Cᥲρίtᥙᥣ᥆ - 03

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Apesar de sua sugestão, Sitwat não fez muito para permitir que Xiao Zhan dormisse. Agora que ele tinha um público cativo, o PA passava a maior parte do tempo fazendo perguntas sobre como atuar na China e o que ele deveria fazer para conseguir um emprego lá. Xiao Zhan respondeu com a paciência carregada de culpa de alguém que precisa expiar. Não teria sido tão ruim se as perguntas tomassem a forma de uma conversa contínua, mas Sitwat parecia preferir a parcimônia, dando a Zhan tempo suficiente para adormecer entre as perguntas apenas para despertá-lo com a próxima. Quando ele finalmente conseguiu descansar ininterruptamente, logo foi acordado pelo jovem balançando o joelho no banco da frente.

— Chegamos, senhor Xiao, senhor! — ele disse com seu sorriso habitual.

Zhan piscou e olhou em volta. O motorista já havia descido e, pelo barulho, descarregava as malas. Uma espiada rápida pela janela não revelou muito sobre onde era “aqui”. Ele se espreguiçou, sentindo-se completamente destruído, e saiu. O calor úmido o atingiu com todo o seu peso. Sua garganta subiu e ele respirou fundo para tentar controlá-la.

— Onde estamos?

— Nok Airfield. — respondeu Sitwat.

Isso não significava nada para Zhan, e ele estava cansado demais para perguntar.

O motorista deixou cair as malas aos seus pés sem cerimônia e voltou para o carro. Ele abaixou a janela do lado do passageiro e latiu algo para Sitwat, ao que este respondeu com uma voz cortada antes de voltar para sua carga.

— Entre e pergunte por Craig. Ele vai levar você para o aeroporto de Suvarnabhumi.

— Você não vem comigo? —  perguntou Zhan, em pânico.

Sitwat balançou a cabeça.

— Eu tenho que voltar para ajudar o resto da produção. Você vai ficar bem. Vejo você!

Ele deu um tapinha tranquilizador no braço de Zhan duas vezes e voltou para o carro. Eles estavam a caminho antes que ele pudesse protestar. Preso, de ressaca e sem um telefone funcionando, Zhan não teve muita escolha a não ser confiar que quem quer que fosse “Craig”, ele realmente o esperava.

Ao pegar sua bagagem, ele notou uma sacola de papel branco com um laço vermelho. O presente. A visão disso trouxe de volta uma onda de vergonha pelo que ele havia feito. Ele resolveu dar uma olhada mais tarde, quando estivesse no estado de espírito certo para apreciá-lo.

— O que provavelmente nunca acontecerá. — ele murmurou ao entrar em um prédio caiado de branco.

O interior era bastante escuro. Ele piscou algumas vezes antes de seus olhos se ajustarem. Bem acima, ventiladores de teto giravam com um zumbido lento, fazendo pouco para dispersar o calor. A sala era escassamente mobiliada com sofás baixos e mesas de centro de teca que teriam parecido mais em casa em um filme dos anos 70. Uma jovem estava sentada em uma mesa, olhando para o telefone. Ela não olhou para cima quando ele limpou a garganta. Ele se aproximou.

— Desculpe-me. — disse ele, usando seu tailandês limitado.

Ela olhou para cima de sua tela por um momento para dar uma olhada nele, então voltou seus olhos para o dispositivo.

— CRAIG! — ela gritou de repente, assustando-o.

Um grunhido veio de trás dele. Zhan se virou para ver um cabelo loiro de aparência desalinhada surgir de trás de um dos sofás.

A garota disse algo para ele em tailandês, e o homem, avistando Zhan, sorriu e se levantou. Ele se espreguiçou e bocejou.

— Você deve ser Zhan. — ele disse com um forte sotaque australiano enquanto fechava a distância entre eles.

Tudo o que nós Prezamos • Yizhan !Onde histórias criam vida. Descubra agora