Cᥲρίtᥙᥣ᥆ - 16

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A consciência de Xiao Zhan fluiu e refluiu, a escuridão total seguida por uma luz ofuscante. Como se estivesse preso debaixo d'água, sua percepção do mundo distorceu. Sempre que ele sentia que estava prestes a romper a superfície, algo o puxava de volta para o fundo. Os sonhos falharam em se materializar neste vazio, substituídos por imagens e impressões difusas que ele conseguiu reunir em raros momentos de quase-consciência. Em um desses momentos, ele poderia jurar que tinha visto o rosto de Chiyou acima do dele, seus cachos castanhos emoldurando seu rosto preocupado. Mas então, tudo se desvaneceu ao nada mais uma vez.

A realidade puxou sua mente novamente. Desta vez, a atração foi forte o suficiente para ele finalmente emergir. No entanto, suas pálpebras eram de chumbo. Sentindo que não tinha forças para levantá-los, ele escutou por um momento. Parecia haver máquinas apitando à distância e vozes falando sem sentido. Este último o deixou inquieto e um pouco enjoado. Ele havia perdido a capacidade de entender as palavras? Mas ele não estava pensando com palavras neste exato momento? Confuso, ele franziu as sobrancelhas. Ele precisava ver para investigar mais. Com grande esforço, ele abriu um olho. Tudo era branco. Levou um momento para perceber que estava olhando para o teto. Lentamente, ele virou a cabeça para um lado. O mundo agora era cor de menta. Onde ele estava? Ele endireitou a cabeça, sentindo-se exausto. Olhar para o outro lado parecia uma tarefa hercúlea, então ele desistiu da ideia e fechou o olho novamente. Talvez ele simplesmente se deixasse afundar novamente. 

— Ah-Xiao? Ah-Xiao, você está acordado?

A voz soou familiar. Xiao Zhan suspirou alto e relutantemente reuniu forças para virar a cabeça na direção de onde o som veio. Ele forçou a abertura de ambos os olhos. A forma difusa de uma mulher lentamente entrou em foco o suficiente para ele entender que este era seu gerente.

— Chiyou... — ele disse com uma voz sonolenta.

Ela sorriu para ele suavemente.

— Ei, dorminhoco! — disse ela antes de estender a mão para algo fora de seu campo de visão.

Ele ouviu um zumbido baixo e sentiu seu corpo se mover lentamente para uma posição sentada. A névoa em sua mente diminuiu apenas o suficiente para fazê-lo perceber que estava em uma cama de hospital. Ele piscou e olhou ao redor. O que ele estava fazendo aqui? Quando seus olhos finalmente pousaram em Chiyou novamente, ele não pôde deixar de sentir que havia algo diferente nela. No entanto, ele não conseguia descobrir o quê. Ele franziu a testa, tentando se lembrar do que havia acontecido antes que ele acabasse aqui, mas seus pensamentos ainda estavam muito confusos para que ele pudesse entendê-los.

— Como você está se sentindo? —  Chiou perguntou.

— Minha boca tem um gosto estranho... — disse ele.

A mulher entregou-lhe um copo de papel cheio de água. Ele bebeu muito rápido e engasgou. Ela pegou o copo dele.

— Você esteve submerso por um tempo. Não se apresse. — ela disse, colocando a xícara em uma mesa lateral.

De repente, como se um interruptor tivesse sido ligado, suas lembranças do acidente e tudo o que se seguiu o atingiram com uma clareza vertiginosa. Yibo. Ele estava bem?

Xiao Zhan finalmente parou de tossir e se virou para seu gerente. De repente, ele percebeu o que estava diferente. O cabelo dela. Seu cabelo estava errado. Quando ele a viu pela última vez, e em sua vaga lembrança dela, ela tinha seus cachos castanhos na altura dos ombros. Mas agora... Agora ela tinha cabelos pretos longos e lisos que caíam em cascata quase até a cintura. Seu corpo ficou quente e seu rosto enrugado.

— Você está com dor? O que está errado? — perguntou Chiyou, que tinha seguido sua rápida sucessão de expressões.

— Eu estava em coma? — ele perguntou com a voz chorosa.

Tudo o que nós Prezamos • Yizhan !Onde histórias criam vida. Descubra agora