Tudo o que nós Prezamos • Yizhan !

Cᥲρίtᥙᥣ᥆ - 28

O tempo de volta para casa de Xiao Zhan tinha sido um borrão. Ele havia perdido a conta de quantos programas de variedades havia participado, mas isso não era novidade. Chiyou gostava de empacotar sua agenda de fim de ano para poder aproveitar uma folga adequada de janeiro a março. Quando tinha sorte, a única coisa que atrapalhava suas férias eram os trabalhos relacionados ao Ano Novo Chinês. No entanto, este ano seria diferente, pois ela havia encontrado para ele um papel menor em um drama coreano e, após o sucesso de sua colaboração de última hora, a empresa coreana de cosméticos com a qual ele havia trabalhado em dezembro agora queria contratar seus serviços para sua campanha de primavera. Chiyou havia orquestrado tudo isso para dar a ele um motivo para ficar na Coréia, e ele mais uma vez ficou surpreso com o apoio inabalável dela. Embora ele estivesse grato por todo o seu trabalho árduo em permitir a continuação de um relacionamento que ela tinha apenas uma vaga compreensão,

As palavras que ele dissera a Yibo haviam deixado em seu rastro um turbilhão do qual sua mente não conseguia se livrar. Ao ouvir Yibo perguntar por que ele estava ao seu lado e por que havia usado um diminutivo afetuoso para se referir a ele, Zhan, em estado de choque, se virou e saiu. Ele não esperou pela explicação de tia Wang. Ele não precisava. Ele sabia que ela diria algo sobre eles serem amigos íntimos. Talvez ela explicasse como Zhan-Ge esteve ao seu lado e cuidou dele. Talvez. Mas essa não era a parte do relacionamento deles que realmente importava. Apenas Xiao Zhan e Yibo sabiam o que realmente os conectava, e agora havia uma forte possibilidade de que apenas o primeiro carregasse esse conhecimento.

Nos primeiros dias após seu retorno, a mente de Xiao Zhan girava em círculos com perguntas incessantes. Yibo estava simplesmente confuso por causa das drogas? Ele realmente se esqueceu dele? E se sim, quanto ele havia esquecido? Ele parecia saber de ele, então isso significava que ele havia perdido apenas parte de sua memória? Em caso afirmativo, quão longe ele havia perdido? Será que algum dia voltaria? Quanto tempo isso levaria? Nos dias em que estava um pouco mais descansado, as respostas eram positivas. A memória de Yibo voltaria. Mesmo que ele tivesse esquecido dele, eles sempre poderiam criar novas memórias. Tudo acabaria bem. No entanto, com o passar do tempo, esses pensamentos otimistas tornaram-se cada vez mais raros. Inevitavelmente, à medida que o cansaço se acumulava, as respostas a essas interrogações se tornavam cada vez mais negativas. Yibo deve ter perdido toda a memória dele. Isso significava que ele não se lembrava de nada sobre o tempo que passaram juntos. Era improvável que sua memória voltasse. Essa visão pessimista foi reforçada por todos os casos em que Yibo se esquivou ou evitou seu toque. Para Xiao Zhan, teria sido relativamente fácil obter as respostas reais para a maioria de suas perguntas. Ele poderia simplesmente ter mandado uma mensagem para a tia Wang e perguntado exatamente o que estava acontecendo, mas, assim como adiou a ligação após o acidente, ele se apegou à crença equivocada de que quanto mais esperasse, menos chance havia de seu medos se transformando em realidade. Ele compôs muitas mensagens apenas para apagá-las sem enviá-las. O fato de que nas poucas vezes que ela mandou uma mensagem para atualizá-lo sobre a saúde de Yibo, ela nunca mencionou sua perda de memória, apenas o encorajou a acreditar que ela não queria que ele ficasse triste e estava mantendo as coisas em segredo. Em raros momentos de clareza, ele percebia que nada disso fazia sentido, mas nunca duravam o suficiente para permitir que ele chegasse a conclusões racionais e agisse. 

Para piorar a situação, Yibo era um personagem bem conhecido na indústria do entretenimento e, ao longo de seu trabalho, Xiao Zhan foi constantemente abordado por vários cantores, atores e outras personalidades que, tendo ouvido falar do acidente e de sua presença na Coréia, queria saber como Yibo estava. Cada interação levantou a mesma questão na mente de Zhan: “Ah-Yi saberia quem você é?” A partir daí, ele tentaria adivinhar há quanto tempo a pessoa conhecia Yibo em um exercício inútil para descobrir quanto de sua memória realmente havia desaparecido. Cada vez que seu cálculo arbitrário dizia que Yibo provavelmente se lembraria deles, ele não podia deixar de sentir um pouco de ciúme. Ele sabia que esse era um comportamento muito prejudicial à saúde, mas não conseguiu evitar. A situação toda parecia muito injusta. Ele mereceu ser o mais lembrado. Ele era o que mais importava.