P.O.V America
Logo pela manhã da primeira sexta-feira na mansão, Annabeth anunciou que teríamos uma pequena entrevista para um especial na TV Hefesto. Ela parecia meio contrariada em ter que nos avisar daquilo. Ela provavelmente deveria estar fazendo tudo aquilo contra vontade, o que era um pouco difícil de acreditar, mas também deve ser realmente muito cansativo discutir com o Rei do Olimpo. Eu também fui levada a acreditar que ela deve ter tentado dissuadir Zeus da ideia desse reality show, assim como Maxon, mas parecia ter sido um esforço em vão.
Deve ser por isso que estou sentada às cinco da tarde em um estúdio improvisado em algum lugar da mansão. Pelo que Annabeth nos disse, só teríamos de ficar de enfeite lá, sorrindo como bonecas Barbie na estante. Apesar da ideia não me agradar, o que eu poderia fazer?
Lucy, Anne e Mary capricharam no meu look. Costuraram um belo vestido azul bem escuro, um pouco puxado para o Violeta de cintura justa e cauda acetinada, levemente ondulada. A peça era tão maravilhosa que eu não acreditava que havia sido feita especialmente para mim. Depois de me vestirem, fizeram um belo coque com grampos de pérolas. Também de pérolas eram meus brincos e meu colar, cuja a corrente era tão fina e as pérolas tão espaçadas que elas pareciam flutuar sobre minha pele.
Eu olhei-me no espelho e fiquei aliviada ao constatar que ainda era eu. Uma versão bem mais bonita minha, mas ainda eu. Depois que meu nome fora anunciado, temi que eu me tornasse outra pessoa, irreconhecível debaixo de várias camadas de maquiagem e joias. Mas, por enquanto, eu ainda era a boa e velha – um pouco melhorada, admito – America.
No entanto, minhas mãos, assim como sempre, brilhavam de suor por causa da antecipação. Disseram-nos que deveríamos chegar dez minutos antes. Para mim, dez minutos antes eram quinze; para garotas como Celeste eram três ou dois. Por causa disso, as meninas foram chegando aos poucos.
Várias pessoas correm de um lado para o outro, conferindo os últimos detalhes do cenário, que consistia em duas cadeiras no centro do palco e vinte e sete enfileiradas atrás. No meio do corre-corre, várias das selecionadas inspecionam suas aparências num enorme espelho na entrada do estúdio. É uma verdadeira poluição visual e auditiva.
– Senhorita America, por favor, tome um lugar. – diz uma moça baixinha, de cabelos pretos e aqueles fones do pessoal da produção. – Infelizmente, as primeiras fileiras já foram todas ocupadas. – Ela parecia triste por mim.
– Obrigada – agradeço educadamente.
Não fico muito feliz em subir aqueles degrauzinhos com um vestido chique e sandálias de salto alto – aliás, eu precisava mesmo delas? Ninguém veria meus pés mesmo –, mas dei um jeito. Em seguida, Marlee chega. Ela abre um sorriso assim que me vê e vem sentar-se ao meu lado. Ela ter escolhido sentar-se ao meu lado ao invés de ir para a segunda fileira me pareceu um bom sinal. Marlee era fiel, talvez nem se irritasse tanto com as futuras traições de Maxon, o que não era tão ruim, afinal.
Seu vestido é de um amarelo brilhante. Seus cabelos loiros e sua pele levemente bronzeada dão a impressão de que ela literalmente irradia luz. Ela poderia tranquilamente ser a filha de Apolo entre nós... eu aceitaria Deméter com tranquilidade.
– Marlee! – exclamo. – Simplesmente amei seu vestido. Você está deslumbrante!
– Ah, obrigada – ela diz, baixa a cabeça e cora. – Estava com medo de ter exagerado um pouco.
– Que besteira! Confie em mim: você está perfeita!
– Eu queria conversar, mas você não aparecia. Será que podemos nos falar amanhã? – ela pergunta em voz baixa.
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A Seleção Semideusa
FanfictionSe Maxon Schreave não fosse um príncipe querendo encontrar sua esposa, mas um deus grego imortal? E se America Singer não fosse um reles violinista da casta Cinco, mas uma semideusa? E se tudo fosse diferente e aquela Seleção mudasse a vida deles pa...