Tudo o que nós Prezamos • Yizhan !

Cᥲρίtᥙᥣ᥆ - 05

Xiao Zhan congelou. Certamente ele tinha ouvido mal. Atordoado, ele desligou o fogo e se aproximou da TV. Ele assistiu horrorizado enquanto a filmagem da cena do acidente preenchia a tela, fotos de Yibo e seu colega de banda no canto superior esquerdo. 

“Testemunhas no local ligaram para os serviços de emergência logo após o incidente, e os dois homens foram levados às pressas para o Asan Medical Center. De acordo com uma liberação preliminar do hospital, o Sr. Zhou sofreu ferimentos leves e deve receber alta em breve. O Sr. Wang está atualmente na UTI e está em estado crítico. O motorista do caminhão ainda não foi identificado. A Agência de Polícia Metropolitana de Seul emitiu uma chamada aberta para informações. As famílias dos Srs. Zhou e Wang pedem gentilmente que os fãs mostrem moderação e respeitem a privacidade das vítimas. Iremos atualizá-lo conforme mais informações forem lançadas.”

O número de telefone da Agência de Polícia Metropolitana de Seul apareceu na tela antes do programa cortar para um intervalo comercial.

Sua visão escureceu nas bordas, e seus joelhos dobraram sob ele. O tempo desacelerou. Ele se pegou no sofá no último minuto e caiu no chão. Ele olhou para a TV, sem ver. Em sua mente, a grotesca justaposição do rosto sorridente de Yibo e da cena se repetia. Isso não poderia ser real. Certamente… Isso… Isso tinha que ser um erro. Seu corpo tremeu. Ele se abraçou. Isso não era real. Não poderia ser real. Porém, por mais que ele quisesse negar a realidade, a parte racional de seu cérebro gritava. A motocicleta. Você sabe. Você já viu isso antes. É dele.

— Não!... — sussurrou Xiao Zhan, fechando os olhos com força, isolando-se do mundo.

Também sinto saudade. Cuidado na estrada.

— Não. Não não! — ele gritou.

Lágrimas escaparam de seus olhos. Ele agarrou a cabeça com as mãos, os dedos cavando na pele do couro cabeludo, e se inclinou para frente, o peso do medo na boca do estômago puxando-o inexoravelmente. 

— Ah-Yi... — ele choramingou.

Ele desejou uma escuridão insondável, a promessa do esquecimento, mas sua mente permaneceu afiada. Cada detalhe foi gravado em seu cérebro com perfeição, cada um deles sendo rapidamente analisado para se transformar em tantas fontes de culpa distorcida.

Você poderia ter evitado isso, dizia. Você poderia ter evitado isso e não o fez.

Como se aquela mensagem pudesse impedir algo.

Uma batida na porta forçou Xiao Zhan a sair de seu círculo infernal e voltar à realidade de seu apartamento. Ele segurou as lágrimas por um momento e escutou. Houve a batida novamente. Ele olhou para o relógio. Era quase uma da manhã. Quem poderia ser? Seu coração deu um pulo ao pensar que talvez fosse Yibo afinal, e tudo isso tinha sido algum tipo de mal-entendido, mas a esperança não durou mais do que uma fração de segundo. Ele não era criança para se enganar tão facilmente.

As batidas na porta ficaram mais insistentes. Usando o sofá como apoio, Xiao Zhan se levantou trêmulo. Ele enxugou o rosto e o nariz o melhor que pôde com as mangas do suéter. Ele deu uma olhada rápida pelo olho mágico, esperando não ter incomodado um vizinho com sua explosão emocional. Em vez disso, ele ficou surpreso ao ver seu gerente parado na frente de sua porta, pasta na mão. Ele rapidamente enxugou o rosto novamente e respirou fundo antes de abrir a porta.

— Bom... — ele começou.

Antes que ele pudesse terminar, ela já havia tirado os sapatos e passou por ele sem tirar a jaqueta.

— Você voltou. Bom. Por que você não me mandou uma mensagem? Você deveria guardar essas sacolas. — ela disse de uma vez.

Xiao Zhan fechou a porta e caminhou para encontrá-la. Ela já estava na cozinha.