembrasse de algo —, tenho que pegar algo no carro. Espere um instante.

Respirei fundo, e meu estômago resmungou novamente de fome.

— Bom, acho que está na hora de comer — murmurei, acariciando a barriga. — Dessa vez, algo bem saudável. Que tal uma salada?

Sorri com a brincadeira e notei Adan parado na porta, me observando.

— Como se sente? — ele se aproximou, tocando a barra da cama.

— Estou melhor.

— Sua avó estava muito preocupada. Ela foi até minha casa antes de passar no colégio, pensando que você estaria lá — ele sorriu de lado.

— Por que ela pensou isso?

— Não sei.

Ele se sentou na cadeira ao lado, onde minha avó estava, e me observou.

— Pedi para me ligar caso acordasse atrasada. Eu poderia ter ido te buscar.

— Por que eu faria isso? — ergui a sobrancelha.

— Porque somos amigos — disse rapidamente.

— Deveria se preocupar mais com sua namorada. Ela esteve na enfermaria com dor no tornozelo.

— Eu sei — disse, baixando a cabeça e coçando a nuca.

— O que foi? Parece nervoso.

— Nada. Bom, já que você está melhor, acho melhor eu ir.

Eu não disse nada. Queria segurar sua mão e pedir para me fazer companhia, para beijar o topo da minha cabeça como fazia antes, mas isso foi há cinco anos.

— Fique bem. Se precisar de algo, me liga — ele deu um leve sorriso e saiu, esbarrando levemente em Anderson, que parecia estar ali há algum tempo. Eles se cumprimentaram e Adan foi embora, deixando Anderson entrar.

— Como se sente? — perguntou Anderson com um sorriso.

— Bem melhor. A coxinha despertou minha fome.

— Ótimo. Acabei de falar com o médico e ele disse que você está liberada.

— Sério?

— Sim. Quer que eu te leve para casa?

— Não sei, minha avó veio me buscar.

— Tudo bem, então. Nos vemos na escola amanhã?

— Sim, obrigada por se preocupar tanto.

— Imagina — ele acenou e saiu da sala logo em seguida.

Minha avó logo chegou.

— Vi Adan no corredor. Ele veio te ver?

— Sim.

— Vamos para casa?

— Não vejo a hora. Estou com fome.

Ela sorriu.

— Sempre com fome.

Você Nunca Se FoiOnde histórias criam vida. Descubra agora