Navegando entre memórias: 32

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Feixes de luz invadiam o quarto por brechas na cortina da janela. Haddad despertou lentamente, respirando pesado, com o encadear intenso nos olhos. Se moveu devagar, para deixar a cama, porém parou em seu caminho ao sentir a cabeça da morena em seu peito e suas mãos quentes sob seu abdômen. Ela o abraçava com um carinho singular, mesmo por cima de seu sereno sono, e isso o desmoronou.

Com cautela e timidez penteou os cabelos escuros com a ponta dos dedos, eram sedosos e caiam graciosamente por seu rosto. Tocou com a ponta de seu nariz o topo da cabeça dela e respirou o perfume doce ali, era um cheiro viciante todo dela. Seu braço trouxe o calor do corpo dela mais perto do seu, com cuidado para não acordá-la, e a paz tomou ainda mais seu ser confuso. Acariciou sua bochecha rosada com o polegar e sorriu bobo. Ela é linda, cada detalhe seu parecia o deixar mais encantado. Era impossível não ser cativado por sua essência apaixonante.

- Como posso evitar me apaixonar por você?

Era incompreensível estar tão entregue a uma pessoa que mal conhece, mesmo que sua pele sentisse um choque eletrizante em tão somente vislumbrar a ter em seus braços. Seu coração pertencia aquela mulher, sua voz era saudade, seu corpo uma perdição familiar, seus olhos um universo particular, sua boca uma intriga de desejos e seu toque um remanso de memórias ocultas.

Queria lembrar dela em sua mente, mas em seu coração jamais a esqueceu. A sensação de estar com ela não se comparava a nada naquela vida. A morena era única e o dominava. Sua respiração tranquila o hipnotizava e desejou ardentemente comê-la à beijos quando seus olhos castanhos aprisionaram os dele e seus lábios esboçaram um sorriso que o mergulhou em um amor latente e vivo.

- Bom dia, Fernando... - Tapou a boca para bocejar e descansou o queixo no peito dele.

- Bom dia, Simone - Ele sentiu-se absurdamente enlaçado por sua voz mansa.

- Se sente melhor? - Com genuíno cuidado o questionou, sua mão acariciou devagar os fios de cabelo que tanto fazia falta em seu travesseiro.

- Deve ser impossível não se sentir melhor perto de você - Suspirou quando ela massageou seu peito e riu rouca.

- Você pode ter esquecido muitas coisas com esse acidente, mas ser exagerado não foi uma delas - Brincou e deixou um beijo inocente por cima da camisa dele.

- Estou falando sério. - Riu quando ela revirou os olhos e aquilo lhe pareceu tranquilamente familiar.

- Quer tomar café da manhã? Aposto que está com fome.

Ela comentou, prestes a levantar, apesar de não querer sair de perto dele e de seu calor que provocava uma ausência dilacerante em seus braços e em sua cama. Era uma alegria imensa o ter de volta, mesmo que parcialmente. Quando despertou, com ele a admirando, como um dia fizera, seu coração escapou de seu próprio peito e voltou às mãos dele. Se esforçava para o esquecer, para se afastar e assim o manter seguro, mas falhava miseravelmente com apenas um pedido do mesmo.

Estava entregue a ele e não podia sequer cumprir suas próprias promessas se ele a tocasse. Era sua queda, a arma que a fazia desabar, o amor que ainda carregava por ele. Quando viu aquela paixão adormecida nas pupilas que tanto a afogava seu mundo parou. Ele a segurou perto, não a deixando levantar, e seus corpos estremeceram rapidamente com o contato intenso.

- Eu quero você... minha fome só se mata na sua boca - Afirmou, convicto, com um braço segurando a cintura dela.

Paralisou ao ouvir as palavras dele, seu olhar fixo e cheio de vontades sob o dela, uma mão quente em seu rosto. A mulher inspirou todo o ar daquele quarto que começava a ficar insuportavelmente ardente. Uma mão sua estava em seu peito e a outra em seu abdômen, ela sentia um desejo desesperador de invadir a camisa dele e percorrer toda extensão de pele para matar suas saudades de sentir seu calor entre os dedos. Podia sentir o coração dele batendo desenfreado junto ao seu, seus seios estavam pressionados contra o peitoral dele.

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