Tudo o que nós Prezamos • Yizhan !

Cᥲρίtᥙᥣ᥆ - 67

Xiao Zhan desligou a ligação, fechou o laptop e, apoiando os cotovelos na mesa, enterrou o rosto nas mãos e chorou. Era tanta informação para assimilar de uma só vez e uma montanha-russa de emoções que ele não tinha certeza de como lidar com tudo isso. Ele sentiu alívio e medo, tristeza e amor. Era uma bagunça tão grande que ele sabia que precisaria de tempo para processar tudo. Embora ele agora tivesse o começo de uma explicação para seu comportamento, ele ainda não achava que era o suficiente para desculpá-lo. As consequências e a dor causadas por suas ações eram reais e ainda precisavam ser tratadas. Mas todo esse trabalho mental teria que esperar; ele precisava verificar Yibo.

Xiao Zhan sentou-se e respirou fundo para se recompor. Então, quando sentiu que estava suficientemente recuperado, limpou o rosto com a manga, assoou o nariz e dirigiu-se para a parte principal da casa. Ao atravessar a sala, ele viu que Chiyou estava mais uma vez sentada na plataforma de madeira do lado de fora, só que desta vez ela estava falando ao telefone. Com WiFi, essa mulher realmente era imparável. Embora, pela leveza de sua postura e vivacidade de seus gestos, ele tivesse a sensação de que ela estava conversando com o Dr. Park. O homem realmente era seu porto seguro. Yibo seria dele novamente?

Xiao Zhan espiou o quarto que eles dividiram na noite anterior, mas não viu ninguém. Ele não pôde deixar de sentir uma pontada no coração ao ver os dois conjuntos de lençóis dobrados - embora não muito bem - e empurrados contra a parede. O Yibo, geralmente bagunçado, fez um esforço para arrumar para ele? Ou ele guardou as camas para significar que seu tempo juntos havia chegado ao fim? Ele suspirou. O último era mais provável.

Xiao Zhan verificou o quarto de Yibo, mas ele também não estava lá. Havia mais três portas no corredor, mas depois de inspecioná-las uma a uma, ele encontrou apenas duas vazias e uma cheia de bugigangas e móveis quebrados. Ele voltou para a sala de estar.

Para onde Yibo foi? Ele estava lá fora? Ele tinha certeza de que teria notado se o homem tivesse aberto a porta da frente. As janelas desta sala eram grandes o suficiente para serem usadas como portas, mas ele estava convencido de que Chiyou não estaria conversando alegremente ao telefone se Yibo tivesse passado por ela no estado em que estava quando saiu.

Xiao Zhan estava prestes a voltar para a cozinha quando ouviu um leve rangido. Ele apurou os ouvidos e, depois de ouvir por um tempo, determinou que vinha do quarto de Yibo. Ele voltou a ela e, à primeira vista, não parecia ser diferente de antes. Pensando que devia ter ouvido mal, ele estava prestes a sair novamente quando uma brisa fez o que ele supôs ser a porta de um armário balançar ruidosamente em suas dobradiças não lubrificadas. Xiao Zhan se aproximou e abriu. Ele ficou surpreso ao ver que levava a uma estreita passarela de madeira que corria ao longo dos fundos da casa. Contra a parede da propriedade, à sua direita, havia inúmeros potes de kimchi marrom escuro de tamanhos variados sobre uma plataforma de pedra. Ao lado deles havia uma pequena construção que deve ter sido o depósito principal da casa em algum momento. Sua porta estava entreaberta, e apesar da melodia abafada do mar enchendo o ar, ele podia ouvir levemente o som inconfundível do choro de Yibo. O homem deve ter tido tempo de explorar a casa antes de Xiao Zhan chegar e sem dúvida escolheu este espaço para se esconder, pensando que não seria encontrado.

Como ele não estava usando sapatos, Xiao Zhan caminhou na passarela de madeira o máximo que pôde antes de cruzar para o prédio de armazenamento em alguns passos longos. Ele hesitou em frente à porta por um momento. Já que Yibo escolheu um local tão isolado para ceder às suas emoções, isso significava que ele não queria que Xiao Zhan se envolvesse? Ele estaria se intrometendo caso entrasse?

Ele balançou sua cabeça. Mais uma vez, ele estava assumindo em vez de seguir seus sentimentos. Isso não faria. Se o homem quisesse que ele fosse embora, ele diria. Ele abriu a porta e seu coração, que a essa altura já havia se partido com tanta frequência que deveria ter sido completamente pulverizado, partiu-se novamente.