Estilhaços: 12

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O horror profuso em seus olhos refletindo a imagem daquele homem que tanto lhe fizera sentir que a vida era um inferno. As mãos dele fechavam-se com força em torno de sua garganta, o ar lhe fora arrancado impiedosamente. Seus olhos se abriam em desespero enquanto o homem a encarava com um ódio intenso, a ira em suas mãos violentas parecendo animal, o choque que causava do corpo dela contra o carro parecendo querer quebrar ela e o automóvel ao mesmo tempo. Suas costas queimavam, e seria uma dor beirando o que poderia se dizer insuportável não fosse a falta de oxigênio lhe comprimir os pulmões em agonia. Suas mãos foram até as dele tentando em vão suavizar o aperto feroz, mas nada resolveria, não tinha forças contra seu maldito agressor.

- Sua vagabunda desgraçada - Ele lhe sacudia agressivamente - Eu deveria te matar agora - Vociferou, quase lhe cuspindo o rosto.

- E-eduardo... - Ela tentava falar, implorar por benevolência, mas a fala sufocava em sua garganta assim como o ar inexistente - Pare! - Usou suas últimas forças, os olhos já quase reviravam e a boca abria em uma falha busca por vida.

- Maldita seja! - A largou no chão com força e a viu puxar o ar com gana enquanto tossia - Pensou que iria se livrar de mim, não foi? - Observou a mulher tentar se erguer com dificuldade, passando uma mão pelo pescoço que marcara profusamente.

- Eu... eu não sei do que está falando - Se levantou devagar, todo o corpo reclamando a queda brusca, as palmas das mãos com escoriações pelo atrito com o asfalto.

- Você sabe sim sua puta - Puxou seu cabelo quando ela ficou de pé, deixando seu rosto para cima, o rosto dele próximo ao dela - Aquela emboscada foi sua ideia, não foi? Junto ao seu comunista de merda?

- Você está louco! Não tenho culpa se é metido com tanta coisa errada que tem seus inimigos pessoais - Fechou os olhos sentindo dor de cabeça com o puxão em seu cabelo, o estômago revirando com o enjoo do cheiro dele a atingindo forte - Me largue seu imbecil! - O empurrou com toda a força que possuía e o mesmo cambaleou para trás surpreso com sua atitude - Não se atreva a enconstar em mim de novo! - Gritou, cansada daquela tormenta, temendo por sua bebê.

- Quem você pensa que é, Simone? Acha mesmo que pode exigir alguma coisa, sua cadela?! - Tentou se aproximar outra vez, apertando os braços dela quase a erguendo do chão, mas recebeu um chute e um soco no processo - O que porra deu em você? - Sua voz se elevou, a mão tocando onde recebera o soco.

- Eu te avisei que estava cansada e que não vou tolerar que me bata mais - Respirava ofegante, mais uma pontada em seu ventre a fazendo fechar a mordida, enquanto apertava o punho que doía com o soco - Vai embora, Eduardo! Some da droga da minha vida de uma vez. Você não precisa de mim, não ama as meninas, não suporta ter essa família. Pra quê continuar me atormentando? O que eu te fiz? - As lágrimas ardiam em seus olhos, mas ela não as deixou cair.

- Eu casei com você pra melhorar de vida e tive que aguentar estar casado com você por muito tempo. Agora terá que aguentar minha existência como preço por isso - Bateu mais uma vez o corpo dela contra o carro, a deixando tonta por um segundo.

- Eu tenho que pagar por uma coisa que você escolheu? Você é um doente desgraçado - Colocou as mãos na cabeça, perturbada com tudo que ouvia, sua mente girava como um carrossel.

- Um doente desgraçado ao qual está presa - Riu com sadismo - Se não quiser ficar sem suas filhas continuará quietinha comigo.

- Eu não vou continuar com você e não levará minhas filhas - Apontou um dedo firme no rosto dele - Te denunciei, mas não é uma novidade para você. E farei o que for pra defender minhas filhas, você só chegará perto delas por cima do meu cadáver.

Teu toqueOnde histórias criam vida. Descubra agora