Conflitos: 1

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Aviso de gatilhos envolvendo violência doméstica.
Prometo que serei o menos crua possível com essa situação e não a farei demorar por muito tempo durante a fic, mas é necessária para dar início e seguimento ao enredo.
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O dia por Brasília iniciara com agitação após mais um anúncio de novos ministros do atual governo. Imprensa, ministros já anunciados, acompanhantes, assessorias e telespectadores se amotoavam aos arredores do Palácio do Planalto prontos para saber os nomes incluídos na pasta de ministérios.

Simone Tebet, até então senadora e prestes a ser anunciada como ministra do planejamento e orçamento, fechava os botões, de sua camisa rosada, em seu busto observando atenta seu reflexo no espelho com um sorriso contido no rosto. A ansiedade tomava seus sentidos naquele momento, quando recebera a notícia de que seria designada a um ministério a morena já sequer esperava que fosse acontecer, mas agora seria oficializado e tudo parecia então de fato real. Um novo parágrafo em sua trajetória política iniciara e a mulher mal podia esperar para mostrar todo o seu potencial nessa nova empreitada da vida profissional. Seu coração explodia no peito tamanha era sua emoção neste dia singular, e um fio de tristeza se fez marcante em seu olhar ao recordar seu saudoso pai e desejar que o mesmo estivesse ali para vislumbrar seu progresso e enquanto navegava em recordações nostálgicas e no presente momento que tanto esperara o espelho refletiu a imagem de um homem familiar aos olhos castanhos aflitos. Taciturno o marido se aproximara impaciente colocando mãos grosseiras em ombros tensos e abrindo um sorriso cínico, Eduardo tocou a orelha da esposa com lábios secos e em tom áspero sussurrou audivelmente para a futura ministra que já não tinha mais o mesmo sorriso animado nos lábios e tampouco a ansiedade empolgante no olhar.

- Por acaso a senadora quer chegar atrasada? - Indagou o homem corpulento com irritação - Você sabe bem como odeio atrasos - Ainda com mãos nada gentis o homem continuou a apertar os ombros caídos da morena.

- Eu já estou pronta, Edu! Só estava conferindo se fiquei bem - Em um tom baixo a mulher explicou seu ponto.

- Você sabe que quando uma mulher chega a certa idade não tem o que resolva - Sarcasticamente o governador revirou os olhos e observou severamente o reflexo da mulher no espelho - Termine logo suas inutilidades e venha - Se afastando com indiferença o homem parou com a mão na maçaneta e voltou seu olhar a esposa - Nem mais um minuto de espera, Simone -

- Tudo bem, querido, eu só vou pegar minha bolsa e já vamos - Afirmou a morena soltando uma respiração pesada se afastando do espelho já desgostando da imagem que via de si mesma - Não vou te fazer esperar mais -

- E nem isso você sabe fazer bem, não é? - O homem balançou a cabeça negativamente e abriu a porta - Agora, põe o sorriso no rosto, mesmo que ser ministra não seja isso tudo que você pensa não queremos passar uma impressão ruim -

- Claro, meu amor - Simone inspirou com pesar e forçou um sorriso dissimulado enquanto alcançava sua bolsa na cama.

Simone passou as mãos pelos cabelos escuros, inspirou e respirou por alguns segundos, fechou os olhos e deixou um sorriso acomodado se desenhar amargamente em seus lábios pintados. Deixando o quarto já não sentindo o mesmo entusiasmo a mulher encarou com um olhar vazio o marido, que esperava na sala largado ao sofá com uma expressão irritadiça, e o chamou suavemente para irem. Com desdém o homem levantou-se e passou mais uma vez um olhar desprezível pelo corpo de sua mulher e seguiu a passos largos para fora da casa sendo acompanhado por uma morena levemente abatida. E enquanto seguiam em direção ao local do anúncio, em um silêncio mortal, Simone desejou desesperadamente apenas sumir por alguns minutos e sentir-se feliz outra vez.

Teu toqueOnde histórias criam vida. Descubra agora