Capítulo 15 - Monstros sem SA

4.3K 306 27
                                    

P.O.V America

Está tudo um caos.

Mesmo que Éris ainda não tenha aparecido – apesar de eu ainda estar esperando que ela o faça –, tudo está um enorme caos. Soldados gritam ordens; algumas selecionadas estão estéricas; Maxon tenta em vão acalmá-las; outras – filhas de Ares/Marte, presumo – estão berrando, xingando e ameaçando matar a todos; eu estou ainda no mesmo lugar, encarando essa cena de horror, paralisada, como se eu estivesse no 11 de Setembro.

– America? – alguém me chama, ao meu lado.

Viro-me, ainda um pouco em choque, com movimentos lentos e deparo-me com Maxon. Tenho o impulso de me aproximar dele e abraçá-lo, mas me contenho, não sei como seria "recebida", afinal, ontem a tarde, eu havia... hmm... será que há um eufemismo para isso?..chutado ele.

Olhei para ele.

– Tudo bem com você?

– Sim – o sussurro sai de meus lábios automaticamente.

Ele me avalia por alguns momentos.

– Você não parece bem – replica.

Ignoro seu comentário.

– O que acontecerá com as damas de companhia?

Eu estava segura, eu sabia disso. Mesmo que os monstros invadissem, temo que vários dos soldados colocariam suas vidas em risco por nós, depois, se isso falhasse, tenho certeza que algumas filhas de Ares/Marte iradas iriam liquidá-los. Outra linha de defesa eram Percy e Annabeth, lendários matadores de monstros; e eu ainda não podia ignorar que eu, por mais que não fosse uma exímia esgrimista, não estava completamente indefesa. E, por fim, se nada desse certo, Maxon ainda era um deus grego, oras!

Mas e as damas de companhia? Se alguma delas estivesse perto do muro quando os monstros invadiram? Ou se não tiverem tempo de chegar a um lugar seguro? Será que conseguem se defender?

– As damas de companhia? – repete, parecendo perplexo e confuso. – As criadas, você diz?

– Sim, as criadas. – respondo, com paciência. Eu não gosto do termo.

Ele me encara, ainda parecendo um pouco surpreso com a minha pergunta. Encaro-o de volta. Ambos sabemos que só uma pequena parte da população da mansão tem o privilégio de ser protegida pelos guardas. Só porque nós fazemos parte dessa minoria, não quer dizer que os outros também estão seguros.

Meus olhos ficam marejados só de imaginar algo de ruim acontecendo a Anne, Mary e Lucy. Elas são tão boas e prestativas para mim, me ajudaram tanto. Mas não quero chorar. Não agora. Respiro fundo e acelero minha respiração para tentar conter as lágrimas.

– Elas devem estar escondidas. Os funcionários da mansão também têm onde esperar o fim dos ataques. Os guardas avisam rapidamente todo mundo. Elas vão ficar bem. Costumávamos ter um sistema de alarme, mas na última invasão ele foi destruído completamente. Estamos tentando consertar, mas... – Ele suspira.

Olho para o chão, tentando aplacar todas as preocupações na minha cabeça. Como assim "no último ataque"? Isso é frequente? Se aqui não é seguro, por que trouxeram trinta e cinco chamarizes de monstro para se somar aos já existentes?

– America... – Maxon sussurra suavemente.

Levantei o rosto.

– Elas estão bem. Os monstros agiram devagar, e todo mundo aqui sabe o que fazer em caso de emergência.

Concordo, ainda confusa. Permanecemos ali, em silêncio, por alguns minutos, até eu perceber que ele está pronto.

– Maxon – chamo.

A Seleção SemideusaOnde histórias criam vida. Descubra agora