8 - Visita De Ettan

8 6 0
                                    


Entrei em casa me jogando no sofá, o corpo exausto depois de um longo dia. A casa de Brenda era muito longe, e a caminhada havia me desgastado. Fechei os olhos por um momento, tentando afugentar o cansaço. Eu precisava de um banho bem demorado, um tempo só para mim.

Estava prestes a me levantar quando ouvi risos vindos do jardim dos fundos. Vovó devia estar com visitas. Segui o som, curiosa, e encontrei-a sentada à mesa com um homem alto e forte ao seu lado. Eles interromperam a conversa e me observaram enquanto eu me aproximava, ajustando os óculos para ver melhor. Era Ettan.

— Que bom que chegou, Sophi — vovó sorriu, radiante. — Venha nos fazer companhia.

Sentei-me com eles, sentindo o olhar de Ettan sobre mim.

— Oi, Ettan — cumprimentei-o, tentando parecer casual.

— Oi, Sophi. Como você está?

— Estou bem — murmurei, ajustando os óculos, um pouco nervosa.

— Vou buscar chá para nós — disse vovó, levantando-se.

Olhei para a mesa e vi uma travessa de lasanha coberta com uma tampa de plástico transparente. Provavelmente a Dra. Sara havia mandado para vovó, como nos velhos tempos.

— Minha mãe pediu para trazer para a dona Eliza, como forma de agradecimento — disse Ettan, percebendo meu olhar. — Os medicamentos que sua avó levou para meu pai fizeram um ótimo efeito.

— Que bom. Ele está melhor?

— Sim, está se recuperando bem — ele sorriu, aliviado.

— Fico feliz em saber.

Ettan ficou pensativo por um momento, parecendo buscar as palavras.

— Como era sua vida na outra cidade? — perguntou, tentando iniciar uma conversa descontraída.

— Era bem legal. Eu fazia parte de vários projetos e tinha muitos amigos.

— E como está indo aqui?

— Estou tentando me manter discreta, já que toda aluna nova chama atenção. Mas até que estou indo bem — sorri, e ele retribuiu.

— Fez amizade?

— Mais ou menos. É difícil escolher as pessoas certas.

— Isso é verdade. Mas logo você vai se enturmar.

— Também espero — respondi, com um sorriso tímido.

Senti-me levemente desconfortável sob o olhar atento de Ettan. Se fosse Adan, eu teria congelado.

— E você? — perguntei, tentando desviar o foco.

— Estou fazendo faculdade de Direito.

— Nossa, isso é ótimo!

— Sim, mas agora meu pai quer que eu me case. Ele está insistindo nisso — disse, com uma mistura de desapontamento e humor.

— Por quê?

— Ele diz que está ficando velho e quer me ver casado e com filhos antes que ele se vá.

— Mas você só tem 23 anos. Não é cedo para isso?

— Tente dizer isso ao senhor Edgar — brincou, arrancando-me um sorriso.

Vovó voltou com uma bandeja de chá, servindo-nos e sentando-se.

— Como foi o trabalho com suas amigas? — perguntou ela.

— Foi bem, mas elas não são minhas amigas, vovó.

— Mas podem se tornar — ela disse, esperançosa.

— Não! Elas são loucas — ri, soprando a fumaça da xícara de chá.

— Por que diz isso?

— Elas acham que só porque fizemos um trabalho juntas, podemos criar um robô — debochei.

— E? Eu sei que você adora robótica. Por que recusa?

— Eu gosto, mas no momento é precipitado. Preciso conhecer melhor as pessoas antes de me comprometer. Quem sabe quando eu me formar na faculdade — dei de ombros. — Aí, é outra história.

— Eu te apoio — disse Ettan, tomando um gole de seu chá.

— Quê?

— Em fazer faculdade primeiro. Com mais experiência, você estaria mais preparada para desafios. Robótica não é fácil; é preciso um QI excepcional.

— Exatamente.

Tomei o chá em silêncio, enquanto vovó e Ettan conversavam sobre chás medicinais para ajudar o pai dele. Depois de um tempo, Ettan se levantou.

— Obrigado pelo chá, estava maravilhoso. Mas agora preciso ir.

— Imagina, eu é quem agradeço. Diga à sua mãe que levarei a travessa amanhã.

— Pode deixar, dona Eliza.

Caminhei até a porta de saída com ele. Vovó acompanhou-o até o carro, enquanto eu permaneci junto à porta. Ele entrou no veículo, trocando algumas palavras com vovó antes de se virar para mim, acenando com um sorriso. Acenei de volta, observando-o partir. Seu carro preto e elegante virou a esquina, e vovó voltou para mim, suspirando.

— Ettan é um jovem de ouro. Adoro esse rapaz — disse ela, tocando meu ombro antes de entrar.

Fiquei parada por um momento, pensativa. Adora? O que ela queria dizer com aquilo?

Entrei em casa, as palavras de vovó ecoando em minha mente enquanto subia as escadas para meu quarto. A noite já caía, e uma sensação de inquietação se misturava à minha exaustão. Alguma coisa estava mudando, e eu podia sentir o vento do desconhecido soprando sobre minha vida.

Você Nunca Se FoiOnde histórias criam vida. Descubra agora