Tudo o que nós Prezamos • Yizhan !

Cᥲρίtᥙᥣ᥆ - 50

Xiao Zhan segurou o telefone com os dedos trêmulos e olhou para a mensagem. Como... Como Yibo conseguiu mandar uma mensagem para ele? Ele verificou novamente o remetente. 

— Ah-Yi...

Não havia dúvida possível. Isso foi enviado por Yibo. Ou, pelo menos, foi enviado de seu telefone. Ele não conseguia imaginar por que alguém enviaria tal mensagem para ele, então tinha que ser ele. Mas como?

Xiao Zhan de repente percebeu que, enquanto estava no hospital, nunca tinha visto o telefone do homem. Inconscientemente, ele presumiu que não havia sobrevivido ao acidente, o frágil dispositivo sem dúvida destruído com o impacto. Mas e se não tivesse? É verdade que seu traumatismo craniano significava que Yibo não conseguia olhar para as telas, mas o dispositivo poderia estar guardado em uma gaveta ou na mesinha de cabeceira, não? Se fosse esse o caso, no entanto, por que ele nunca o tinha visto?

Tia Wang também nunca havia mencionado o telefone de Yibo, e ele só a vira usando o dela. Ele também lembrou que também não o tinha visto na delegacia quando recuperou os pertences de Yibo. Seria de se esperar que estivesse ali ao lado de sua carteira. Será que Zhou ou sua família o pegaram por acidente? Mas se fosse esse o caso, ele não teria devolvido quando o visitou depois de receber alta em dezembro?

Xiao Zhan não conseguia entender nada disso, mas o que mais o incomodava era que Yibo havia usado as palavras “ainda” e “também”. Ele estava claramente se referindo a algo que Xiao Zhan havia dito, mas não conseguia se lembrar de ter dito a ele que sentia sua falta. Tia Wang poderia ter dito ao filho que Xiao Zhan sentia falta dele quando ela disse que ele não iria ao hospital afinal? Era uma boa esperança para se agarrar, mas não fazia sentido. Por que, depois de implorar para ele ficar longe de Yibo, ela teria dito algo assim? Era mais lógico pensar que ela havia dito que ele estava ocupado ou, pior, nada.

Isso estava ligado a outra coisa que ele não conseguia entender: o tom da mensagem. Não parecia triste ou com raiva. Em vez disso, era como se Yibo não soubesse que ele não voltaria e estava apenas dizendo a ele que estava ansioso para vê-lo novamente. Ou era a isso que aquele “ainda” se referia? Era para dizer: “apesar de tudo isso, continuo sentindo sua falta e quero que você volte para mim, aconteça o que acontecer”? Mas esse pequeno raio de esperança se dissipou rapidamente ao levar em consideração a outra palavra inexplicada, “também”. O que isso significa? Não se encaixava neste contexto.

Xiao Zhan continuou mudando o dispositivo para que a tela ligasse novamente, mas ele estava com medo de mudar de posição por medo de abrir a mensagem. Ele não tinha certeza se o que podia ver era tudo ou se havia mais, mas não queria arriscar enviar uma notificação de “lido”. Ele não queria que Yibo soubesse que tinha visto a mensagem porque estava dividido. Por um lado, ele não queria nada mais do que responder e contar tudo a Yibo. Queria ligar para ele e ouvir sua voz. Ele queria que lhe dissessem que tudo ficaria bem. Ele sabia que era a única coisa que aliviaria sua dor de cabeça.

Por outro lado, ele havia feito uma promessa a tia Wang e, por mais que isso lhe custasse, pretendia cumpri-la. Ele sabia que, objetivamente, um relacionamento com Yibo colocaria os dois em risco e que, a longo prazo, esse provavelmente seria o curso de ação mais seguro para garantir ao homem um futuro brilhante. Sendo este um pensamento racional, não significava que não rasgasse seu coração em pedaços.

Xiao Zhan foi trazido de volta à realidade pela voz de sua mãe gritando que o jantar estava pronto do pé da escada. Não querendo que ela perdesse a paciência e subisse só para vê-lo assim, ele rapidamente se levantou e cuidadosamente colocou o telefone na cama antes de enxugar o último vestígio de lágrimas em seu rosto. Ele sabia que iria ponderar sobre esse enigma durante o jantar e depois, mas agora, pelo menos, ele tinha outra coisa além de dor em mente.