Provocações: 21

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Uma noite parcialmente nublada tomava os céus acima da fazenda. Estavam a poucos passos da virada do ano. Decidiram passar naquele lugar buscando um pouco de tranquilidade e paz, além de quererem preservar o bichinho de estimação das Marias da queima de fogos. Eles haviam passado àquele dia brincando com o cachorro e as duas meninas. Haddad mostrava alguns truques que podiam ensinar ao filhote enquanto as duas filhas da Tebet o ouviam com atenção e tentavam replicar o que fora ensinado. Almoçaram juntos, descansaram sobre a grama tentando adivinhar o que os desenhos nas nuvens eram. Pela noite assaram um bolo juntos, assistiram, comeram algumas guloseimas e então foram até a varanda esperar o aguardado dia 1° de 2024.

Simone tinha Fernanda com a cabeça deitada em seu colo recebendo seu amável carinho enquanto Eduarda estava aos pés de Haddad fazendo um cafuné em Thor que ficara quietinho esperando a virada com eles. O homem tocava delicadamente os cabelos de Eduarda enquanto abraçava a amada pelos ombros. A abraçou carinhosamente e deixou um beijo em sua têmpora. Estavam felizes, não se atreveriam a reclamar do que àquele ano os trouxera. Quando o relógio de pulso do ministro tocou, Fernanda se levantou rapidamente e alcançou os confetes, os estourando para comemorar. Os quatro se levantaram e pensaram ver uma estrela cadente atravessando a imensidão serena. As meninas fecharam os olhos e fizeram um pedido. Os dois adultos sorriram e selaram o momento com um selinho curto e doce. Se abraçaram e então abraçaram as duas meninas. Elas lhes sorria com tanta alegria que mal podiam conter.

- Esse ano sai casamento?! - Eduarda saltitou olhando para a mãe.

- Duda, pelo amor de Deus! - Fernanda bateu em sua própria testa envergonhada.

- Se depender de mim, Dudinha, sai sim - Haddad riu e girou a menina quando essa se jogou animada em seus braços.

- Não vamos meter os pés pelas mãos, digo isso a vocês dois - Apontou para Haddad e Eduarda que a olharam com biquinhos - Podem parar com isso! - Riu.

- Os dois são farinha do mesmo saco - Fernanda brincou e desceu a varanda quando percebeu que uma chuva começava.

- Até o céu tá chorando, mãe - Eduarda gemeu frustrada - Diz que vai ter casamento que para! - Pulou dos braços de Haddad e correu até a chuva.

- Meninas! Vocês vão resfriar - A Tebet repreendeu enquanto as duas meninas já cantavam e giravam sob a chuva que se intensificava.

- Não faz mal uma chuvinha - Haddad ergueu a mulher do chão e correu até as meninas recebendo um gritinho de surpresa da morena.

- Não acredito que fez isso! - Reclamou, sendo levada por ele até a chuva onde se molharam - Fernando! - Bateu no ombro dele quando a soltou.

- Vamos, meu amor, é um dia especial - Ele sorriu quando as meninas chutaram água neles.

- Eu não acho que isso justifica - Ela tentou deixar o gramado enlameado quando escorregou e agarrou-se a Haddad na tentativa de não cair.

- Eita! - Eduarda gargalhou quando os dois adultos caíram ao chão - Lá vai bomba - Gritou, se jogando neles.

- Thor quer que a gente volte - Fernanda avisou quando ouviu o cachorro latir da varanda enquanto sacudia o rabinho.

- Só mais um tempinho Thorzito - Eduarda puxou Fernanda para cair sob os dois adultos também.

Os quatro sorriram felizes e se abraçaram entre a água e a lama. Tudo parecia caminhar para um lindo futuro de uma família que se construiu aos poucos, de maneira inesperada, compartilhando entre si um amor incondicional e tranquilo. Mais tarde tomariam um banho e se livrariam das roupas ensopadas, tomariam chocolate quente com biscoitos e se aqueceriam na grande cama de casal. Com as meninas acolhidas ao meio da cama, e do casal, o edredom os traria conforto e segurança enquanto os braços se encontrariam aconchegantes sob as duas meninas que não conseguiam explicar a alegria que sentiam com a família deles e com o dia que viveram juntos. As energias estavam renovadas e as esperanças bradavam no peito.

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