Contato: 2

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Em Brasília o dia apenas começava radiante e a rotina de cada um se repetia em um ciclo finito.

Simone colocava seu blazer em frente ao espelho de seu quarto e ajeitava seus cabelos com as mãos, seus olhos vazios fitavam seu próprio reflexo com indiferença lembrando de cada uma das palavras desagradáveis e ofensivas que Eduardo usava para descrever sua aparência, seu corpo, suas roupas e os míseros detalhes que a compunha. Suspirando insatisfeita a mesma terminou o que estava fazendo e recolheu o que precisava levar em sua bolsa querendo deixar o mais rápido possível aquele apartamento, sabia que seu marido logo voltaria de suas ilegalidades e corrupções para importunar sua existência o quanto pudesse parecendo adorar infernizar ela com ameaças e avanços agressivos. A morena pensava que não fosse suas filhas ela já teria posto fim naquela tortura física e psicológica que levava anos em suportar, se perguntara em que momento o homem modificou tanto sua personalidade e sua forma de tratá-la com tanta brutalidade e desrespeito, no início de seu relacionamento tudo parecia perfeito e tantos planos foram feitos cheios de amor e cumplicidade. O casamento era harmonioso até o nascimento de suas duas filhas onde o homem se distanciou aos poucos, pareceu cada vez mais se comportar com agressividade e ofensas, percebia uma certa violência nas falas do homem quando discutiam antes de suas duas gestações, porém o mesmo nunca havia se atrevido a agredi-la até o primeiro desentendimento pós segundo parto e dali em diante as coisas só pioraram entre eles e mesmo quando ela tentou fugir daquilo junto as suas filhas o marido se mostrou detentor de contatos perigosos a ameaçando desde então com isso. Colocando a bolsa em seu ombro e conferindo as notificações em seu celular a mulher caminhou até a saída quando encontrou com Eduardo sentado ao sofá da sala com ares de arrogância e poder o que causou um revirar profuso em seu estômago e um calafrio percorreu intensamente sua espinha a fazendo parar em seu caminho tensa e atenta.

- Não sabia que já estava de volta - Comentou com a voz baixa e trêmula.

- E faz diferença? Por acaso queria fazer algo sem que eu soubesse? - Indagou taciturno se levantando do sofá e caminhando predatório até ela - Pretendia o que em minha breve ausência, querida? - Insistiu aproximando seu rosto do dela e apertando seus braços no processo.

- Nada, Edu... Eu só fiz um simples comentário, só queria interagir - Respondeu torcendo o nariz com o cheiro de whisky que exalava da boca do homem com o rosto tão próximo ao seu - Eu preciso ir -

- Você só vai quando eu quiser - Olhou nos olhos dela mortalmente - Pra que a pressa hein? Quer encontrar aquele comunista de merda é? - Apertando mais suas mãos em volta do braço dela a ouviu soltar um gemido de dor.

- Eu não quero encontrar ninguém... Preciso trabalhar - Tentou explicar.

- Você sabe que nem precisaria disso, eu posso sustentar você sozinho - Se irritou.

- Eu gosto do que faço e quero que minhas filhas sejam mantidas com algum dinheiro que seja limpo - Desafiou engolindo em seco quando o homem a pressionou contra a parede com certa força - Eduardo, hoje não, por favor - Pediu temendo a agressão que viria.

- Você tem seu surto e eu que sou o culpado? Isso que dá tentar fingir coragem, Simone - Riu com desprezo - Lembre-se que uma rápida ligação e suas filhas somem da sua vista e você nunca mais as vê - Ameaçou mais uma vez.

- Eu vou tomar cuidado nas minhas palavras, mas deixe minhas filhas em paz... Você sabe que elas estão melhor comigo por perto - Disse com os olhos brilhando em lágrimas não derramadas - Me deixa ir agora, por favor -

Teu toqueOnde histórias criam vida. Descubra agora