Passos de emoções: 4

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O céu brilhava com um sol glorioso, nuvens tímidas e um azulado tomando conta. O clima pacato da fazenda trazia uma paz de espírito necessária para a mulher que lá estava, deixava que o ambiente e o vento ameno levasse consigo seus males.

Quando chegara ao lugar encontrara com suas duas filhas animadas em recebê-la ao lado da avó, que cumprimentou sua filha com um beijo e um abraço, e a deixou a sós com as meninas para que curtissem seu final de semana. Simone abraçou seus dois amores com toda força e as encheu de beijos por todo o rosto, a saudade delas durante a semana a consumia e ali ela depositava todo seu amor guardado no peito para elas. As Marias correspondiam ao carinho com empolgação se agarrando ao pescoço da mãe e deixando beijos mútuos em sua bochecha. Elas faziam questão de acompanhar a mãe até o quarto onde ela ficaria, e mais tarde naquele dia elas pediriam para dormir junto a mulher que aceitaria com um sorriso encorajador e convidativo ansiando por ter seus bebês, já não tão bebês assim, aninhados em seus braços podendo sentir que assim as protegeria do mundo e de seus males assim como a si mesma coberta pelo amor delas.

Na manhã de sábado o ar puro e tranquilo do lugar reafirmava o quão aconchegante era o ambiente para a mãe e suas filhas. Elas acordaram cedo, tomaram um café da manhã animado juntas, conversando sobre a semana das meninas e seus estudos tendo toda a atenção da mulher mais velha. Quando finalizaram o café as três deixaram a fazenda para fazer uma caminhada pelo campo esverdejante, cada uma com uma mão dada a morena, seguiram alegres observando a paisagem esbelta e revigorante do lugar com sorrisos genuinamente felizes desenhados em seus lábios. Pela tarde almoçaram e contaram algumas histórias sentadas ao sofá juntas, assistiram a um filme e se divertiram com as expressões da mãe em relação ao filme escolhido. Ao anoitecer jogaram alguns jogos de tabuleiro tendo comemorações empolgantes das meninas e lábios tortos da mãe ao dissimular uma frustração ao perder e risos frouxos tomavam conta das quatro paredes. Curtiam cada segundo de companhia ali, valorizavam os pequenos detalhes daquele final de semana para o usar de energia durante a dura semana que se seguiria a partir dali.

Na manhã de domingo as três se sentaram à varanda do lugar, tomando um chocolate quente com biscoitos e observando o céu se desenhando em seus tons mais majestosos pelo horizonte. Olhares já de saudades e esperança invadiam as órbitas delas. As meninas tinham a cabeça descansada em cada ombro de Simone com os semblantes menos felizes do que os que a recebeu, ela entendia a dor delas pois sentia igual, com as mãos livres ela deixou um cafuné tranquilo na cabeça de ambas enquanto respirava pesado. Não queria deixar aquele lugar, não queria deixar suas filhas, não queria voltar ao inferno do qual apenas seu trabalho durante a semana lhe salvava, mas voltaria e colocaria sua máscara de sorrisos.

- Já estou com saudades, mãe - Confessou Maria Fernanda.

- Eu também, meu amor - Sorriu triste - Mas a semana passará rápido e logo estaremos juntas de novo - Garantiu, deixando um beijo no topo da cabeça da adolescente.

- Quero que chegue logo o próximo fim de semana - Comentou Eduarda, com ansiedade, enquanto brincava com a manga da camisa de sua mãe.

- Vai chegar, meu bem - Simone a abraçou pelos ombros calorosamente.

- O pai vai vir almoçar ou só vem na hora de te levar? - Questionou, Fernanda, incomodada com as duas ideias.

- Só na hora de me levar - Contou enquanto um nó já se formava em sua garganta.

- Ainda bem! - Respondeu, Eduarda, um pouco mais animada - Não gosto do jeito que o papai te trata - Admitiu.

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