Ressuscitando dores: 27

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¡¡¡Aviso que esse capítulo contém gatilhos!!!

Como de praxe recordo que tudo retratado nessa FANFIC não passa de mera ficção.

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Uma noite fria e silenciosa se iniciava. Ester tinha sua pequena nos braços, Lívia a olhava com uma ingenuidade que aquecia seu ser de ternura, a recém nascida abria e fechava as pequenas mãozinhas enquanto sua mãe sorria em meio as lágrimas para ela. Jamais pensou que teria filhos, não era seus planos e nunca foi seu sonho a maternidade, os evitou por muito tempo e agora tendo aquele pequeno ser em seus braços um novo mundo se abria aos seus olhos. Era a pessoa mais apaixonada naquela Terra com a bonequinha que havia gerado em seu ventre.

- Nunca duvide o quanto te amo, minha Lívia... Eu não me vejo mais sem você, sabia?

Chorou baixinho ao pensar que cogitou abortar, não sabia se suportaria lidar com o fruto de um abuso e não queria jogar esse peso em um ser que não pedira para vir a esse mundo. Mas em tão somente ir à uma ultrassonografia e ouvir seus batimentos fortes e rápidos esqueceu cada uma de suas escolhas e focou no diminuto coração bombeando na tela. As lágrimas a tomaram àquela tarde e seu coração explodiu em emoções que ela jamais saberia descrever com a intensidade que mereciam. Ela quis contar a sua irmã, sabia que nela encontraria amparo, por vezes quase contou a sua mãe em ligações trocadas, mas não sabia o que contaria sobre o pai. Guardou para si o peso do que sofreu e levou a gestação sozinha sentindo a alma descansar sempre que sentia um chute de sua pequena se fazendo presente em sua vida. Ela não sabia onde estava sua filha, mas agora que se acolhia entre seus braços sabia que ela sempre existiu... Não sabia onde, mas sua vida nunca foi uma vida só.

-É um amor indescritível, não é minha filha? - Fairte comentou, baixinho, tocando a mãozinha da neta.

- Parece que meu coração vai estourar de tanto amor por ela - Sorriu olhando para sua mãe com um brilho de alegria e tristeza.

- O que te perturba, meu amor? Eu sou sua mãe, vou te entender e apoiar em tudo... Confia em mim, filha - Acariciou o rosto de sua caçula e limpou a lágrima solitária em sua bochecha - Desde que voltou sinto esse peso em você.

- Mãe, eu te juro que não queria isso, que não era minha intenção... Eu tenho nojo do que aconteceu, tenho nojo de mim - Sua respiração falhava e o queixo tremia.

- Me dá ela aqui - Pediu Lívia, que dormia, e colocou no berço.

- Ela é a única coisa boa nisso tudo... - Sussurrou com a voz embargada e o peito afundando em remorso.

- Eu quero que saiba que você não tem culpa de nada, filha, nada - Fairte trouxe a cabeça de sua filha mais nova ao peito e a abraçou para jamais soltar - Me diz quem foi o maldito!

- Foi... foi o E-Eduardo - Confessou com a voz engasgada e fechou os olhos com força agarrada à sua mãe.

- Meu Deus! - Fairte sentiu o coração ser pisado e enfiado na terra - Ester... Me perdoa filha, me perdoa - Implorou a apertando mais forte enquanto as lágrimas escorriam.

- Você não tem culpa, mãe... Esse miserável é o culpado, ele é um desgraçado... - Escondeu o rosto no peito de sua mãe e chorou mais forte - E-ele não pode saber da minha filha... não pode encostar na Lívia - Falou em desespero.

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