Libertação: 10

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Mais um final de semana havia chegado e com ele os dias mais esperados e amados pela Tebet. Estaria em casa, veria suas adoradas filhas e sentiria com isso que o mundo e seus problemas desapareciam por aquelas horas breves, finitas, porém únicas e profundamente gratificantes para seu coração machucado. As recebeu com todo seu amor e, como de praxe, encheu as duas garotas de beijos doces e abraços longos. Se lhe fosse permitido jamais as soltaria e tampouco as afastaria de seu regaço, mas, por hora, teria de sempre se despedir com um pedaço de sua alma ficando com elas.

- O Haddad não veio dessa vez? - Eduarda estranhou, tendo seu leão de pelúcia envolto entre os braços, buscava o "amigo" de sua mãe com um olhar atento pela enorme casa.

- Ele precisava resolver umas coisas, meu amor, mas me pediu para avisar que está com muita saudade de vocês duas - Omitiu o motivo da ausência dele, que era sobre o divórcio litigioso, elas não precisavam saber ou entender daquela complexidade agora.

- Essas "coisas" seria uma briga? - Fernanda cruzou os braços desconfiada e recebeu uma inspiração profunda da mãe enquanto a irmã lhe olhava com espanto e depois direcionava o mesmo olhar para Simone.

- Vocês brigaram mãe? - Os olhos de Eduarda se encheram de lágrimas.

- Não, minha vida! Não brigamos - Ela se ajoelhou na altura da criança, limpando as lágrimas de suas bochechas com os polegares, enquanto lançava um olhar repreensivo para a adolescente de pé ao lado - Ele está com algumas pendências pessoais e é apenas isso, nós dois estamos bem - Colocou mechas de cabelo atrás da orelha de sua filha e sorriu de maneira tranquilizadora.

- De verdade? - Fungou, apertando a pelúcia para mais perto de si - Verdade mesmo que tá tudo bem? - Implorou com o olhar e viu sua mãe esboçar uma expressão penalizada.

- Verdade mesmo, mesmo, mesmo - Sorriu largamente quando a filha lhe abraçou, rodeando os braços em seu pescoço, e a acolheu carinhosamente entre seus braços - Ele adoraria estar aqui com a gente, saiba disso meu amor.

- Desculpa mãe - Fernanda baixou sua cabeça e sentiu-se envergonhada com a situação gerada - Eu só não quero que a Duda se apegue - Admitiu, os olhos queimando em lágrimas, e o coração sentindo-se apegar também.

- Só eu é? - A criança se afastou da mãe e franziu o cenho para sua irmã mais velha, os braços cruzados e a pelúcia no meio - Você tava toda empolgada com aquela luminária "Olha Duda! Ele lembrou de mim também" - Ela levantou uma sobrancelha petulante quando Fernanda a fulminou com o olhar e Simone conteve o riso.

- Venha aqui meu bebê rebelde - Simone se levantou, ao sentir os joelhos reclamarem, e puxou a filha mais velha para um abraço onde descansou a cabeça dela em seu peito - Está gostando também do Haddad? - Acariciou os cabelos escuros dela enquanto a sentia esconder o rosto ruborizada.

- Talvez um pouquinho - Abafou sua voz no peito dela - Ele até que é legal - Ergueu o rosto para encarar sua mãe que sorria com entusiasmo e revirou os olhos com implicância.

- Se ele te escuta dizendo isso cai aí nesse chão todo bobo de alegria - Simone contou, deixando um cheiro no topo da cabeça da adolescente.

- Melhor que ele nem saiba, pra não ficar convencido que ganhou espaço - A menina dissimulou relutância.

- Mas se eu contar ele vai saber sim - Eduarda provocou com um sorriso travesso e recebeu um olhar desafiador de sua irmã.

- Não se atreva Duda - Advertiu, se afastando dos braços de sua mãe.

- Deixa só ele vir na próxima pra ver se eu não conto rapidinho - Deu de ombros.

- Eu vou fechar essa sua boca com fita! - Correu atrás de sua irmã quando a mesma lhe deu a língua e se iniciou uma perseguição com risadas.

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